Cinemadas

Toy Story 3

Esta é uma das grandes vantagens de ter sobrinhos e irmãos mais novos (e futuramente, putos): ir ver desenhos animados ao cinema sem qualquer tipo de pudor (que não teria anyway, mas enfim).

Depois de ver este filme vim consultar a lista dos filmes realizados pela Pixar até ao momento, e não houve nenhum que eu não tenha gostado, sendo que a maior parte (incluindo este) adorei. É obra.

Desta vez não vou fazer nenhuma review extensa, porque acho que a sintética e sentida feita pelo cineblog diz o essencial, mas é para mim uma alegria quando uma sequela chega à terceira parte a funcionar sem mácula.

Ah, e continuo a não gostar de 3D, quando é que a moda acaba?

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Taken

Bom, eu ia começar por dizer que ontem à noite não tinha nada para fazer e fui ver um filme, mas não é verdade: ontem à noite estava desgastado e não me apetecia fazer nada; assim sendo, aproveitei e vi um dos milhentos filmes que estão aqui na lista de espera do meu clube de vídeo pessoal. Valeu a pena: este Taken é um filme de acção do caralho, sem grandes rodriguinhos nem pretensiosismo.

Não é propriamente um papel em que imaginasse o Liam Neeson, mas assenta-lhe que nem uma luva. O homem é Bryan Mills, antigo agente do governo (nunca se revela bem ao certo o que fazia, nem interessa muito), divorciado, que se aposentou para passar mais tempo perto da sua filha de 17 anos.

Os primeiros momentos do filme são passados na vivência do drama familiar, da angústia do pai que não acompanhou o crescimento da filha, o consequente afastamento entre os dois e tudo mais. Às tantas a sua filha decide viajar para Paris com a melhor amiga, e é aí que a porca torce o rabo: o apartamento onde elas estão é invadido por mafiosos albaneses que as raptam com o objectivo de fazerem tráfico sexual. O azar deles é que o cota estava com a filha ao telefone nesse preciso momento, e parte para França com o objectivo de encontrá-la e de eliminar todos os responsáveis.

E a partir daí é um festival de acção pura, é ver o homem partir a boca a toda a gente a todo o instante, à moda de Charles Bronson ou Steven Seagal (eu ia dizer do Bourne do Matt Damon, mas esse menino não lhe chega aos calcanhares), e sempre com muita, muita classe.

Logo de início ele apercebe-se que só tem cerca de 96 horas para encontrá-la, e utiliza de todos os meios para fazê-lo: é vê-lo a bater indiscriminadamente nos franceses e soviéticos que se atravessam pelo caminho, roubar carros, matar (nunca levando armas, tirando as dos que vai tombando), torturar e até maltratar famílias alheias. Há momentos à lá CSI que irritam-me sempre um bocado, mas tou-me a cagar.

Sem nunca pretender ser demasiado profundo, todo o submundo do tráfico sexual percorrido chega a dar que pensar no que se passa aí pelo mundo afora. O que vale é que há gajos como o Liam Neeson que se for preciso deitam um país abaixo com as próprias mãos. Ou não.

Sem desprimor para o realizador oficial Pierre Morel, o Luc Besson quando quer faz umas coisas bem jeitosas.

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Alice

Ora bem, lá fui eu ver uma das minhas histórias favoritas contada por um dos meus realizadores favoritos. Não desgostei, o filme é… giro, mas acho que isto não é propriamente um elogio dadas as expectativas que eu tinha.

Visualmente, o filme é muito bom, mas isso era talvez o mínimo que se podia exigir, dado o gabarito do senhor nesse quesito em particular e o imaginário que tinha à sua disposição.

O que é que eu queria mais? Já nem digo mais darkness, ainda que apreciasse, mas essencialmente mais loucura, mais irreverência da parte dos personagens, mais ousadia na abordagem à história, não há nada que surpreenda realmente. Dou o exemplo do Johny Depp: faz de Mad Hatter, mas pouca madness se vê, o gajo parece mais maníaco-depressivo que outra coisa. A única parte em que tenta extravasar com uma dança manhosa, falha completamente, pelo menos para maiores de 10 anos.

O gato tá fixe, a rainha de copas também, os gémeos podiam ser melhor aproveitados e dos restantes nada a dizer.

Quanto ao 3D, eu dispenso. Ou essa maravilhosa técnica  não está afinada para os meus míopes olhinhos, ou a propalada “experiência” que aquilo proporciona ainda é mesmo só para inglês ver: com muitos elementos no ecrã não se percebe a ponta dum corno do que se está a passar.

