O tempo voou desde que o primeiro filme desta série me surpreendeu, há 5 anos atrás, e vou citar-me:
Não tinha expectativas nenhumas sobre este filme quando ouvi falar da sua produção, o que só tornou melhor a experiência de ver o resultado final; assim de repente a DC lança da cartola um filme que demonstra que afinal ainda é possível fazer bom cinema com o universo dos super-heróis e da banda desenhada.
Desta vez, foi diferente. Já trazia comigo a expectativa criada pelo impacto do primeiro filme, mas também aquela desconfiança clássica sobre as sequelas de grandes êxitos. Para agravar, mesmo tentando ficar cada vez mais imune a críticas e opiniões alheias, foi difícil ignorar a avalanche de comentários negativos que este filme recebeu da crítica e do público – e de como isso inevitavelmente pinga nas redes sociais.
Mas havia um trunfo inicial que já me fazia torcer por este filme: eu adoro musicais. E quando um musical aparece neste contexto específico, não é apenas um musical. É uma aposta de risco tremenda do autor – algo que, sejamos francos, anda em falta nesta indústria e, particularmente, neste universo cinematográfico.
No final, gostei mesmo do filme. Não amei; não é nenhuma obra-prima e está longe de alcançar o impacto do primeiro. Mas também não é justo compará-los. Este é um filme diferente, uma experiência singular. Oferece momentos musicais excelentes e, se esses forem retirados, talvez fique um pouco vazio – mas porra, é um musical! – e carrega consigo aquela angústia constante que mantém a dúvida: qual será o desfecho e a mensagem final? Redenção? Esperança? Ou apenas o vazio?
Faz mais de um mês que fui com a minha primogénita ver a Dua Lipa ao festival NOS Alive, mas a performance foi tal que ainda está bem fresca na minha memória e é fácil despejar aqui a lembrança.
Faz quase uma década que fiquei fã dela, quando ouvi a música – Be the one. Não digo isto para mandar aquela de – “eu já ouvia quando ainda não era famosa” ou “agora que é hype já não gosto” – muito pelo contrário; quase tudo o que ela lança, por mais “comercial” que seja, transmite-me uma boa energia e faz-me sentir bem.
Energia é a palavra que vem logo à cabeça para descrever o show que ela deu – um verdadeiro show, com quase hora e meia dos seus êxitos mais conhecidos, uma grande (em tamanho e em talento) equipa de bailarinos e bailarinas, interações mais intimistas ou mais frenéticas com o público, numa verdadeira prova de carisma e, principalmente, de talento ao vivo e a cores.
Foi a primeira vez que fomos ao NOS Alive e não desiludiu, tirando o já expectável drama com os acessos, principalmente para a saída. Mas valeu muito a pena!
Não consigo imaginar a minha vida sem o meu pai… e não preciso.
Mesmo quando esteve distante, em Angola, no Congo, no Azerbeijão, na Rússia e em tantos outros lugares… ele esteve sempre presente, e não será diferente, de agora em diante.
Ele está sempre comigo e em mim. Na paixão por viajar, ler, aprender, conhecer verdadeiramente, sentir… no amor desmesurado pela família, e no quanto fazia questão de o relembrar diariamente… no prazer de ajudar, na resiliência, na paixão pelo Sporting… na capacidade de lutar, de resolver, de recomeçar e dar a volta ao texto (e tantas, mas tantas vezes o fez…)
Viveu pouco, mas viveu tanto, com uma intensidade tal e numa vida que se desdobrou em tantas, que dava vários livros, e quantas mais páginas houvessem mais ele surpreenderia.
Já foi em Agosto que estivemos no Algarve, mas só agora que o Verão começou verdadeiramente a dar sinais de querer ir embora é que me lembrei de escrever aqui qualquer coisa sobre as nossas férias.
Já há uns anos que íamos para fora nesta altura, mas por razões óbvias em 2020 ficamos por terras lusitanas. Não nos podemos queixar minimamente, sobre a vida em geral e sobre estas férias em particular, que não deixaram de ser espectaculares.
