Já sabia que o Ryan Coogler e o Michael B. Jordan estavam com um filme novo. Sabia que era de época, que o MBJ interpretava dois papéis simultâneos (irmãos gémeos), e que, de alguma forma, a música era central à trama. Não sabia mais nada, mas sabia que tinha de ver, e de preferência no cinema.
Na verdade, procurei deliberadamente não saber mais nada – vi um post do Nuno Markl a referir que o seu amigo Filipe Melo tinha sugerido que ele fosse ver o filme sabendo o mínimo possível, e achei uma grande ideia. Confio cada vez menos na opinião coletiva do IMDb e das redes sociais desta vida. Acho que elas toldam e limitam a nossa predisposição para viver as experiências cinematográficas, e para termos a nossa própria opinião sem enviesamento.
Dito isto, é de longe a melhor parceria entre o realizador e o protagonista (se bem que é discutível quem é o verdadeiro protagonista da história…), e foi dos filmes que mais gostei de ver nos últimos anos. Por vários motivos.
Para começar, eu adoro o subgénero de filmes de vampiros, e tem sido um dos que mais levou porrada nos últimos anos com filmes de qualidade duvidosa. Surgir algo que venha contrariar essa tendência já é incrível.
Todo o elenco é muito bom e tem uma grande química em conjunto, mas não há como não destacar o estreante Miles Caton, tanto pela presença como pela tremenda voz que lhe sai da alma. Fechando os olhos, seria difícil acreditar que se trata de um rapaz de 20 anos, e não de um bluesman mais que vivido.
Apesar da inspiração em vários filmes ser óbvia (From Dusk Till Dawn, Django, e por aí vai), isso importa muito pouco quando a mistura final consegue ser tão boa, e até bastante original – a cena musical em que vários espíritos do passado e do futuro são invocados e dançam juntos é simplesmente mágica, e só por ela já vale a pena ir ao cinema.
Para ver de peito aberto.