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Os meus filmes de 2019

O ano passado só fiz isto em Janeiro, este ano já cai quase em Abril, ano que vem talvez lance em 2022 os filmes de 2020 🙂

Fora de brincadeiras, o meu top dos filmes de 2019 é bem fácil, porque não vi tantos filmes “do ano” assim. Foi um ano em que mais uma vez apostei muito em ver e re-ver clássicos (Spartacus, Psycho, Clockwork Orange, Orfeu Negro, entre outros) ainda me faltam ver alguns dos mais badalados (à cabeça, 1917, Parasitas, a Herdade), mas para manter a tradição, o meu top foi este:

Joker

Pelo filme que é, pelo que mexe comigo e pelo quanto excedeu as expectativas que tinha.

https://ygorcardoso.com/2019/11/03/joker/

Once Upon a Time in Hollywood

Porque quanto mais o vejo (já foram mais duas vezes depois do cinema), mais gosto dele.

https://ygorcardoso.com/2019/09/03/once-upon-a-time-in-hollywood/

The Irishman

Porque podia ficar as 3 horas e tal de filme só a ver o Joe Pesci a fazer de mafioso.

A única coisa que não me convenceu muito foram os tais efeitos de “rejuvenescimento” dos cotas, que nunca me parece ser assim tão natural, mas é algo que se torna secundário no meio da genialidade dos actores.

Uncut Gems

Porque acho que o Adam Sandler faz muito filme de merda mas não consigo deixar de nutrir alguma simpatia por ele, e por chegar ao fim deste filme e perceber que isso tem razão de ser.

Faz aqui um papel brutal que penso que merecia um hype bem maior do que aquele que teve.

Variações

Porque não fica a dever absolutamente nada a nenhum biopic “estrangeiro”.

https://ygorcardoso.com/2019/09/28/variacoes/

Klaus

Porque foi o único filme de animação que me prendeu verdadeiramente este ano, demonstrando que há sempre qualquer coisa de original que se consegue fazer com a velha fórmula natalícia de derreter um velho coração gelado.

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Leituras

Essa Gente

Se o livro anterior (O Irmão Alemão) já me tinha deixado sentimentos mistos, este novo romance do Chico Buarque não me convenceu mesmo, de todo.

Anunciado pela editora como “uma tragicomédia urgente que encara de frente o Brasil de agora”, acho que peca precisamente pela forma forçada como vai tentando chamar a atenção para os problemas do Rio de hoje (intolerância, extremismo, desigualdade, etc.); pela inteligência e pela mestria nas palavras que ele tem, esperava uma sátira mais mordaz mas menos denunciada.

É uma leitura fácil e até cativante, tem umas trocas interessantes de narrador e umas misturas entre discurso directo e delírio, mas esperava um toque de génio que me deslumbrasse mais.

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Contadores de Sorrisos

Uma das coisas que mais gosto de fazer é escrever, mas poucas vezes partilho o que escrevo.

Durante a minha habitual viagem Corroios – Sete Rios, sem pretensão nenhuma, escrevi um micro-conto sobre sorrisos, e ele foi seleccionado para o livro de oferta natalícia dos centros comerciais Alegro.

O livro é ilustrado pelo grande Paulo Galindro, o pai do Cuquedo, e neste âmbito os CC Alegro deram um contributo para a causa da Nuvem Vitória, portanto é um orgulho triplo 🙂

Passem pelos Alegro a partir deste fim de semana para apanhar a edição final e conhecer 10 belos contos sobre sorrisos.

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Sem categoria

Nuvem Vitória

Já há muito tempo que me queria envolver a sério com uma iniciativa de voluntariado, e quando vi por mero acaso o anúncio de que o projecto Nuvem Vitória estava a chegar ao Garcia da Orta, não hesitei (já agora, o anúncio foi no Facebook, o que me faz ter ainda uma réstia de fé na utilidade das redes sociais).

Nunca tinha ouvido falar da Nuvem, mas foi um match instantâneo, pois é não só algo que adoro fazer (ler histórias), quanto é também num contexto em que infelizmente já me encontrei com a minha filha (internamento pediátrico), e portanto sei na pele da importância da existência de momentos que distraiam e transportem a mente das crianças (e dos pais/cuidadores) para outros lugares.

Tivemos uma formação de dois dias e meio bastante intensa e enriquecedora a vários níveis; na partilha da missão pelos fundadores, nas histórias e na arte de contá-las pelas formadoras, na vontade de dar um bocado de si, de toda a gente em geral.

Hoje aconteceu a primeira acção no HGO, na sexta tenho a minha primeira acção marcada, mas apenas como suplente, a dia 15 de Novembro será a estreia “a doer”, e estou receoso, mas muito, muito entusiasmado.

Vitória, vitória, que comece a história.

