Andanças

Lagoa das Sete Cidades, São Miguel, Açores

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Esta é a maior Lagoa da Ilha de São Miguel e uma das imagens mais conhecidas dos seus cartões postais.

Além da dimensão e de toda a envolvente que a rodeia, o que a torna tão chamativa é a sua coloração dupla, com diferentes tons de azul e de verde separados por uma ponte de pedra.

Todo o caminho até lá chegar é extremamente belo, sendo que o miradouro mais famoso é o da Vista do Rei, que assim se chama por ter lá estado o Rei D. Carlos em 1901, em visita à ilha. Na Lagoa em si, é possível fazer canoagem, paddle surf e ver a todo o momento peixes enormes (trutas?) a dar saltos acrobáticos de um lado para o outro.

Tivemos aqui um momento quase mágico. Depois de muito passearmos e admirarmos a beleza envolvente, a Carolina começou a queixar-se que queria ir ao parque. Dissemos-lhe que iríamos à procura, mais numa de irmos embora, e decidimos entrar na freguesia de Sete Cidades, só para espreitar e dar meia volta para trás.

A freguesia, minúscula, tinha sim um parque infantil, extremamente bem cuidado, que lhe fez ganhar o dia, e a nós pontos.

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Andanças

Furnas, São Miguel, Açores

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Furnas é um vilarejo bastante simpático, cujos principais motivos de interesse giram à volta da actividade vulcânica que possui. Essa actividade dá origem às fumarolas, que dá origem aos cozidos das furnas (já lá vamos), e ao aquecimento das águas que por lá correm.

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O primeiro banho quente que experimentamos foi o da Poça da Dona Beija, que tem um conjunto de piscinas pequeno, mas muito bem cuidado. À primeira vista a água parece quente demais (está à volta dos 30ºC), mas depois de entrar, é uma delícia. Foi uma boa surpresa especialmente para mim, que não sou grande fã de água muito quente, mas estar dentro destas piscinas aquecidas naturalmente tem qualquer coisa de diferente que sabe mesmo muito bem.

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Escolhemos de antemão o cozido do Restaurante Tony’s, que é dos mais falados por essa internet afora. Tivemos alguma sorte, pois cometemos o erro crasso de não fazer reserva e deparamo-nos com o restaurante cheio. Felizmente conseguiram acolher-nos num snack bar improvisado que fizeram junto ao terminal dos autocarros e para onde disponibilizam-se a levar a comida do restaurante, do outro lado da rua, onde até acabamos por ficar mais à vontade. O cozido em si é bom. “Só” bom, não é algo de extraordinário, mas também não sabia nada a enxofre, como já ouvi dizer, e a carne fica bastante tenra, por cozer tão lentamente. Todos gostamos.

Como comemos essa coisinha leve, partimos para banhos outra vez da parte da tarde, desta vez no Parque Terra Nostra. A piscina aqui não é tão límpida, mas é bastante ampla e sossegada, o que no conjunto é mais agradável. A envolvente do Parque também é algo de espectacular, com lagos e jardins cheios de cores, e vida animal a embelezá-los. A entrada é um bocado mais cara do que a média, mas na minha opinião vale a pena.

Um ponto obrigatório de passagem em São Miguel, e o meu preferido da nossa viagem.

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Andanças

Ilha de São Miguel, Açores

Tínhamos receio que a segunda viagem de avião do Francisco fosse mais complicada que a anterior; afinal, ele já gatinha (quase/meio que anda), e tem dificuldade em ficar um minuto que seja parado. No final, foi bastante mais tranquilo do que esperávamos, com sestas grandes incluídas e tudo.

Mal aterramos a Carolina perguntou “mas já ‘tamos no Açores? eu não ‘tou a ver vacas!”, e a verdade é que não tardaria mesmo nada até que nos deparássemos com elas. O aeroporto João Paulo II é bem pequenino; mal saímos porta fora estamos no estacionamento, e mal saímos deste é vê-las pastar por tudo o que é enseada.

Alugamos carro na Ilha Verde, que tinha sido recomendada por um amigo e que confirmei ter dos preços mais baixos. Tive foi um choque inicial grande na entrega do carro: o rapaz que nos atendeu tinha um sotaque cerradíssimo, e foi mais complicado entendê-lo do que a alguns irlandeses ou indianos que já apanhei. Me senti verdadeiramente estrangeiro. Tive outro choque, mais literal, relacionado com o carro, mas já falo dele mais à frente.

