Conforme tinha escrito no post anterior, queríamos desfrutar por alguns dias de um lugar mais calmo e com boas praias para torrar, e Naxos revelou-se uma escolha acertada nesse sentido. Confesso que nem sequer de nome conhecia esta ilha (a maior das Cíclades e, de acordo com a mitologia, onde Zeus nasceu) até há bem pouco tempo, mas descobri-a num site ao qual incontornavelmente vamos parar quando começamos a pesquisar sobre férias na Grécia: o do Santorini Dave.
Como o nome indica, ele é um apaixonado por Santorini mas não só, é um entusiasta de viagens em geral e da Grécia em particular, e a ilha que ele considera ser a mais “family friendly” é precisamente esta. Spot on. Chegamos até lá através de um ferry da Hellenic Seaways, numa viagem de mais ou menos quatro horas absolutamente tranquila, tanto pelo conforto do bicho quanto pelas facilidades a bordo (se forem em época baixa, como nós, paguem apenas a classe economy, porque depois deixam-vos sentar em qualquer lado), mas não recomendo esta companhia, pois cancelaram-nos os barcos de e para Santorini mesmo em cima da hora (no post sobre Santorini já falo sobre isto em mais detalhe).
As meras viagens de ferry entre ilhas são por si só passeios que valem a pena, pois obtém-se uma perspectiva bem interessante da “vizinhança” e da paisagem de várias delas, e o desembarque por via marítima tem todo um outro encanto que não existe no de via aérea.
Optamos por alugar carro na ilha, “orientado” pelo Stravos, o dono do nosso hotel, o Anatoli Hotel; é um hotel muito simples e familiar, com a família que o gere revelando simpatia e atenção extraordinárias. Diria que o carro não é absolutamente indispensável mas é bastante útil para explorar a ilha, que não é tão pequena quanto isso e, apesar de ter excelentes praias um bocado por todo o lado à mão de semear, tem as melhores em sítios mais ou menos distantes ou isolados a nível de transportes. Faz-se, mas com maior esforço.
Todas as praias são de águas calmas e areia “como deve ser” (ao contrário de outras ilhas com pedra/areia preta), com bastante espaço para estar à vontade e bem servidas de organização (chapéus, bares, restaurantes) quando assim convir; normalmente nem sequer se cobram pelos chapéus de sol, bastando consumir qualquer coisa nos bares de apoio, por mínima que seja. A nossa preferida foi sem sombra de dúvida Plaka; a limpidez, a temperatura da água e a vista para a ilha de Paros é em tudo semelhante às restantes, mas a calma e a envolvente em redor fazem a diferença. Agios Prokopios leva uma menção honrosa (e é a praia da foto que ilustra o post).
Tivemos bastante sorte com o clima, pois apanhamos sol e calor abrasador em todos os dias excepto num, e nesse aproveitamos para explorar um bocado mais a pé os meandros antigos da capital (Hora), que possui bairros muito interessantes do tempo em que estavam sobre domínio Veneziano (incluindo um castelo dessa era), a Portara, a porta do templo inacabado de Apolo, que tem mais de 2500 anos e é um bocado o ex-libris da ilha e das primeiras coisas em que reparamos ao lá chegar, e o vilarejo de Apollonas, do outro lado da ilha e que tem um recato um bocado menos turístico e ainda mais pacato.
Tenho que fazer menção a um restaurante, pois foi onde fomos jantar todas as quatro noites, sem excepção, o To Elliniko; por mais que quiséssemos experimentar outra coisa, a Carol ficou encantada com ele e quis lá voltar sempre, o que nunca aconteceu com nenhum restaurante que não o McDonalds, portanto aproveitamos a deixa e não contrariamos. Excelente ambiente (o restaurante é todo em esplanada ao ar-livre), dono e staff super-simpáticos e com pratos muito bons, dos quais destaco o Kleftiko (cabra nova no forno com legumes) e a tradicional Moussaka grega, que está disponível em todo o lado mas foi o sítio onde a achamos com melhor aspecto e estava divinal; a Moussaka é uma espécie de lasanha, mas com carne de borrego/carneiro e carregada com beringela e especiarias. Mais uma vez, aqui também se segue a tradição de trazerem sempre uma sobremesa incluída, ora gelado, ora melancia, ora outro doce qualquer que não percebemos o nome 🙂
O próximo porto foi o de Athinios, em Santorini, destino sobre o qual escreverei no próximo post.