Mês: Abril 2012

  • Leões e Leones

    Há muito tempo que eu não falo aqui de futebol, apesar de andar contente e de me dar um gozo tremendo ver um dos meus ídolos vibrando como treinador do Sporting.

    Também não é desta que vou me alongar muito, mas quero partilhar este documentário de um canal de televisão basco sobre o duelo entre os dois leões, que também é muito sobre Lisboa e sobre a forma como os bascos olham para nós (e um bocado do vice-versa).

    P.S.: Troco um dedo mindinho do pé por viagem e bilhete para o jogo em San Mamés.


    Duelo de leones-Sporting de portugal… por woodysons

  • Para Seguir Minha Jornada – Almanaque Chico Buarque

    chico buarque e tom jobim

    Ao longo de vários anos, uma tia do Chico Buarque foi recolhendo todo o material que encontrava sobre o sobrinho e arquivando. Quando ela morreu, Miúcha, a irmã mais famosa de Chico, herdou o “baú” e repassou-o à jornalista e escritora Regina Zappa, que o digeriu e com ele fez este livro.

    Leitura bastante agradável e indissociável da própria história brasileira dos anos 60 até aos dias de hoje, passando pelo nascimento da bossa nova, da jovem guarda e do tropicalismo, relembrando as atrocidades da ditadura militar que forçou o seu exílio, as raízes do PT e de Lula, e até coisas bem mais remotas, como a chegada de Arnau de Hollanda ao Brasil em 1535, 180 anos antes do primeiro Buarque.

    Apesar de se tornar algo repetitivo em alguns pontos, contando as mesmas histórias ou opiniões de forma diferente, na maior parte do tempo é muito interessante viajar pelos diversos acontecimentos que o foram moldando enquanto artista e pessoa, e descobrindo também algumas facetas menos conhecidas.

    Agora a parte menos positiva. Comprei este livro na versão ebook para o Kindle, até porque de outra forma ainda não está disponível em Portugal. Foi a primeira vez que fiquei algo desiludido com uma versão eletrônica, não só porque grande parte das imagens de recortes de jornais, documentos e afins são ilegíveis, mesmo com zoom, como tinha algumas falhas de edição que revelam descuido ou pressa. Não borra a pintura, mas enche o saco.

  • Hot Hands

    Este dispensa grandes apresentações: um jogo clássico materializado para Android por um amigo meu.

  • Open Day

    Como é hábito por esta altura do ano, a Viatecla vai abrir as portas ao mundo na próxima 5ª feira, dia 12 de Abril.

    Entre as 9 e as 19h30 sintam-se à vontade para vir à Estrada da Algazarra conhecer o que andamos a inventar de há um ano para cá.

    Há croquetes.

  • Intouchables

    Um filme com temática bem mais ligeira do que aquele do qual falei anteriormente, mas tão ou mais brilhante dentro do seu género.

    Um jovem senegalês acabado de sair da prisão procura apenas comprovativos de entrevistas para receber o subsídio de desemprego, mas torna-se quase a contragosto auxiliar de um milionário quadriplégico. Aos trancos e barrancos vão desenvolvendo uma grande amizade, e acabam por mudar as vidas um do outro.

    As melhores qualidades desta comédia são a sua espontaneidade (é difícil de acreditar que o ator Omar Sy não seja mesmo assim na vida real) e a desdramatização, a forma natural e desprendida com que se tratam de assuntos delicados, conseguindo emocionar-nos sem recurso a demasiados clichés ou frases forçadas. Não brincar com assuntos sérios pode ser muito mais desrespeitador do que fazê-lo.

    Não dou muito tempo até que surja um remake parvo de Hollywoood…

  • We need to talk about Kevin

    Surpreendido com o primeiro filme que vejo desta realizadora escocesa.

    Kevin é um dos fantasmas dos tempos modernos, um jovem sociopata autor de um massacre na sua escola secundária. O filme alterna entre o limbo em que a sua mãe vive no presente, e o mosaico de memórias e culpas que carrega do passado, durante o crescimento da criança, e mesmo antes do seu nascimento, quando ela não o desejava.

    Falta de amor, de acompanhamento? Ou inevitavelmente o miúdo iria tornar-se um monstro? Não há respostas, até porque o filme é um exercício quase completamente visual, com poucos diálogos e com muito mais violência psicológica do que física (o massacre nunca é verdadeiramente mostrado, por exemplo).

    Uma Tilda Swinton destroçada de forma espetacular, o puto Ezra Miller a cumprir o seu papel de forma absolutamente perturbadora e o resto é trabalho de realização e cinematografia para compor o ramalhete de uma obra bastante interessante.

  • J. Edgar

    Depois do duvidoso Hereafter, este biopic sobre o polémico pioneiro diretor do FBI mostra que o Clint Eastwood não entrou em espiral descendente. Não sendo um filme arrebatador, é um retrato interessante de uma figura bastante polémica, brilhantemente interpretada pelo DiCaprio.

    Com tanto material e especulação à volta do homem, seria muito fácil ao realizador enveredar pelos caminhos da glorificação da personagem ou das teorias da conspiração, mas o que vemos é um retrato que não toma qualquer posição, mostrando simplesmente o percurso atribulado de um ser humano complexo, tanto ambicioso e egocêntrico quanto inseguro e anti-social.

    Só acho que se insiste um bocado em demasia na dúvida do closet case (no popular, bicha enrustida) que ele seria, mas não faz com que deixem de ser duas horas bem passadas.