Estivemos uma semana na localidade de Vale Judeu, numa moradia isolada que alugamos através do AirBnB, e outra não muito longe, em Olhos de Água (não consigo escrever ou dizer este nome sem ouvir o Toy a cantar na minha cabeça…), nos apartamentos da Almondbloom, recomendados (e bem) por um amigo. Dois estilos contrastantes que deram uma variação bem interessante no roteiro.
Vou destacar aqui alguns pontos altos:
Albufeira Velha
Por um lado, foi desolador passear por esta zona em Agosto e ver tudo praticamente às moscas; por outro, foi um privilégio. É difícil abstrair dos motivos que levam a isto, mas nada a fazer senão desfrutar de uma zona de que nunca sequer tínhamos dado conta que existia em outras passagens que tivemos pelo Algarve.
Não é um Algarve imaculado nem livre de adaptações britânicas, mas mantém presente um lado pitoresco e com mais charme do que aquilo que estávamos acostumados a ver.
Passeios de Barco – Dreamwave
Já começa a parecer quase uma obrigatoriedade nas nossas férias de verão, mas a verdade é que adoramos mesmo passeios de barco e fizemos dois nesta viagem, ambos através da Dreamwave.
O primeiro era suposto ser mais relax, num veleiro de estilo pirata com passeio panorâmico e churrascada no almoço. Até acabou por ser, mas por azar marcamos para um dos poucos dias em que apanhamos um tempinho ligeiramente pior e um mar picado que fez com que estivéssemos umas boas horas só a levar porrada das ondas e sem ver nada de especial. Felizmente a churrascada lá aconteceu, numa bela praia quase isolada na zona do Carvoeiro, e acabou por ser um belo dia.
O segundo já foi num barco rápido e o objectivo era encontrar golfinhos, mas por mais boa vontade que o skipper tenha tido, andamos e andamos até onde nos foi possível e eles não quiseram nada com a gente. O ponto alto foram as visitas a diversas grutas, com destaque para a já cliché gruta de Benagil; modas à parte, nunca a tínhamos visitado e é realmente belíssima.
Olhos de Água
A pequena localidade de Olhos de Água tem um encanto especial, assim como a praia do mesmo nome. A praia é minúscula, impraticável para estas eras de distanciamento social e não é de todo das mais propícias para banhos, entre algas, pedras, baixios… mas não sei, gosto! Mais para apreciar e para os passeios noturnos, mas de qualquer das formas há imensas praias mais “praias” a 10 ou 15 minutos de carro.
Depois tem uma mistura de casas típicas e zona mais piscatória, com a praticidade de ter tudo à mão de semear sem ter que pegar no carro, vários lugares onde comer peixe bom e barato (um rodízio de peixe a 10€ em cada esquina!), tudo simples mas para mim um verdadeiro luxo.
Mercado de Loulé
Gosto bué de visitar mercados locais e o de Loulé vale bem a pena. O edifício é histórico e centenário (inaugurado em 1908), está muito bem conservado, e melhor ainda, está cheio de peixe bom, de produtos locais frescos e vende os típicos docinhos do algarve que nós adoramos a um preço bem mais baixo do que nas lojas habituais.
Fiquei tão concentrado em doces, mel e queijos, que acabei por não tirar nenhuma foto de jeito. Fica o Atum gigante acima para memória futura.
Zoomarine
Nunca tínhamos ido ao Zoomarine com as crianças e escusado dizer que eles adoraram, tanto que nos “obrigaram” a comprar o bilhete de segundo dia, que confesso que compensa; por mais 8 euros desfruta-se de mais um dia bem passado.
Sinceramente, não sou muito fã de ver golfinhos ou quaisquer outros animais aquáticos de porte em cativeiro, mas fora essa reserva pessoal (e meio incoerente, eu sei), acho que o parque aquático e as diversões estão muito bem conseguidas, e toda a organização e limpeza relativamente às medidas de prevenção do “bicho” também estavam impecáveis, nunca nos sentimos inseguros.