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Cinemadas

Joker

Não tinha expectativas nenhumas sobre este filme quando ouvi falar da sua produção, o que só tornou melhor a experiência de ver o resultado final; assim de repente a DC lança da cartola um filme que demonstra que afinal ainda é possível fazer bom cinema com o universo dos super-heróis e da banda desenhada.

Não me levem a mal; comi os últimos filmes todos da Marvel e desfrutei, gosto de um bom filme-pipoca também… mas aquela merda é toda sempre igual, é muito óbvio que perceberam que a fórmula dá dinheiro e vão repeti-la até à exaustão, não os censuro.

Aqui a história foi outra; isto é quase um filme de autor, sem aparentes pretensões de ser incluído em sequelas megalómanas de universos grandiosos, é simples, é arriscado, provoca emoções fortes, dá que pensar… é um filme a sério, com uma interpretação e uma entrega absurdas por parte do protagonista, com várias leituras e questões em aberto, uma atmosfera carregada, intensa, suja, uma série de combinações que muito dificilmente não deixam uma marca forte no espectador.

Poupem a questão de nomear outras pessoas para aquela estatueta dourada e entreguem-na já ao Joaquin.

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Teatradas

Intimidade Indecente

Dois actores enormes, um texto à altura e um sofá, é o quanto basta para termos uma incrível peça de teatro.

Intimidade Indecente é, enquadrando de forma redutora, uma comédia romântica em que acompanhamos a trajectória de um casal (Vera Holtz e Marcos Caruso) que se separa aos 50 anos de idade, e a partir daí vamos acompanhando o envelhecimento e os desencontros de ambos mais ou menos década a década, alternando entre momentos absolutamente hilariantes e outros que puxam a outro tipo de emoções.

Esse envelhecimento não é feito com os recursos de maquilhagem e de computação gráfica que facilitam a coisa no cinema; sem sequer saírem de cena e trocarem de figurino, eles fazem-no simplesmente com a postura do corpo, a alteração da voz e do comportamento. Fácil de tentar, muito difícil de fazer com a mestria com que eles o conseguem.

Já não vão muito a tempo de desfrutarem dela em Lisboa (termina segunda-feira dia 4), mas o pessoal do Porto que aproveite, que vale muito, muito a pena.

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Andanças

Portugal dos Pequenitos

Uma das partes boas de viajar com filhos pequenos é que rapidamente eles esquecem das viagens e podemos repetir que será novidade na mesma.

Apesar do último feriado da implantação da república ter calhado no sábado, não deixamos de usar esse fim de semana tão especial para dar um passeio, e pouco mais de um ano depois voltamos a Miranda do Corvo e ao Parque Biológico da Serra da Lousã, do qual não vou repetir o relato, pois o anterior diz tudo sobre a experiência excelente que tivemos, mais uma vez.

A novidade foi que desta vez estava melhor tempo e aproveitamos para regressar por Coimbra e parar no Portugal dos Pequenitos, onde tanto eu quanto a Irina não íamos há muito, muito tempo, e do qual a única memória que eu tinha é que aquilo parecia-me ser enorme.

Lá está, éramos… pequenitos, e à escala tudo parece grande, hoje em dia surpreendeu-nos a facilidade com que em um par de horas (esticadas) vemos e revemos todo o espaço.

Ainda assim, não deixa de ser uma boa experiência e um espaço muito engraçado e com fama merecida, as crianças adoram deambular pelas diferentes casinhas, igrejas castelos feitos à medida deles. Algumas notas principais:

  • Sim, é Portugal dos Pequenitos, apesar de toda a gente dizer que é dos Pequeninos.
  • A parte da entrada, correspondente às antigas colónias, já não faz grande sentido, com uma imagem completamente imperial/colonialista, com uma estereotipagem brutal dos negros selvagens; no entanto, também não creio que faça sentido mudá-la, pois é tão só uma coisa datada, e o verdadeiro público-alvo, as crianças, não verá as coisas por essa lente.
  • O preço que cobram pelo comboio que dá uma mísera voltinha pelo quarteirão da entrada é um assalto, deveria estar incluído na entrada, que sendo aceitável, não é propriamente barata.

Em suma, não é nada de extraordinário, mas tem a sua mística própria e vale sempre a pena.

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Cinemadas

Variações

Tinha grandes expectativas para este filme, e não saíram defraudadas. Primeiro, porque adoro o homenageado em questão, um artista completamente contra a corrente para o Portugal de então e muito à frente do seu tempo. Segundo, porque adorei a vibe do trailer; por último, e principalmente, porque há uns bons anos atrás vi o Sérgio Praia ao vivo, quando ainda era (para mim) um desconhecido, e já então achei-o um actor do caraças (ele não se deve lembrar mas até veio cá agradecer, o que muito me honrou).

