Como o dia não convidava a banhos, fugimos da praia e fomos nos esconder no Curral das Freiras.
O Curral das Freiras é uma pequena vila enfiada no meio de enormes montanhas. É um dos poucos locais da ilha de onde não se avista o mar, estando completamente isolado de tudo o resto. Segundo consta, foi aqui que as freiras se esconderam para fugir às violações, roubos e maus tratos dos malditos corsários franceses que invadiam o Funchal.
Xôr Pirata, nã me leve a virgidade!
No meio do Curral
A caminho do Curral visita-se o imponente miradouro da Eira do Serrado, com 1053 metros de altitude. Té dói!
Google Maps Caseiro
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No regresso, passagem pela Ponta de São Lourenço, que é para podermos dizer que já demos a volta toda à ilha (não é bem verdade, mas é parecido).
Gamito na Ponta de São Lourenço
E depois destas fotos, não preciso dizer mais nada. Fica pra pensar.
Neste dia acordamos com o firme propósito de conhecer o Porto Moniz e as suas piscinas naturais, apesar de sabermos de antemão que a estrada ia estar cortada no regresso, graças ao Rali. Whatever.
Mais uma vez, uma viagem espectacular. Chegando a Ribeira Brava, vira-se na direcção de São Vicente e entra-se no caminho de Serra de Água, uma freguesia que fica bem “entalada” no sopé de enormes montanhas. A fazer-nos companhia, imensos carros do Rali a dirigirem-se ao seu ponto de partida, cortando a paisagem com os seus estrondosos motores. Dispensável, mas até engraçado.
Piscinas Naturais do Porto Moniz
Estas piscinas, além de belíssimas e deliciosas, cobram à entrada a módica quantia de… 80 cêntimos. Fico maluco com isto. Na Costa é acima dos 5 euros, na Madeira se não é graça (muitas são) é quase. Parece que os Madeirenses não gostam de pagar nada, e se não for assim, não vão. E acho que fazem muito bem.
Eu a meter nojo.
Estando a Serra de Água cortada, o regresso foi feito pelo lado oposto, rumo à típica cidadezinha de Santana. Sucede que este caminho é por uma estrada das antigas, à beira do mar, com estradas estreitíssimas, onde mal cabe um carro mas circula-se nos dois sentidos! Não registamos nenhuma imagem devido à nossa concentração e cagaço, mas foi inesquecível.
Como não podia deixar de ser, a foto nas típicas casotas de Santana, e o desejo de entrar no parque temático, mas ficou tarde com tanta volta e contra-volta e curva e contra-curva. Fica pra próxima.
Este dia constituiu o ponto negro destas férias. Por sorte, o final até acabou por ser feliz, tendo em conta as perspectivas.
Devem ter reparado nas notícias acerca dos incêndios que deflagraram na Madeira; um deles foi mesmo, mesmo à nossa porta. As chamas estiveram a cerca de 1 metro da casa dos meus tios e, se os bombeiros não tivessem chegado naquele exacto momento, não sei bem o que teria acontecido.
Vista da nossa janela
Acontece que há muitos terrenos deixados ao abandono pelos proprietários, que não limpam o mato, nem deixam os outros limparem-no. Assim sendo, sucedem-se peripécias destas. Para ajudar à festa, grande parte dos bombeiros estavam deslocados para o Rali da Madeira e, ao que parece, não há meios aéreos para combater os incêndios (um absurdo, num sítio com tanta água à volta, e onde tanto dinheiro se esbanja).
Como o ar estava irrespirável e à tarde as coisas estavam, felizmente, mais calmas, ainda passamos pela Camacha com os meus tios, terra do folclore e dos artesãos do vime. Se lá forem, paragem obrigatória no Café Relógio, que ostenta autênticas obras de arte (e de paciência) em vime. Pena que a máquina ficou em casa, fica aqui uma foto ranhosa com o telemóvel.
Obras em Vime
Nunca tinha vivenciado um incêndio de perto, e espero bem que tenha sido a última vez. É impressionante a velocidade com que o lume se alastra e devora o que aparece pela frente, e a maneira como o fumo nos entranha no corpo e nos sufoca.
Munidos do indispensável mapa, marcamos os sítios que pretendíamos visitar, mas decidimos partir para cada dia sem nenhum plano em especial. Quem me conhece sabe que isto não é de meu apanágio, mas decidimos que levantava-se, arrancava-se e logo se via para onde o vento nos levava. Foi uma boa política.
