Desportadas

Sporting Clube da Lua

Esta bandeira podia ter sido verde...

Esta bandeira podia ter sido verde...

Todas as semanas eu ou o meu pai compramos o jornal do Sporting. É óbvio que fazemo-lo por sermos sportinguistas doentes, mas acho que posso dizer, com alguma isenção, que é um jornal com qualidade, pese embora as habituais colunas dos “notáveis” a prestarem vassalagem ao status quo (e às enormes qualidades do “forever”).

Esta semana veio lá uma história muito curiosa. Em 1956, quando o homem ainda não tinha chegado à lua, uma empresa americana de nome Interplanetary Development Corporation começou a vender parcelas de terreno da superfície lunar, pela pechincha de 1 dólar por acre.

Nessa altura, um sócio leonino de seu nome Epaminondas Soutello Gomes (só o nome já torna a história curiosa), apaixonado pelos assuntos relacionados com os astros, decidiu adquirir uma parcela, com o objectivo de… lá fundar uma filial do Sporting. Epaminondas acreditava firmemente que os terráqueos chegariam em breve à lua (teria razão neste ponto). Depois, seria mera questão de tempo até que lá se pudesse habitar (já este ainda tá por provar).

Anúncio de Venda

Numa entrevista ao jornal, publicada a 11 de Dezembro de 1957, Epaminondas explicou as razões que o motivaram a adquirir o terreno: “Levo isto muito a sério: não é «caldeirada» ou coisa semelhante. Existe sim, o propósito de apenas poder engrandecer, mais e melhor, o nosso clube, elevando-o às alturas que ele bem merece.”

Questionado sobre se se sentia humilhado quando se riam dele, Epaminondas disse que “face ao que sofreu Júlio Verne, Galileu e outros génios, quando se riem de mim, parece-me ouvir uma voz que me anima: deixa-os rir, deixa-os comentar, porque esses só se convencem que a panela de pressão é que representa um grande invento, a verdade dos povos!”.

Pese a ingenuidade (ou parvoíce), gabo-lhe a determinação férrea e o amor ao clube acima da razão, coisa rara nos dias que correm. Lamento também não ter conseguido levar a sua avante; essa filial hoje em dia vinha a calhar, para enviar um certo defesa-central campeão do mundo ir lá procurar água, ou um determinado treinador ir ver como é que tá o tempo na lua…

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Barrigadas

Choco Frrrito

Este fim-de-semana fui fazer uma coisa que não fazia desde o tempo em que ainda tinha amígdalas: comer choco frito a Setúbal. Era dos poucos desejos que ainda me restava matar.

Fiquei agradavelmente surpreendido com a minha casa do costume: a Casa Santiago/Rei do Choco Frito foi completamente remodelada, mantendo a qualidade do pitéu e brindando-nos com uma varandinha fechada, livre das moscas e dos pombos debaixo das mesas.

foto ranhosa com o telemóvel

foto ranhosa com o telemóvel

Dose a meio caminho do bucho

Dose a meio caminho do bucho

Levamos uma fome do caraças, mas não foi desta que conseguimos enfardar a dose até ao fim. Sobrou um pedaço.

Recomendo, com toda a força.

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Sem categoria

O Boi Novo e o Boi Velho

Ontem um professor meu deu-me uma bela lição:

O boi novo e o boi velho tavam em cima de uma colina, a observarem uma manada de vacas a pastar lá em baixo. O boi novo vira-se para o velho, muito afoito: “boi velho, bora, bora, bora lá comer uma vaca!”. O boi velho responde:  “calma… vamos masé devagarinho e comemo-las TODAS!”

Isto foi a propósito da minha tese de mestrado, mas por enquanto não digo nada, que tou a ficar boi velho…

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Sem categoria

A Velha Costa, e a Costa Polis

A minha casa fica por trás do Hotel Praia do Sol, da Rua dos Pescadores. Tenho com este hotel uma relação de amor-ódio, mas tenho que lhes dar a mão à palmatória desta vez: a propósito do seu septuagésimo quinto aniversário (são o hotel mais antigo da Costa), montaram uma exposição louvável, que mostra um pouco do que era a Costa dos anos 30 aos anos 60 do passado século. É raro haver iniciativas deste género nesta cidade, que constantemente esquece ou esconde a enorme tradição que carrega.