Dica: não sei bem porquê mas ao contrário do que seria de esperar a afluência é bem menor durante o fim de semana do que no resto da semana.
Pois é, qualquer dia tenho que fazer mesmo um spin-off deste blog só para falar de doenças mais ou menos esquisitas. Senhoras e senhores, depois das amigdalectomias, da PTI e das hérnias, apresento-vos o favismo.
Quando pensamos que já nada nos pode surpreender, eis que de um momento para o outro, numa quarta-feira de Abril como outra qualquer (tirando estarmos a meio de uma pandemia, mas isso é a tal nova normalidade), começo a sentir-me fraco. Muito fraco.
Na quinta, mais fraco ainda, mal me levantando da cama e com dores de cabeça à mistura, suspeitando já do corona-bicho ter invadido o meu corpo, e na sexta, o susto derradeiro: cada vez que ia ao WC, ao invés de mijar… mijo, saía de dentro de mim um liquído que mais se assemelhava a vinho do Porto.
Além disso, e isso foi algo em que eu nem reparei mas que assustou (ainda mais) a minha querida esposa, estava amarelo em geral e no “branco dos olhos” em particular. Telefonema para a Saúde 24 como manda a lei, encaminhamento para o Hospital Garcia da Orta, de onde só saí uma semana depois…
O diagnóstico do que tinha na altura foi bem rápido, eu estava com uma forte anemia hemolítica e aquela urina não tinha sangue, mas estava com aquela bonita cor devido aos meus glóbulos vermelhos estarem a rebentar. O motivo disso estar a acontecer é que demorou a confirmar, porque a análise em causa é relativamente rara e foi enviada para um laboratório externo, e os laboratórios neste momento estão sobrecarregados por razões óbvias; mas a primeira médica que me observou desconfiou logo do problema, e confesso que me senti num episódio do Dr. House quando ela me perguntou “comeu favas?”.
Sim, tinha comido. À bruta. Ao almoço e ao jantar, no dia anterior (sou o único aqui em casa que gosto GOSTAVA de favas).
Guilty as Charged
Então sucede que tenho favismo, uma condição genética que faz com que eu não tenha uma enzima chamada Glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e que é suposto proteger os glóbulos vermelhos de algumas substâncias existentes em certos elementos, e principalmente, nas p**** tas das favas.
Já tinha comido favas algumas vezes na vida, mas não tantas quanto isso (não é algo comum ou sequer conhecido no Brasil), e pelos vistos nunca em quantidade ou nas condições suficientes para me causar a reacção que causou desta vez.
Não cheguei ao ponto de ter que levar uma transfusão mas tive perto, tive um episódio de desmaio na primeira manhã pós-isolamento antes de vir o resultado do meu teste do covid (veio negativo), mas felizmente fui muito bem tratado no Garcia, e senti-me sempre, sempre seguro, com os milhentos cuidados e trabalhos acrescidos que eles tem neste momento devido ao covid.
Com isto descobri que essa doença existe, que vou ter que viver com ela e nunca mais ingerir ou passar perto desse alimento que outrora me fez as delícias, e que desde tempos imemoriais que ele é de má fama por causa destas e de outras, o famoso Pitágoras considerava-os inclusivé um símbolo da morte!
Tudo está bem quando acaba bem, e não posso deixar de terminar com o trocadilho mais previsível possível: calhou-me a fava.
No passado dia 14 de Fevereiro, dia dos namorados em Portugal, eu e a Irina tivemos um dos nossos últimos momentos de normalidade a dois.
Nem costumamos ligar particularmente a essa data, mas aproveitamos já termos bilhetes para o espectáculo de stand-up do Bruno Nogueira no Altice Arena e desfrutamos completamente dessa noite a dois, após tantos e tantos meses sem um momento assim.