Ilha Verde é um nome extremamente apropriado, pois essa é a cor que mais abunda por todo o lado. Chega a fazer impressão: parece que toda a ilha levou com um filtro de photoshop ou algo do género. É um lugar verdadeiramente belo, quase encantado, e de visita obrigatória para todos os que tenham oportunidade de fazê-lo. Especialmente os portugueses, que na ânsia de correr mundo esquecem-se que possuem no seu próprio país territórios maravilhosos. Da nossa parte, fica na lista conhecer as restantes oito ilhas do Arquipélago.

Não queria entrar em comparações com a Madeira porque além de não ser justo, a minha opinião será sempre tendenciosa, mas não consigo deixar de fazê-lo num ponto: as Lapas. Perdoem-me, mas as da Madeira são melhores! Maiores e mais tenras. Não deixam, no entanto, de escorregar muito bem, e em tudo o mais no quesito culinária os açorianos são fortes. Comi provavelmente os melhores bifes de atum da minha vida, bem como alguns espectaculares bifes de vaca, por preços que se podem considerar irrisórios, quando comparados com os “continentais”.

Podemos também dizer que os açorianos em geral são um povo bastante acolhedor e simpático para com os seus visitantes, fomos muito bem tratados em todo o lado.

Vou falar individualmente de alguns dos principais pontos de interesse nos próximos posts, que este já vai longo.

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Teatradas

Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 minutos

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Tinha muita curiosidade em assistir a este espectáculo, pois assim que li o título achei que resumir todos os musicais do Chico Buarque seria um desafio extremamente difícil, e que tinha tudo para dar errado.

Não deu, mas também não deu propriamente certo. Para começar, ao contrário do que o título indica, não está presente nenhum dos musicais, mas sim algumas das suas músicas, o que é bem diferente. E no fundo é disso que se trata, de um desfilar de músicas, quase um concerto de homenagem. Há uma tentativa de ter uma história como pano de fundo, mas tão dispersa que não chega a ser um verdadeiro fio condutor.

O elenco atenua um pouco a desilusão, sendo todos bons cantores e empregando excelentes interpretações em quase todas as canções, mas depois de ver a forma arrebatadora como a Izabela Bicalho se entregou a “Gota de Água” há uns anos, fica difícil se emocionar com menos.

O espectáculo tem o mérito de ter escolhas arriscadas, com algumas canções menos conhecidas (Mambembe, Você vai me seguir, Funeral de um lavrador) e interpretações inesperadas (“O meu amor” cantado por dois homens, por exemplo), mas depois acaba por ser demasiado ambicioso e esticar a corda a nível temporal, com prolongamento e penáltis a somar aos tais 90 minutos, tornando-se muito desgastante.

Nesse aspecto do desgaste, a arena do Campo Pequeno acaba por ajudar, com cadeiras miseráveis na improvisada plateia e um frio de rachar durante todo o tempo. Mandrake Produções, agradeço e peço que tragam mais musicais, por favor, mas encaixem-nos em teatros a sério, que merecem.

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Paternidade

Três anos

Há três anos atrás nascia aquela que é hoje “a minha mais velha”, e nada me proporciona maior orgulho do que ver como ela evoluiu desde então.

Obviamente nem tudo são rosas. Este período entre os dois e os três anos foi definitivamente o mais desafiante até agora. A maior compreensão de tudo o que lhe rodeia conjugada com a capacidade de argumentar e o crescimento exponencial da vontade própria são uma combinação explosiva, materializada frequentemente nas mais poderosas birras. Há que saber aguentar e aprender a lidar com elas, pois tão depressa aparecem quanto passam. Mas moem!

Ainda se atrapalha com algumas palavras, mas em geral tem já um vocabulário muito rico. Não podemos nos descuidar um segundo na sua presença, pois absorve tudo com uma facilidade incrível. Basta ouvir uma vez para entrar no seu repertório. De vez em quando surpreendemo-nos (apesar de tentarmos não demonstrá-lo) com uma ou outra asneira que apanha no ar. Já a vi, por exemplo, a dizer “benfica”.

Tenta ser o mais independente possível, e gaba-se com muito ênfase quando não precisa de nós para alguma coisa, seja vestir, montar um puzzle ou simplesmente meter o cinto de segurança no carro.

Desde sempre soube manipular-me, mas tem aprimorado com cada vez mais requinte essa arte. É “minha fofurinha” para aqui, “meu pai lindo amor” para ali, “somos muito amigos não somos pai?” acolá, e é ver o idiota derreter-se todo a seus pés. Fácil.

Está a 200% na fase dos porquês. Dá-me muito prazer puxar pela sua imaginação e tentar responder a todos até à exaustão, mas na maior parte das vezes acaba por ser do meu lado que esta aparece. Agrada-me que ela questione tudo, e espero que mantenha o hábito para o resto da vida (na devida proporção).