A exposição não tem tantas imagens quanto isso, mas as que lá estão, são de qualidade, e muito bem acompanhadas da respectiva contextualização histórica; ficamos a conhecer a origem do problema da falta de planeamento urbanístico do território, e a história de Manuel de Agro Ferreira, o grande dinamizador turístico da actual cidade, que até então nem vila era.

Panorâmica da Costa, Rua dos Pescadores, Década de 50

Panorâmica da Costa, Rua dos Pescadores, Década de 50

Hotel Praia do Sol, Década de 40

Hotel Praia do Sol, Década de 40

Idílio Sobre a Areia Dourada, 1 de Outubro de 1934

Idílio Sobre a Areia Dourada, 1 de Outubro de 1934

Praia do Sol, Anos 40

Praia do Sol, Anos 40

Cartaz de Promoção

Cartaz de Promoção

Ver essas imagens levaram-me a pensar na Costa de hoje, agora que finalmente são visíveis os efeitos do programa Polis, que deveria ter terminado em 2006, e vai nesta altura mais ou menos a meio caminho. Quem reclamou das obras ou mesmo dos seus resultados, revela uma tacanhez tremenda: a Costa está incomensuravelmente mudada para melhor.

A Costa finalmente tem a frente de praias que merece, ainda que inacabada. O chamado pontão já não era nada, completamente esburacado e esbaforido, dando até mesmo ar de pós-guerra, a partir do Primoroso; os restaurantes e bares não eram mais que barracões velhos de mau aspecto, por mais personalidade que lhes restasse; piores ainda eram os antigos contentores carunchosos dos pescadores, uma nojice tremenda, que em nada dignificava a honrosa profissão dos homens.

O paredão está inteiramente renovado, e com bastante mais espaço, organização e iluminação; os restaurantes e bares, ainda que à primeira vista aparentassem uma padronização um tanto quanto sem graça, estão agradáveis e bem aproveitados. Ao longo de todo o caminho, bastantes bancos e alguns chafarizes (que não funcionam muito bem, mas dão para o gasto).

Velho Barbas

Velho Barbas

Novo Barbas

Novo Barbas

Foram colocadas escadas de acesso às praias bastante largas, com um ar de segurança contrário às de pedra, que todos os anos eram destruídas; as praias em si levaram mais uma vez com preenchimento de areia, que não tenho a certeza que dure, mas que lhes confere um óptimo aspecto, travou o avanço do mar e desafogou a sobrelotação este ano. Os apoios de praia dos pescadores são um autêntico luxo, comparado com os antigos contentores.Vai sendo feita uma ciclovia, que de momento ainda só vai do Tarquínio ao Cuíca, mas que promete acompanhar todo o paredão.

Velhos Apoios dos Pescadores

Velhos Apoios dos Pescadores

Novos Apoios dos Pescadores

Novos Apoios dos Pescadores

A Avenida General Humberto Delgado foi reorganizada, aberta aos dois sentidos em toda a sua extensão (era apenas para transportes públicos a partir da Feira dos Ciganos), e reservada em grande parte para maior trânsito pedonal. A rotunda que foi feita por trás do Barbas aparenta não ter sido muito pensada (não conseguem entrar e sair da rotunda ao mesmo tempo dois autocarros em sentidos opostos), mas o trânsito de verão melhorou, ainda assim.

O velhinho Parque de Santo António deu lugar a um Parque Urbano com três Parques Infantis enormes, dois campos de ténis e bastante espaço verde ao redor, ainda que à custa do abatimento de muitas árvores antigas. Outras já começam a nascer em seu lugar.