O espectáculo em si foi muito bom, não havendo propriamente uma forma clara de descrevê-lo, sendo basicamente uma série de divagações soltas e sem filtro sobre temas mais ou menos aleatórios da actualidade e da própria vida do Bruno; hilariantes os momentos em que ele usa os próprios pais (que estavam na plateia) como alvo, sem dó nem piedade, compensando-os no fim quando os chama ao palco e pede uma ovação do público para, parafraseando, eles sentirem por uma vez o que é ter tanta gente a gostar deles.
Olhando para trás, tem o seu quê de surreal só ter passado pouco mais de um mês sobre essa data, em que apanhamos trânsito e tivemos dificuldade em estacionar como numa qualquer sexta-feira em Lisboa, jantamos sushi e estivemos despreocupadamente no meio de milhares de pessoas num Altice Arena lotado.
O ano passado só fiz isto em Janeiro, este ano já cai quase em Abril, ano que vem talvez lance em 2022 os filmes de 2020 🙂
Fora de brincadeiras, o meu top dos filmes de 2019 é bem fácil, porque não vi tantos filmes “do ano” assim. Foi um ano em que mais uma vez apostei muito em ver e re-ver clássicos (Spartacus, Psycho, Clockwork Orange, Orfeu Negro, entre outros) ainda me faltam ver alguns dos mais badalados (à cabeça, 1917, Parasitas, a Herdade), mas para manter a tradição, o meu top foi este:
Joker
Pelo filme que é, pelo que mexe comigo e pelo quanto excedeu as expectativas que tinha.
https://ygorcardoso.com/2019/11/03/joker/
Once Upon a Time in Hollywood
Porque quanto mais o vejo (já foram mais duas vezes depois do cinema), mais gosto dele.
Porque podia ficar as 3 horas e tal de filme só a ver o Joe Pesci a fazer de mafioso.
A única coisa que não me convenceu muito foram os tais efeitos de “rejuvenescimento” dos cotas, que nunca me parece ser assim tão natural, mas é algo que se torna secundário no meio da genialidade dos actores.
Uncut Gems
Porque acho que o Adam Sandler faz muito filme de merda mas não consigo deixar de nutrir alguma simpatia por ele, e por chegar ao fim deste filme e perceber que isso tem razão de ser.
Faz aqui um papel brutal que penso que merecia um hype bem maior do que aquele que teve.
Variações
Porque não fica a dever absolutamente nada a nenhum biopic “estrangeiro”.
https://ygorcardoso.com/2019/09/28/variacoes/
Klaus
Porque foi o único filme de animação que me prendeu verdadeiramente este ano, demonstrando que há sempre qualquer coisa de original que se consegue fazer com a velha fórmula natalícia de derreter um velho coração gelado.
Uma das coisas que mais gosto de fazer é escrever, mas poucas vezes partilho o que escrevo.
Durante a minha habitual viagem Corroios – Sete Rios, sem pretensão nenhuma, escrevi um micro-conto sobre sorrisos, e ele foi seleccionado para o livro de oferta natalícia dos centros comerciais Alegro.
O livro é ilustrado pelo grande Paulo Galindro, o pai do Cuquedo, e neste âmbito os CC Alegro deram um contributo para a causa da Nuvem Vitória, portanto é um orgulho triplo 🙂
Passem pelos Alegro a partir deste fim de semana para apanhar a edição final e conhecer 10 belos contos sobre sorrisos.
Photo Ark é uma exposição National Geographic que mostra como o fotógrafo Joel Sartore se tem dedicado a documentar animais em cativeiro (o “autorizado” e com fins científicos, zoo’s, aquários, institutos, etc) à volta do mundo, há mais de 10 anos. O seu objectivo é mesmo fotografar na totalidade as cerca de 12 mil espécies existentes, promover a sua conservação, alertar para a importância da protecção da biodiversidade e para o facto de que, se nada for feito, mais de metade das espécies animais podem extinguir-se em menos de um século.
Está neste momento e até ao fim de Maio de 2019 na Cordoaria Nacional, em Lisboa, e apesar de pequenina (são cerca de 100 “retratos” animais), vale pelas fotos deslumbrantes e pelo conhecimento e apoio ao projecto (27% do lucro vai directamente para esta missão).