Se me estiveres a ler daqui a uns anos, espero que tenhas mantido também viva a curiosidade, o sentido de humor e a vontade de viver tudo intensamente. E que me continues a ter em conta como um amigo.

Obrigado, por acrescentares vida aos anos que passam.

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Cinemadas

Hateful Eight

Chega a ser um ritual. Surgem os primeiros rumores de um filme novo do Tarantino; vou controlando o desenvolvimento da coisa com atenção, acompanho tudo o que vai sendo revelado e confirmado, e fico expectante e excitado até à estreia. Sei que muito provavelmente vou gostar do que vou ver, e eventualmente vou até chegar ao ponto de venerar o resultado.

E assim foi com Hateful Eight, com a excitação acrescida pela ameaça de cancelamento por disponibilização indevida do script antes do tempo, e posterior volte-face.

Este Western pode não ser (difícil decidir) um dos seus melhores filmes, mas assume com certeza um lugar de bastante mérito na filmografia do autor, sendo até bastante inovador em diversos aspectos.

O mais evidente é a banda-sonora. O corte e costura de músicas de outras referências é aqui substituído por uma banda-sonora dedicada e original de ninguém menos que o Senhor Ennio Morricone, que já tinha estado muito presente no universo de Tarantino, mas nunca de forma concertada e intencional. Suspeito que seja algo que Tarantino já quisesse fazer há muito tempo e finalmente tenha conseguido concretizar, e o resultado é muito, muito positivo.

Este “pequeno” facto confere ao filme um ambiente bastante intenso e surpreendentemente diferente do que seria de esperar de um western com Morricone ao fundo; mais carregado, mais negro, algo que sem imagem talvez associássemos mais a um filme de terror do que a um filme de cowboys.

Outra questão foi o equipamento de filmagem escolhido; em vez de uma modernice digital vocacionada para os IMAX desta vida, o filme foi rodado com a clássica Panavision 70 mm. A beleza cinematográfica alcançada é crua e brutal, tanto nos grandes planos panorâmicos (e o filme é repleto deles) quanto nos pequenos closes que se vão fazendo à medida que vamos entrando nas personagens.

Finalmente, as personagens. A forma como estas vão sendo apresentadas, reveladas e lentamente dissecadas, deixando para o clímax final o desvendar das verdadeiras intenções de cada uma delas, é simplesmente brilhante, principalmente por ser feita de forma bastante subtil, e reduzindo ao mínimo indispensável os longos diálogos que costumamos encontrar nos seus filmes.

Tudo isto mostra que o homem está em forma, segue criativo e continua a alargar o leque de truques que tem na manga. Agora é só esperar que não se passem muitos anos até que nos surpreenda novamente.

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2015

Bom dia, ano novo! Queres saber como foi o teu antecessor?

Obviamente, não há acontecimento que sequer chegue perto daquele que teve lugar a 22 de Maio, quando passei de pai a pai de dois. Juntar o Francisco à Carolina trouxe-nos mais algum trabalho, mas tornou a nossa jornada ainda mais fascinante e enriquecedora.

São os filhos que eu queria ter, ao lado da mulher que tornou isso possível. 2015 simboliza estar 5 anos casado com uma mulher maravilhosa, e a cada ano que passa estou mais grato por isso.

Com o reboliço das crianças decidimos que este ano seria calmo a nível de viagens, mas tivemos uma recaída e não levamos muito tempo até enfiar pela primeira vez o mais novo num avião, rumo à nossa ilha da Madeira, onde é sempre muito especial regressar.

Terminei o ano com um estranho déjà vu, sendo operado novamente à garganta, mas confio que desta seja de vez. O ponto positivo é que com essa brincadeira 4kg sumiram do meu corpo, agora é tentar recuperá-los com uma massa mais consistente.

Voltei a empolgar-me com o meu Sporting e, mais surpreendentemente, voltei até a ser sócio, coisa que se me dissessem há dois anos atrás que faria, provavelmente responderia que nunca. Mas ser sempre coerente não tem graça nenhuma.

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Saga das Amígdalas – Mini-Sequela

Seis anos depois de arrancar as amígdalas, os posts relacionados com essa Saga continuam a ser, de longe, os mais populares e comentados aqui do blog.

De certa forma fico feliz em saber que outros sofredores conseguem encontrar algum conforto por aqui, e assim sendo não podia deixar de publicar mais um pequeno episódio relacionado com essa verdadeira zona de guerra que é a minha garganta.

Há cerca de dois anos atrás, ainda na Irlanda, senti um estranho inchaço do lado esquerdo da garganta. Ao espreitar pelo espelho, com a ajuda de uma lanterna, vi que tinha aparecido uma pequena bola branca, mais ou menos no mesmo sítio onde estava a amígdala.