A Feira dos Ciganos também desapareceu. Por mais que me desse jeito para comprar meias e boxers, o amontoado de lixo e de confusão que dali saía diariamente não deixa saudades nenhumas. Não percebo bem o intento da espécie de rotunda a que deu lugar, que vai sendo aproveitada como estacionamento;  fico à espera que ainda me surpreenda.

Como nem tudo é um mar de rosas, alguns pontos negativos:

  • Agora já não é só um Barbas a assombrar, são três: Barbas Catedral, Barbas Tertúlia e Barbas Clube de Praia! Louvo-lhe, no entanto, a “visão de jogo”, e os espaços até estão com bom gosto.
  • Parece-me que nunca mais verei o senhor que todos os verões montava uma barraquinha de bandas desenhadas ao pé do Paraíso, personagem extremamente marcante da minha infância.
  • O mítico comboio da praia, que liga a Costa à Fonte da Telha, não deixou de existir mas foi deslocado para longe do centro, com partida na Nova Praia, que não tem ligação directa com nada senão os parques de campismo (que também vão desaparecer); não me faz grande sentido, mas parece que a ideia é deslocar futuramente o centro da Costa pr’aquelas bandas.
  • Deixou de haver a tradicional pesca de arte xávega nas praias centrais; nesse ponto, ao que consta, os pescadores ainda estão a lutar.

De resto, só tenho a desejar que o ritmo se mantenha, dado que ainda há muita coisa a melhorar.

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Cartoon do António

Faz 34 anos que o António faz com mestria o Cartoon do António, do Expresso. Como deve ser, sem papas no lápis. Dos melhores.

Padre Frederico, "Deixai vir a mim as criancinhas", 1993

Padre Frederico, "Deixai vir a mim as criancinhas", 1993

Alberto João Jardim, O Vesúvio aqui tão perto, 1993

Alberto João Jardim, O Vesúvio aqui tão perto, 1993

Mário Soares e Cavaco Silva, O Cachimbo da Paz, 1994

Mário Soares e Cavaco Silva, O Cachimbo da Paz, 1994

Soares e Alváro Cunhal, À Espera do Outono Quente, anos 70

Soares e Alváro Cunhal, À Espera do Outono Quente, anos 70

João Paulo II, 92

João Paulo II, 92

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Desportadas, Sem categoria

Dilemas

Em Outubro, o Sporting joga com o Hertha em Alvalade, no dia primeiro.

A mais que mais que tudo faz anos a 5; calha num fim de semana prolongado, exige a bela da escapadela.

A 9, o Seu Jorge canta no Campo Pequeno. A 10, tenho que pagar a propina da faculdade.

No mesmo Campo Pequeno, cantam o Sérgio Godinho, o Fausto e o Zé Mário Branco, a 22.

Porque é que o dinheiro não estica?

Again:

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Singapore

Faz este mês um ano que fiz a maior viagem da minha vida. Como na altura ainda não blogava, e bateu uma certa nostalgia, achei por bem a ocasião para colocar aqui um pequeno resumo da mesma. Isso e eu gostar de me armar em gabarolas. Adiante.

Para começar, e como há cabrões com sorte, a viagem foi completamente gratuita. Cortesia da Sporttv, passe a publicidade. A propósito do Grande Prémio de Singapura, o primeiro da história a ser disputado à noite, a Sporttv ofereceu 10 viagens às melhores frases que envolvessem “Fórmula 1” e “Sporttv”; a minha fórmula mágica: “Voar a 300 à hora sem ter brevet? É assistir à Fórmula 1 na Sporttv.” Yes mothafucka! A meu cargo, só a alimentação, que é estupidamente barata naqueles lados: por 5 dólares locais (2 euros e meio) um homem fica bem alimentado, apesar de não saber bem com o quê, por vezes.

Assim como foi a viagem mais longa que fiz, foi também o local mais diferente de tudo que já vi. Ainda que duvide que Singapura seja um bom modelo de um país asiático “padrão”, não deixou de ser um tremendo choque cultural.