Quem lê isto há-de pensar que odiei o filme ou assim, mas até gostei, o problema é mesmo esse “até”. Para desanuviar, deixo-vos este remix que algum maluco pôs no youtube. Fica pra fritar.

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Sherlock Holmes

Ora bem,

É um facto que é coisa rara blogar alguma coisa ultimamente; outro facto é que é coisa rara eu me dedicar aos prazeres da cinefilia ultimamente. Juntando a sede à vontade de beber, mato dois cajados com uma coelhada só e junto o inútil ao agradável.

O parágrafo anterior é coisa parva, e não tem ponta por onde se lhe pegue. Este filme que vi ontem até que nem é coisa muito parva, e pode eventualmente suscitar imensa ponta, mas assenta sob o mesmo princípio: o da adaptação livre.  Gosto de uma boa adaptação livre que se esteja a cagar para os puristas, e esta até nem é má.


exemplo suscitador de ponta, à direita

É uma adaptação divertida quanto baste, tem acção, comédia (nem sempre de bom gosto), gajas boas e gajos bons, estilo (ritchie) e uma bela banda sonora. É entretenimento bem feito, que também é coisa rara nos dias que correm. Ainda não é o tal do great comeback do Ritchie (que também não foi com RocknRolla,) mas cheira bem, não cheira a Madonna. Ficamos à espera.

Não, não tenho vontade nenhuma de ver o Avatar.

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Orfeu Negro, 1959

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Orfeu Negro foi o único filme de língua portuguesa a ganhar um Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Digo de língua portuguesa, e não brasileiro, porque oficialmente foi considerado como sendo um filme francês, por causa do seu realizador, Marcel Camus, e de uma das suas produtoras. Assim o foi com a Palma de Ouro e com o Globo de Ouro; já o Bafta decidiu atribuir também o mérito a quem de direito.

Pouco importa: é cinema brasileiro, e de uma era em que esse cinema dava cartas sem necessitar de disparar um único tiro ou proferir algum palavrão. Uma era em que a favela era só morro, e o Rio merecia plenamente o epíteto de Cidade Maravilhosa.

É um filme que poderia ser visto de olhos fechados, tamanha a qualidade da banda-sonora do mestre Antônio Carlos Jobim e Luiz Bonfá (prelúdio da bossa nova que estava nascendo), e a intensidade do samba que rola praticamente constantemente ao longo das quase duas horas de filme. Mas o melhor mesmo é mantê-los bem abertos, e desfrutar da explosão de cor (ou eastmancolor) com que o Rio antigo e os seus habitantes são retratados.

Penso até que o tal do Camus ficou demasiado vidrado pelo Rio e pelo samba e esqueceu que estava fazendo um filme, com tanta sequência de longos minutos em que só se vêem pernas frenéticas balançando e corpos suando de um lado para o outro. Compreensível e perdoável, provavelmente aconteceria a qualquer um.

A história é uma adaptação (bastante) livre da tragédia grega de Orfeu e Eurídice, adaptada à realidade carioca. Tragédias gregas são temas recorrentes na música e dramaturgia brasileira (vide a Gota D’Água do Chico), sendo o próprio filme inspirado numa peça de Vinicius, Orfeu da Conceição. Não sei quem foi o primeiro a encontrar a ligação entre as tragédias gregas e o Carnaval carioca, mas a fórmula provou ser brilhante.

Todo ele é exuberância, ingenuidade, e completa demonstração do que é a insanidade daquele Carnaval. É sem dúvida um retrato demasiado romantizado e lírico, mas que não deixa de exercer enorme fascínio.

Não percebo como a carreira da belíssima Marpessa Dawn (que não era brasileira) não deslanchou em seguida: ela nem precisava falar para encher a cena, tamanha a simplicidade e beleza dos seus gestos.

Parafraseando e repetindo, o simples já é de si complexo. E faz cada vez mais falta.

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Fuck a Duck

É com grande prazer que anuncio que posso continuar a afirmar que adoro todos os filmes que Quentin Tarantino já realizou.

Inglourious Basterds é brutal, brutalíssimo, em todos os sentidos. Acho que um dos grandes trunfos do homem é que ele não se coíbe de esticar a corda até ao máximo, seja na violência gráfica, nos longos diálogos ou nas experiências de estilo. Desconfio que seja tudo feito inteiramente a pensar no seu próprio divertimento, e que ele tire um gozo do caraças do que faz: nós só temos a agradecer.