Ele é efectivamente o filme (e segundo consta, muito tempo lutou pela sua produção), fá-lo com uma entrega tremenda, saltitando entre momentos de exuberância (nunca excessiva) e outros de quase contrição, mergulhando-nos completamente na jornada de transformação do cantor António na estrela Variações.

Tudo isto é feito sem o típico endeusamento que é feito nestes biopics, focando-se mais no facto do Variações ser um gajo “normal”, com alguma visão, e que meteu na cabeça que queria ter sucesso na música e não descansou enquanto não o alcançou.

São realidades completamente diferentes, mas digo honestamente que não acho que este filme fique atrás do Bohemian Rhapsody, enquanto cinema, e fosse ele Hollywood e estaria oscarizado.

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Cinemadas

Once upon a time in Hollywood

Já não me lembro há quantos anos não ia ver um filme em noite de estreia, e nada melhor que um do Tarantino para desenferrujar essa experiência.

Segue firme a máxima de que não há um filme dele de que não tenha gostado; diria que, no meu top pessoal, este fica mais ou menos a meio, tendo coisas que adorei e não tendo outras das quais senti falta.

Adorei a atenção aos mais ínfimos pormenores no sentido de retratar fielmente a Hollywood do final dos anos 60; cenários, músicas (a banda-sonora é gigantesca), anúncios, carros… tenho para mim que este deve ter sido um dos filmes que mais prazer lhe deu filmar, sendo um verdadeiro playground para extravasar a sua paixão pelo cinema.

Senti falta dos longos diálogos filosóficos, dos quais houve apenas um cheirinho maior na efémera personagem do Al Pacino (brilhante no seu curto tempo de antena), e de uma pequena criatura de 10 anos chamada Julia Butters que é simplesmente genial.

Adorei a química entre o Brad Pitt e o Di Caprio, e a forma como o primeiro, sendo o “secundário”, roubou (deliberadamente?) a cena.

Senti falta de um daqueles cameos do Tarantino “só porque sim” (há um nos créditos, mas só em voz).

Senti falta das catarses de violência absurdas, mas adorei, mesmo, muito, a derradeira que acontece perto do final, do qual adoraria escrever muito mais, mas que estragaria tudo para quem ainda não viu.

Venha o próximo, supostamente o último.

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Andanças

Alqueva

No mês de Agosto costumamos tentar repartir as férias entre as “nossas” praias da Caparica (que finalmente tem estado em clima de verão) e alguns dias em sítios menos repletos de turistas.

Desta vez a escolha foi a zona em torno do Alqueva, o maior lago artificial da Europa Ocidental. Ficamos na freguesia de Monsaraz, no hotel Vila Planície, um excelente sítio para descansar, com um preço bem razoável para a época altíssima, piscinas separadas para adultos e crianças e pessoal extremamente simpático. Tem também uma parceria com um restaurante muito bom que fica mesmo ao lado, o Restaurante Sem-Fim, um antigo lagar convertido em restaurante, quase um museu pelo muito que conserva do seu aspecto original.

Em Monsaraz há várias coisas a destacar; a praia fluvial e o centro aquático, pequeninos mas muito bem cuidados e organizados, com uma infra-estrutura que é um verdadeiro exemplo do que deve ser uma praia a todos os níveis: limpeza, acessibilidade, apoios, espaços, tudo é agradável, a beleza natural é incrível, a temperatura da água é excelente e a própria praia em si é muito boa, ao contrário de outras praias fluviais não traz dificuldade nenhuma a nível do solo, lodos e afins.

Há também o Castelo, um verdadeiro miradouro privilegiado para a cidade, o Alqueva, o Guadiana e a fronteira com nuestros hermanos, ruas impecavelmente cuidadas e diversos sítios onde comer e beber à grande.

A cereja no topo do bolo foi o Observatório do Lago Alqueva, uma excelente surpresa. O observatório faz parte da reserva “Dark Sky” do Alqueva, certificado como um dos melhores locais do mundo para observação de estrelas; além de por si só o céu já providenciar um espectáculo inesquecível, ainda há este observatório com um telescópio gigantesco que nos permite ver planetas, luas e até uma galáxia vizinha com nitidez. Fiquei verdadeiramente embasbacado com a beleza e a limpidez do céu, não estava à espera de terminar uma viagem ao Alentejo com tamanha viagem pelo universo.

Infelizmente por mais que estivesse entusiasmada, a Carol só aguentou até às 23 e pouco, e só conseguimos ver através do telescópio Júpiter e Saturno, mas ainda assim valeu muito, muito a pena, e de certeza que havemos de lá voltar.

Visitamos ainda outra praia fluvial do mesmo estilo da de Monsaraz, inaugurada recentemente e muito bonita e agradável, na cidade vizinha de Mourão, fizemos a clássica jogada de ir abastecer o carro a Espanha (Villanueva del Fresno) e regressamos pela mítica Évora para abastecer-nos a nós próprios.

Definitivamente, sítios a revisitar.

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