Para começar, o visto de entrada no país que preenchemos no aeroporto traz logo o aviso: “death penalty for drug trafficking“. Táu. E as penas de morte aplicam-se a estrangeiros/turistas. Entre outras leis duríssimas, é proibido vender pastilha elástica (!), é proibida a pornografia e é proibido ser-se homossexual e viver no país. Cortam todos os males pela raiz: para combater a sujeira nas ruas proibiram-se as pastilhas, para combater as drogas instaurou-se a pena de morte. O lado bom é que é das cidades mais limpas do mundo, o lado mau… fica pra pensar.

O segundo choque imediato para quem vive num país europeu: o clima. Dia e noite com a temperatura acima dos 30 graus, e humidade próxima dos 100%. Mal um gajo sai à rua, fica completamente empapado em suor. Em tudo o que é local fechado, os singapurenses ligam o ar-condicionado no máximo: choque térmico de 10 em 10 minutos, e uma tortura para as minhas (não) saudosas amígdalas. Mas adiante.

Como falei em singapurenses, convém aprofundar: a população é maioritariamente de origem chinesa, mas existem também bastantes malaios e indianos. As línguas oficiais são o inglês, o malaio, o mandarim e o tamil. Não há grandes misturas: para os chineses há Chinatown, para os indianos Little India, e por aí vai. Aparentemente, vivem todos em paz. Pudera, com aquele policiamento.

A trabalhar, são formigas autênticas. Nós já temos um cheirinho disso cá, com as lojas do chinês, mas lá é que tive a verdadeira noção dessa faceta asiática. Eles não saem das lojas para almoçar, ou melhor, eles não saem do balcão para almoçar: é comum sermos atendidos por um funcionário que está com o seu prato de comida no balcão, e a comer com as mãos! Em estações de metro enormes, podemos encontrar singapurenses a limpar o chão e as paredes com um paninho minúsculo, minuciosamente, durante todo o dia. O pouco ou nenhum lixo que se vê no chão, está constantemente a ser limpo, com pinças, pelos funcionários da cidade. Em vários locais, é comum vermos também pessoas de muita (mas muita) idade a trabalharem no duro; não sei se existe o conceito de reforma no país ou não.

Quanto à cidade em si, e todo a sua envolvência, é uma metrópole simplesmente deslumbrante, repleta de arranha-céus cinematográficos, e com uma simbiose perfeita entre a modernidade dos bares e esplanadas e os recantos tradicionais asiáticos, com os seus mercados e templos. Cada quarteirão é um mundo à parte.

Outro mundo à parte é a Ilha de Sentosa; com aquele calor abrasador, a perspectiva de ir para a praia refrescar era muito animadora, mas a praia de Sentosa é… artificial, e a água ainda é mais quente que o exterior! Ainda assim, vale a pena visitar a ilha, que é no fundo um tremendo parque temático com alguma natureza pelo meio. Quando lá estive, estava em construção um gigantesco resort da Universal Studios, que há-de ser qualquer coisa de brutal.

Sendo uma cidade-país, não é difícil percorrê-la de lés a lés num instante, com um metro (sem condutor) que funciona muito bem, e em que os táxis, que são mais que as mães, são bastante baratos e tem condutores muito simpáticos: certa vez apanhamos mesmo um que insistia em querer levar-nos para um sítio em que havia “massage, fuck fuck and blowjob”. Recusamos, educadamente.

Nos três dias que lá estive, a cidade respirava Fórmula 1 por todo o lado. Sem ser grande fã (maior agora), foi impossível não ter ficado contagiado com aquele ambiente, com o barulho ensurdecedor dos motores a ecoar por toda a cidade, o impressionante aparelho de marketing e a organização que rodeou o evento. O local de onde assistimos a corrida não era dos melhores em termos de visibilidade, mas era uma recta entalada entre duas curvas e sempre dava para ver qualquer coisinha dos carros, que tinham que abrandar ligeiramente. Absolutamente memorável, e este ano parece que querem elevar a fasquia com concertos de mega-estrelas pelo meio, e a Beyonça à cabeça.

Gostava de ter tido pelo menos uma semaninha para conhecer tudo o resto, mas não vale a pena ser pobre e mal agradecido 🙂

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