Na Madeira não é preciso andar muito para nos deleitarmos com paisagens deslumbrantes; enquanto viajamos pelas auto-estradas, vias-rápidas e pelos já referidos túneis, vamos ficando boquiabertos com a imponência da natureza em redor, em meio aos vales e encostas. Além, claro, dos bananais a perder de vista.
A primeira paragem foi Camâra de Lobos, uma tradicional vila piscatória. Além da baía (onde viviam muitos lobos marinhos, daí o nome), e dos copos que por lá se bebem, é também por aquelas bandas que se situa o famoso Cabo Girão, que visitamos no regresso. Aqui começamos a tomar contacto com uma das “pragas” que assolam a ilha: as lagartixas. A Madeira é um reptilário em ponto gigante. A mim não me faz mossa.
Camâra de Lobos
Sempre pelo mar, passando por Ribeira Brava, Ponta do Sol (o local mais quente da ilha), e Madalena do Mar, paramos na praia da Calheta, uma das poucas com areia em toda a Madeira (ainda que importada). Como não somos de ferro, por lá ficamos, de molho, que o calor abrasava.
Praia da Calheta
Do alto de 580 metros, o Cabo Girão é o maior promontório da Europa, e o segundo maior do mundo, oferecendo-nos uma vista espectacular de Câmara de Lobos até a baía do Funchal. Confesso que tive que me informar sobre o que era um promontório, por isso cá vai: é um cabo elevado directamente sobre o mar. Fica pra pensar.
Vista do Cabo Girão
Terminamos o dia ao sabor dessa grande instituição Madeirense, que é a Poncha. Aguardente de cana, mel e limão. Por hoje chega, que já se aprendeu demais.
A Madeira arrebata-nos por completo, desde o início. A aterragem pode meter algum medo (a Irina que o diga), mas é das mais belas que pode haver: de um lado, a imensidão do mar, do outro, a verde imponência da ilha. Belíssimo.
Vista do Aeroporto da Madeira
Fomos recebidos com um calor infernal, agravado pela humidade tropical da ilha. Os graus que cá se registam são enganadores; uns 26 daqui equivalem a uns 30 do continente, sem qualquer tipo de exagero.
Mal descarregamos a trouxa em Gaula, mergulhinho em Santa Cruz para refrescar. Nada a ver com o gelo da Caparica; dizem que a diferença é que a temperatura do mar é muito parecida com a temperatura do exterior, mas eu não acredito que seja isso por si só, acho que a água é mesmo bem melhor.
Como chegamos cedo, ainda demos uma voltinha no Funchal para descontrair e apalpar terreno. Ao contrário dos tempos antigos, agora vai-se a qualquer lado num instantinho, graças aos inúmeros túneis que perfuram a ilha.
Paz e amor. Estas duas palavrinhas bastam para descrever o passado fim-de-semana. E é tudo o que um homem precisa.
A bordo do saxónico, para eu desenferrujar um bocado do volante, parti com a minha mais que mais que tudo para uma longa viagem até ao Parque Nacional da Peneda-Gerês.
O caminho é longo e cheio de curvas e contra-curvas, mas vale bem a pena. A paisagem pelas entranhas da serra é indubitavelmente das mais belas de Portugal. Portugueses, metam na cabeça que o vosso país tem muito lugar bonito para se ver.
Apanhamos uma promoção “à lorde” num hotel, com pequeno-almoço na cama, jantar romântico e um circuito de SPA; como não poderia deixar de ser, tudo muito menos atractivo do que parecia no panfleto, mas não deixou de saber MUUUITO bem, e de constituir o clima ideal para o fim-de-semana romântico perfecto. Até o bom sol ajudou à festa.
Não percorremos toda a serra, mas deu para fazer um belo percurso turístico; Cascata do Arado, Miradouro da Pedra Bela, Covide, São Bento da Porta Aberta, Barragem de Vilarinho das Furnas… havemos de lá voltar para desbravar o resto!
Y. e os calhaus
Cascata do Arado
Vista da Cascata
Vista da Pedra Bela, 800m de altitude
Uma obra de arte contempla outra
Voltei de lá amando ainda mais a mulher que amo. Não por causa do São Valentim ou de outra treta do género; simplesmente porque é assim a cada dia que passa.
Precisei chegar a casa e escrever logo este post, enquanto ainda estou extasiado, enebriado, possuído, ensandecido. Existem muitas emoções fortes nesse mundo, mas nenhuma é igual a assistir a um jogo da selecção canarinha.
A melhor torcida do mundo. Ponto.
Londres foi completamente invadida pelos brazucas, em número, em alegria, em cor, em tudo. O metro já vinha verde e amarelo desde a primeira estação, e foi apertando até não mais. O Tuco ia enganando todo mundo, respondendo aos “é nóis” com um “valeu!” setubalense muito do aldrabado.