É difícil comentar mais sem revelar spoilers. Não acho que seja o melhor de todos, mas não consigo lhe apontar nenhum defeito de monta; a sua maior virtude, no entanto, é facílima de indicar, e dá pelo nome de Col. Hans Landa, ou “The Jew Hunter”. Brilhante, espantoso, perfeito, tudo o que se disser é pouco. Óscar com ele, já!!!!

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Pixote – A Lei do Mais Fraco

Não chega a ser melhor do que Cidade de Deus, como alguns apregoam, mas é um óptimo filme, e mais uma obra-prima do cinema brasileiro, este clássico de 1981.

O filme vai buscar o título à personagem principal, Pixote, e centra-se à volta deste, um menino de rua que vai parar a um reformatório, e que segue com os amigos numa espiral de crime, violência e prostituição.

É um filme completamente cru, quase documental, sem grandes sofisticação técnica mas com uma carga emocional brutal, e assustadoramente próxima. Brilhantes momentos de cinema com o rapazito cover de Roberto Carlos a cantar perante a plateia de meninos flagelados e, principalmente, da cena final com Pixote no colo da prostituta, da qual não revelo mais para não estragar a surpresa a quem veja.

Voltando à comparação com CDD, Pixote consegue ser mais perturbador, não no sentido de conter maior violência (bastante presente), mas do ambiente que possui, da maneira com que nos enquadra no mundo cruel dos personagens, que nos encurrala naquela realidade e nos faz sentir que eles estão condenados, desde o início.

Marília Pêra tem somente cerca de 15 minutos de filme, no papel da prostituta Sueli, mas nesse escasso tempo consegue dar um show à parte, e mostrar o que significa ser uma grande actriz. Mas quem rouba a cena é mesmo o garoto Pixote, com o seu olhar de cachorrinho abandonado e a sua expressão de dor, de inocência e de maldade ao mesmo tempo. Um achado.

A versão de DVD que comprei inclui um making-of muito interessante, em que Hector Babenco e a sua assistente de produção contam todo o processo de escolha e de trabalho com os meninos e revela, por exemplo, que não era seguido propriamente um guião, na medida em que o próprio protagonista era iletrado; os putos se guiavam pelas situações. Uma lição de cinema.

É-nos dado a conhecer também o trágico desfecho da vida real do actor principal, que regressou ao mundo do crime e foi assassinado pela polícia, com apenas 19 anos. O filme, que começou por ser a sua tábua de salvação, fez parte da sua tragédia; nunca lhe despiram a imagem de Pixote, e ele foi sufocado e engolido por esse facto.

Vejam, que vale a pena, até o Spike Lee foi influenciado por este filme enquanto estudante; comprem, que tá barato, ou então me peçam emprestado.

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Sonoridades

Fados

Já tinha esta bonita obra de Carlos Saura aqui em casa em lista de espera há algum tempo, comprada em promoção. Recomendo-a a todos, tanto os fãs quanto os cépticos, para desconstruírem ideias pré-concebidas que eventualmente tenham sobre a maior forma de expressão musical portuguesa.

Apesar de catalogado como um documentário, “Fados” não se encaixa completamente nessa definição; é mais como um retrato, uma história onde o fado é cantado, coreografado, celebrado e sofrido na sua plenitude. É uma sucessão de fados cantados pelos mais diversos artistas, e demonstra as várias dimensões que o fado pode assumir (até a do hip-hop, se bem que esse momento é um tanto desnecessário, apesar da excelente expressão corporal do NBC).

Belos momentos na surpreendente versão de “Foi na Travessa da Palha” da mexicana (!) Lila Downs, na “Estranha Forma de vida” encarnada por Caetano, e a sempre poderosa presença da Cau-Berdiana Lura. O Camané e o Carlos do Carmo são sempre o Camané e o Carlos do Carmo, a Argentina Santos impressiona pela alma que emprega, o Chico Buarque mesmo em meia-canja me emociona sempre, e já a Mariza não me encantou tanto, apesar do dueto emotivo com Miguel Poveda . Enfim, vejam masé!

Uma horinha e tal que passa num instante.

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I knew the answers

O hype e as polémicas justificam-se. Não acho que seja grande, grande, mas é um belo filme. O Danny Boy(le) quando acerta, acerta; bem contado, e filmado com um estilo e ritmo muito próprios. A banda sonora ajuda muito à festa (sou fã, ainda hei-de fazer parte dum clip destes).

Tragédia, romance, redenção. Sigam e emocionem-se com as peripécias de Jamal & Co. E com a Latika…

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