Cinemadas

Midnight in Paris

Não sou dos maiores fãs do Woody Allen, mas gostei bastante deste, talvez por me identificar um bocado com essa história de querer ter vivido no passado (ainda que a minha onda fosse mais um Rio Antigo).

O ambiente parisiense é excelente e todos os “cameos” das figuras do passado são muito bons, destacando-se o Hemingway e a muita breve mas deliciosa aparição do Salvador Dali, no corpo do Adrien Brody.

Fiquei irritado comigo mesmo, pois não sabia que o “Façamos” do Chico Buarque é uma adaptação do “Let’s Do It” do Cole Porter. Agora sei.

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The Sunset Limited

Dois velhos e uma sala de estar. É tudo o que é necessário para fazer um grande filme.

Protagonizado por Samuel L. Jackson e Tommy Lee Jones e realizado por este último para a televisão americana, é imensamente superior a 90% dos filmes que estreiam comercialmente nas salas de cinema. Para isso muito contribui o brilhante texto de Cormac McCarthy que lhe dá origem e que opõe Black, um preto cristão evangélico, a White, um pessimista professor ateu.

White é salvo à última hora de um suicídio na linha do metro por Black, que o leva para o seu apartamento, sucedendo-se uma série de intensos diálogos entre os dois sobre o sentido da vida e da morte, os valores da sociedade e das religiões, e demais trocas de argumentos sobre a visão completamente oposta que os dois possuem do mundo. Por vezes dramáticas, outras divertidas, em todos os momentos estas conversas são lições de inteligência e de interpretação.

Ver isto ao vivo, num teatro, seria um privilégio e tanto.

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Cinemadas

Drive

Este é um filme de acção como já não via há algum tempo. A sua realização é deliberadamente puxada aos anos 80, a todos os níveis; banda-sonora, ambiente e planos aéreos à Michael Mann, cena de entrada a preceder a sequência de créditos cheia de cores garridas sob escuro e neón. Mas tudo feito com muito estilo.

Ryan Gosling, um actor da moda (com mérito), assume o papel “Eastwoodesco” de um mecânico e stunt driver de filmes de acção, que ocasionalmente presta serviços de fuga em assaltos. O personagem não tem nome, e dele ouvimos pouquíssimas falas, limitando-se  desempenhar meticulosamente as suas tarefas e a seguir o seu caminho.

A determinada altura sai do seu isolamento e estabelece uma relação de amizade com uma vizinha e o seu filho, cujo pai está na cadeia. Quando este regressa, mete a família sob ameaça de mafiosos e envolve-o num suposto último assalto que acaba por ser muito mais complexo do que se imaginava, gerando uma espiral de perseguição e violência.

Talvez seja erróneo promover o filme como sendo de acção; apesar de tê-la, é muito mais um “character movie“, com um herói enigmático e ambíguo, por vezes nobre, outras perturbador na faceta sombria que tão natural quanto repentinamente demonstra.

Simples, minimalista e muito bem esgalhado.

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50/50

 

50/50 conta a história de um escritor de rádio de 27 anos que é diagnosticado com um tipo de cancro raro, que lhe confere 50% de hipóteses de cura. Partir desta premissa poderia levar-nos a supor um drama, mas é antes uma comédia, que relata com (bom) humor a sua luta pela sobrevivência.

Além de demonstrar que podemos e devemos fazer humor (não-fácil) com este tipo de coisas, o que mais gostei no filme foi a forma como, tratando do assunto que trata, consegue esquivar-se completamente a lamechices, lições de moral e dramatismos fáceis. As emoções são extremamente contidas durante grande parte do tempo, culminando num momento com uma carga emocional brutal, mas despoletada de forma bastante simples.

Não é um grande filme, mas é honesto, engraçado e inspirador.

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Um Ano

Sinceramente, gostaria de fazer uma festa daquelas todos os anos, se possível fosse. Não o é, restando-me celebrar e agradecer diariamente pelo amor que sinto pela minha mulher.

Muitas coisas se passaram de um ano para cá, umas boas e outras não tanto, mas no final, o que fica, o que sempre tem ficado e o que conto que sempre ficará, é o amor.

