Em noite de halloween, satisfiz a minha vontade de rever o Dracula do Coppola. A seguir será o do Lugosi.
É um bom filme, mas ainda assim uma obra menor de Coppola, e menos prazerosa do que a leitura do clássico. Pode-se dizer que é em grande parte uma adaptação fiel, mas diverge em pontos fundamentais, com o amor e a entrega entre Mina e o Dracula à cabeça.
O Gary Oldman é brilhante na pálida pele do Conde, o velho Anthony Hopkins não tanto quanto o velho Ven Helsing mas tem os seus momentos, o grande Tom Waits dá uma excelente perninha de ator como o louco Renfield e o Keanu Reeves é mau demais para ser verdade, conseguindo tornar mais insonso ainda um papel que já de si o era.
A trivia do IMDB diz-nos que o próprio Coppola se arrependeu de escolhê-lo:
Francis Ford Coppola has openly criticized his own reasoning for casting Keanu Reeves as Jonathan Harker. According to him, he needed a young, hot star that would connect with the girls.
Enquanto ele defende-se com o cansaço:
Keanu Reeves said years after the movie came out that he wasn’t happy with his work in it, stating he had been exhausted from making several films right on the heels of signing on as Jonathan Harker, and that he tried to raise his energy for the role “but I just didn’t have anything left to give”.
Retiro duas coisas daqui. Uma é que mesmo um mestre como o Coppola teve que fazer concessões, pois é sabido que andava nas lonas com o fracasso comercial dos filmes anteriores, e este Dracula possibilitou-lhe a recuperação. A outra é que não é necessariamente mau que assim seja, antes pelo contrário; tivessem todos os filmes de sucesso comercial a qualidade deste.
Side note: a música dos flashbacks da nova série de terror American Horror Story (muito boa, por sinal) parece-me claramente adaptada desta.