Antes de mais, é preciso ter tomates e muita criatividade para adaptar um livro destes. Felizmente o João Botelho teve os dois. Um livro que não é bem um livro deu num filme que não é bem um filme, um desfile de personagens ridículas em momentos oníricos, espelhando na Lisboa actual os devaneios e fragmentos de uma mente brilhante numa outra Lisboa.
É claro que é difícil conferir visibilidade a um filme destes, mas é um enorme prazer ouvir as declamações do brilhante texto pessoano, e assistir a cada um dos momentos musicais (sem eles o filme não seria tão bom), começando desde logo com o Manuel João Vieira a atropelar o Aznavour, do qual deixo o curto excerto que está no youtube, mais o da Carminho, que com certeza toca.
Assim de cabeça, dos filmes portugueses de que mais gostei.