Citando Sinatra:

Love and marriage, love and marriage
It’s an institute you can’t disparage

No sir, you can’t.

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Cinemadas, Desportadas

The Damned United

Brian Clough foi um dos mais bem sucedidos treinadores ingleses de sempre, e também um dos mais controversos, pelo seu estilo directo e irreverente. Conseguiu tirar o Derby County da cauda da segunda liga inglesa elevando-os a campeões da primeira no ano seguinte e, anos mais tarde, tornar o modesto Nottingham Forest campeão inglês e da liga dos campeões, por duas vezes. No entanto, este filme centra-se no seu maior fracasso, os seus míseros 44 dias como treinador do gigante Leeds (onde era odiado pelas suas inúmeras bocas ao longo dos anos), alternando esse período com flashbacks dos momentos de glória anteriores e posteriores.

Sendo talvez o melhor filme sobre futebol alguma vez feito, é essencialmente um “filme de actores”; Michael Sheen, que tem uma queda imensa para biopics, incorpora o estilo e os maneirismos de Clough de forma extremamente convincente e hilariante, no qual é devidamente acompanhado pelo seu fiel adjunto e escudeiro Pete Taylor, interpretado por Timothy Spall, que só tem “azar” por ter nascido com o aspecto que tem (calham-lhe sempre mais ou menos o mesmo tipo de papéis), pois é um actor brilhante. A relação amor-ódio entre os dois é um dos pontos altos do filme, sendo o outro o ódio de morte que Clough destina a Don Reavie, anterior treinador do Leed.

Uma hora de meia de belo entretenimento, sotaque do norte de Inglaterra e bloodys, bollocks e twats com fartura.

 

 

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Cinemadas

Dracula

Em noite de halloween, satisfiz a minha vontade de rever o Dracula do Coppola. A seguir será o do Lugosi.

É um bom filme, mas ainda assim uma obra menor de Coppola, e menos prazerosa do que a leitura do clássico. Pode-se dizer que é em grande parte uma adaptação fiel, mas diverge em pontos fundamentais, com o amor e a entrega entre Mina e o Dracula à cabeça.

O Gary Oldman é brilhante na pálida pele do Conde, o velho Anthony Hopkins não tanto quanto o velho Ven Helsing mas tem os seus momentos, o grande Tom Waits dá uma excelente perninha de ator como o louco Renfield e o Keanu Reeves é mau demais para ser verdade, conseguindo tornar mais insonso ainda um papel que já de si o era.

A trivia do IMDB diz-nos que o próprio Coppola se arrependeu de escolhê-lo:

Francis Ford Coppola has openly criticized his own reasoning for casting Keanu Reeves as Jonathan Harker. According to him, he needed a young, hot star that would connect with the girls. 

Enquanto ele defende-se com o cansaço:

Keanu Reeves said years after the movie came out that he wasn’t happy with his work in it, stating he had been exhausted from making several films right on the heels of signing on as Jonathan Harker, and that he tried to raise his energy for the role “but I just didn’t have anything left to give”.

Retiro duas coisas daqui. Uma é que mesmo um mestre como o Coppola teve que fazer concessões, pois é sabido que andava nas lonas com o fracasso comercial dos filmes anteriores, e este Dracula possibilitou-lhe a recuperação. A outra é que não é necessariamente mau que assim seja, antes pelo contrário; tivessem todos os filmes de sucesso comercial a qualidade deste.

Side note: a música dos flashbacks da nova série de terror American Horror Story (muito boa, por sinal) parece-me claramente adaptada desta.

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Tecnologias

Google Reader Redesign

De há uns anos para cá que não vivo sem o Google Reader, e hoje ficou disponível na minha conta o seu novo design, que segue a linha do que tem sido feito gradualmente com os restantes produtos da empresa.

O design já merecia, e mais uma vez ficou bastante bom, agora… eu não chego a ponto de ser um Sharebro nem nasci no Irão, mas essa história de acabarem com as partilhas e com a possibilidade de seguir pessoal somente no Reader para obrigarem a usar o Google + é ridícula.

Quanto mais me obrigam a usar um serviço, menos vontade tenho de o fazer, ainda mais se tratando de uma rede social. Mas é mais um preço a pagar, ao vender-lhes a alma diariamente…

 

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