Fazer aniversário perto da data, para mim, quase sempre significava presente conjunto – antes fosse só isso.
Na verdade, o Natal só aumentava as distâncias e as incertezas da minha infância. Saudades da família que estava próxima, mas distante geograficamente. Incapacidade de entender porque família próxima geograficamente estava distante.
Havia a incerteza sobre como seria o Natal seguinte: haveria paz? Estaria o meu pai presente, ou em meio à sua busca por estabilidade e sonhos em terras distantes?
E havia também escassez – uma memória constante que compartilho com a minha irmã é a véspera de Natal em que celebramos fritando um pacote de douradinhos. Sem lamentos – hoje percebemos que é o que precisávamos naquele dia e muito mais do que muito mais gente conseguia ter.
Tudo mudou quando fui pai. Na verdade, até antes, sendo tio. Seja porque motivo de base fútil ou comercial for, ver crianças felizes, no fundo por estarem juntas, seguras e amadas, não tem preço, e é impossível não me deixar contagiar. Ser feliz é fazer ser feliz.
Ainda existem algumas distâncias e saudades, e até mesmo incertezas, mas acima de tudo, existe gratidão, existe paz, e não escasseia o alimento que mais nutre – o amor.
Nunca gostei tanto do Natal.