O meu primeiro pensamento foi: PQP C******* F*******, A FDP DA AMÍGDALA VOLTOU DO ALÉM PARA ME ASSOMBRAR!

Mais calmo, fiz uns números de contorcionismo e consegui tirar uma foto para enviar ao otorrino, que me disse que não gostava muito do que via, mas o mais provável é que fosse apenas um quisto. Se tiverem muita curiosidade e estômago, podem clicar na imagem abaixo para ver a coisa.

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Fui ter com ele assim que pude ao Hospital, onde drenou o bicho com uma seringa e enviou para análise, para tentar perceber se era efectivamente um quisto inócuo ou algo maligno. Felizmente era a primeira hipótese. Pelo meio a enfermeira que estava ajudando ainda se picou acidentalmente com a agulha que ele usou, e tive que lá voltar para ser testado e deixá-la descansada quanto ao que de mal pudesse haver no meu sangue. Só acusou o Sportinguismo agudo.

Se não o sentisse nem incomodasse, o quisto podia ser algo que deixávamos ficar por lá, sem problemas. Mas sentia, e volta e meia inflamava e complicava e voltava a história de tomar antibióticos com regularidade e tudo o mais. Assim sendo, partimos para um sai que esse corpo não te pertence, com mais uma espécie de amigdalectomia…

E aqui estou, seis anos depois, passando mais uma semana a moles e frios, chupando calippos como se não houvesse amanhã.

Está sendo bastante mais suportável que a primeira vez; é só de um lado, e em vez de dois monstros que andavam lá a apodrecer há mais de vinte anos, era só uma bolinha. Ainda assim, tive uns primeiros dias bastante dolorosos, que me fizeram mais uma vez desesperar de fome.

Gelatina continua a ser a melhor coisa do mundo nesta altura, mas há algumas coisas novas que decidi experimentar depois do choque inicial e que correram muito bem:
– Ovos mexidos: frios e sem tempero, com uma pitada de leite para ficarem mais cremosos, tem sido a alegria das minhas manhãs
– Papaia / Manga: bem madurinhas, no frigorífico, deslizam que é uma beleza
– Noodles (miojo): apesar de frios e sem molho, também escorregam muito bem e sempre enchem mais um pouco a barriga

E assim segue, sonhando com a hora em que tudo isto passe e tenha a oportunidade de comer um gigantesco e suculento bife.

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Paternidade

6 Meses

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Pisquei os olhos e seis meses se passaram desde que “o meu mais novo” nasceu.

Continua com uma simpatia desgarrada, mas alterna cada vez mais frequentemente com momentos de “indignação”, em que gesticula veementemente e brada não sei bem o quê, com a sua voz grossa de homem em ponto pequeno.

Ainda não se senta sozinho, mas adora estar sentado. Adora também demonstrar força projectando o corpo para frente e para trás, principalmente quando está imobilizado, do estilo “ninguém me consegue parar”.

Apesar de já demonstrar preferência clara por um ou outro desenho animado, não tem especial simpatia pelos brinquedos que lhe metemos à frente, preferindo sempre coisas mais banais que tenhamos em casa. Ou que tenhamos na cara, como os meus óculos, que gosta de arrancar da forma mais meiga que consegue, ou seja, de uma assentada e à bruta.

A alimentação já vai sendo mais variada, e tipicamente marcha tudo o que lhe metemos à frente. Tem 67 cm e 7800 g, o que nos parece uma imensidão ao comparar-mos com a irmã na mesma idade.

A irmã, essa, continua a ser a sua paixão. Pode ser simpático para a maioria das pessoas, mas guarda para ela os melhores sorrisos e gargalhadas, que dispara automaticamente, só dela olhar.

E a partir daí pronto, esquecemos de tudo.

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Cinemadas

Entre Abelhas

Entre Abelhas é um filme realizado pelo Ian SBF e escrito por ele e pelo Fábio Porchat, que também é o protagonista.

Sendo eles duas das cabeças do Porta dos Fundos, seria de esperar uma comédia desgarrada ao estilo daquilo que a que o grupo nos tem habituado, mas este é um projecto pessoal que foge bastante desse registo.

Na verdade é um drama que acaba por se tornar divertido porque eles não conseguem deixar de ser naturalmente engraçados, mas nota-se que o objectivo principal não era esse.

O personagem central é Bruno, um editor de vídeo que acaba de se divorciar e de repente começa simplesmente a deixar de ver as pessoas que o rodeiam, a pouco e pouco. Tudo o resto gira à volta da sua tentativa desesperada de perceber e tentar contrariar o que está acontecendo.

Não é um grande filme, mas é uma história diferente, divertida e muito bem contada.

 

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