
Pela primeira vez, decidimos fazer uma pequena escapadela a sós, sem as crianças – e Veneza foi o destino escolhido.
O facto de termos tido que preparar toda a “logística” para que isso pudesse acontecer, e toda a preocupação a isso associada, levou a que nem sequer tivéssemos feito grande preparação ou tido tempo para gerar expectativas. O que, no fim, teve o seu lado bom – foram bem superadas.
Veneza é um cliché por excelentes motivos. É belíssima. A arquitetura tradicional está completamente preservada, e o simples facto de não haver trânsito automóvel, e de tudo o que é essencial se “transformar” em via marítima – barco polícia, barco ambulância, barco táxi, barco camião do lixo… e por aí fora – já é suficiente para deixar qualquer pessoa não habituada a essa realidade absolutamente deslumbrada.
A experiência começa logo no aeroporto (Marco Polo), que desemboca diretamente na água.
Alguns passos por um túnel e temos à nossa disposição os táxis aquáticos ou os shuttles que nos transportam até às ilhas – são um pouco demorados (cerca de uma hora até à ilha “principal”), mas muito mais baratos, e foi por aí que fomos.
Ficámos na região de Castello, no Palazzo Schiavoni – mais um edifício tradicional convertido em alojamento, muito confortável, suficientemente perto de várias atrações para irmos sempre a pé, mas ao mesmo tempo suficientemente afastado para ser um sítio tranquilo.
Mais do que os monumentos – que são de facto impressionantes – o ponto alto foi mesmo deambular livremente pela cidade, meio sem rumo nem destino. É fácil orientarmo-nos, com placas frequentes a indicar “Per Rialto” ou “Per San Marco”, que funcionam como bússolas improvisadas para perceber mais ou menos onde estamos e para onde vamos.
Ficamos na dúvida se valia mesmo a pena fazer um passeio de gôndola ou não, até porque o tempo estava relativamente instável e uma chuva miúda ia caindo com frequência, mas no dia despedida decidimos não “ir a Roma sem ver o papa”, e acabou por valer a pena para ter mais essa experiência, e aprender um pouco mais sobre a história desses famosos barcos.
Comemos muito bem em praticamente todo o lado, mas destaco dois sítios:
🍝Baccarandino, pertíssimo do nosso alojamento — comida típica italiana numa versão mais contemporânea. A Irina comeu a melhor carbonara da vida, com um bacon de textura surpreendente e que derretia instantaneamente na boca.
🍕Uma pizzaria bem no centro chamada Antico Forno — nada fancy, só um pequeno balcão onde servem o que eles chamam de Pizzaccia, pizza em pão de focaccia. Não sei se é insultuoso para os mais puristas, mas achei incrível. Servem também um tiramisù caseiro delicioso (e nem sou – ou era – muito fã de tiramisù).
Fora alguns tours específicos que iam aparecendo, não apanhámos grandes multidões, o que foi excelente e contribuiu muito para termos adorado a experiência. Acho que mesmo em épocas de maior afluência, uma opção excelente para “fugir” da multidão é visitar as ilhas mais pequenas de Burano e Murano.

Pode ser num tour de barco específico, ou simplesmente apanhando os vaporettos (os “autocarros” marinhos da cidade). A primeira destaca-se pela arte tradicional do vidro soprado; a segunda, pelas casinhas coloridas — dizem que essa tradição surgiu da necessidade dos pescadores identificarem as suas casas quando regressavam de madrugada, com pouca luz.
Em suma, vale muito a pena conhecer a Sereníssima. E diria até que vale a pena revisitar e rever um dia.