Há quatro anos atrás, era tudo bem mais simples. Havia mais tempo, menos preocupações, poucas dúvidas e incertezas.
Não havia quem gritasse em desespero “pai!” às duas e meia da manhã, nem quem me obrigasse a dançar quando chegava do trabalho, pronto para me esticar no sofá. Não via os mesmos desenhos animados nem lia as mesmas histórias trezentas. vezes. seguidas.
Ninguém esperava obter de mim as respostas para tudo o que é imaginável perguntar, nem inquiria em seguida o porquê do porquê do porquê, e porquê.
Preocupava-me pouco a estupidez humana ou o futuro do planeta, e compadecia-me menos, fosse com o que fosse.
O tudo que era mais simples, perderia hoje a graça, de tão menos desafiante. O tempo a mais seria em vão, pois não mais teria como preenchê-lo, de forma tão veemente.
Não haveria quem me emocionasse de tal modo, com gestos tão pequenos, nem que me surpreendesse tanto e tão frequentemente, de todas as maneiras.
Ninguém me obrigaria de forma tão latente a desconhecer os meus limites e a dar diariamente o melhor de mim.
Preocupar-me-ia mais com pormenores somenos, e julgar-me-ia mais forte, sendo no entanto mais vácuo.
Só voltaria há quatro anos atrás se fosse para te trazer ao mundo outra vez.
Parabéns e mais uma vez, obrigado. O mano também agradece, pois só o tornaste ainda mais desejado.