O domínio tupiniquim começou logo na saída da Arsenal Station: 5 italianos começaram a gritar “siamo noi, siamo noi, campioni del mondo siamo noi“; imediatamente envolvidos por uma enorme massa amarela, que improvisava “SIAMO NOI, SIAMO NOI, CINCO VOLTE CAMPIONI SIAMO NOI”, os azuis evaporaram, completamente. Ciao!
Infelizmente o nosso amigo saudita que trazia os bilhetes se atrasou, e entramos com uns 3 minutos de jogo. Deu tempo. Ainda recrutamos um puto polaco pelo caminho; um luso-brasileiro, um luso-luso, um saudita e um polaco. Todos inteiramente brasileiros in questa notte! Os gritos de “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” do Tuco que o digam!
Tuco, o Zuca!
Alsaleh, came to support Italy, but got brainwashed!
No campo, os homens dando show, fazendo gato e sapato da defesa italiana, marcando belíssimos gols. Gaúchão e Robinho faziam maldade, e a torcida (60000) na bancada maltratava de igual modo os italianos. Tinha um napolitano ao meu lado quase chorando; cada vez que eu gritava, ele se imaginava me degolando. Saiu do estádio 15 minutos mais cedo. Arrivederci!
No final, flamenguista abraçado com vascaíno, gremista com colorado, japonês com paraíba, e eu pulando no meio do moche da mancha verde (desculpa aí cunhadão)!
Festa e batucada por todo o caminho. Samba, brega, funk. A melhor torcida do mundo. SIAMO NOI!
*Para os preciosistas: foi Day One sim senhor, o dia de ontem foi Day Zero. Sou mais esperto que vocês ou não sou?
O dia foi cansativo, mas proveitoso. Não houve neve, só uma chuvinha molha-parvos.
Estivemos no British Museum, como não podia deixar de ser; a manhã inteira não chegou nem para ver metade, mas mesmo assim vimos muita, muita coisa, destacando o Ancient Egypt, o Mexico e o Japan. Sinto-me sempre mais sábio e com vontade de coçar a barba, quando vou a sítios destes.
À tarde, o Imperial War Museum, que me surpreendeu, pela positiva. Não é preciso ser apaixonado por história de guerra para adorar a visita. Impressionante o espólio de armas, tanques, aviões, bombas, fardas, informação, relíquias e tudo o mais. O Tuco ficou maluco, queria ficar a morar lá, dentro de um tanque ou de um submarino, mas eu não deixei. Ele tem cara de alemão, não lhe iam tratar bem.
Será que daqui acerto na careca do amuco?
De salientar que estes dois museus, enormes em tamanho e qualidade, são gratuitos. É um luxo.
De resto, passagem por Picadilly, Trafalgar Square, muita caminhada para combater o frio. Amanhã há mais.
O voo foi tranquilo. O único brazuca (além de mim) que “detectei” no meio do pessoal, ficou sentado ao meu lado, o Gilmar. Ficamos na dianteira do avião,nos primeiros lugares da primeira fila, porque brasileiro gosta de aparecer.
Estávamos mesmo em frente à cabine dos pilotos e, antes de descolarmos, ouvimos o comandante a dizer para o sub: “I need to take a shit“. Como é óbvio, fomos obrigados a apelidá-lo de Capitão Cagão. By the way, ele era igual ao Craig Bellamy (cara de bebâdo, portanto).
Deu ainda para presenciar um desaguisado bem à portuguesa: duas senhoras com idade para ter juízo no despique, por causa de um lugar à janela. Felizmente, o Capitão Cagão acabou a sua obra a tempo, e veio apartar a briga, em pessoa. Capitão Cagão saves the day!
O resto da viagem não tem grande história, o Gilmar dormindo, eu lendo a Turma da Mônica.
A chegada
A chegada não foi tão tranquila quanto a viagem.
Não bastando o aeroporto de Luton ser no cú de Judas, Judas tá com o cú coberto de neve! O efeito visto lá de cima, é espectacular (parece que a cidade tá toda soterrada), mas tivemos que esperar que limpassem a neve da pista para o avião estacionar. Isso somado com as horas que levaram a ir do cu de Judas até ao centro, mais o tempo de encontrar o Tuco, mais o tempo de chegarmos a casa, deu… umas horas valentes, roxo de fome.
Mas PRÓNTES, cá estou eu em Hounslow (ou Little India), e até nem tá tanto frio quanto esperava. Mais novidades para breve!