Partir a cabeça.
Monthly Archives: Outubro 2011
Felon
Não me lembro de ter ouvido falar deste filme de 2008 na altura em que saiu e nem lembro como fui a ele ter. Nele é contada a história de um pai de família que mata involuntariamente, com um taco de baseball, um assaltante que invadia a sua casa.
Como a tacada é desferida já fora de casa, em perseguição ao assaltante, o ato não é considerado legítima defesa e ele apanha três anos de cana. Lá dentro, tendo que se enquadrar nos esquemas dos gangues e no quotidiano de violência imposto pelos próprios guardas, entra numa espiral que não só agrava a sua pena quanto o faz duvidar da sua própria essência.
Quem lhe ajuda a manter a sanidade e o discernimento necessário para recuperar o seu “american dream” é o seu companheiro de cela, que está condenado a perpétua por múltiplos assassinatos e tem saltado de prisão em prisão por propagar chamas revolucionárias.
Uma história batida e contada de forma simples, mas clara (e violentamente) focada e acima da média. Uma nota para o actor principal, Stephen Dorff, que independentemente da qualidade dos filmes faz invariavelmente grandes trabalhos. Não percebo como é que não tem mais tempo de antena, em contraste com outros tantos.
Rosmersholm
Nesta peça é a primeira vez que o Gonçalo Waddington além de protagonizar, encena. É também a primeira vez que assistimos a uma peça com ele e não gostamos.
Rosmersholm é considerada uma das obras-primas de Henrik Ibsen, sendo o nome da peça tirado ao local onde ela se desenrola, uma mansão onde habita Rosmer, o antigo pastor da localidade, e Rebecca, que o ajudou a cuidar da casa e da sua mulher antes do seu suicídio. Tudo gira à volta da forma como ambos estão aprisionados ao desejo não consumado (nem referido) que sentem um pelo outro, e ao medo da loucura e da perda da fé.
A história é bastante interessante, mas o texto é maçudo e enfadonho. Não sei se é fiel ou não ao original, mas achei demasiado difícil de mastigar.
Apesar de protagonizada por bons actores, não me transmitiu grande chama (sem contar que todos eles falharam com frequência nas falas), cabendo o melhor e desempenho ao Tiago Rodrigues, que só esteve duas vezes em palco durante uns poucos minutos, mas foi o único que conseguiu despertar o público.
Para piorar, o Teatro Maria Matos está com umas cadeiras (não percebi o motivo nem se são temporárias) indignas de um estádio da terceira divisão, que me deram vontade de ir embora após 15 minutos lá sentado.
Porta 65 Jovem
Para quem, como nós, ainda não se aventurou a comprar casa, até à próxima segunda-feira é possível concorrer à terceira fase de 2011 do programa porta 65 jovem.
Precisam de apresentar contrato, último recibo, IRS e ter a morada que vão indicar para a candidatura como residência fiscal nas finanças. Não podem (o agregado) ganhar mais que quatro salários mínimos, nem a renda extrapolar o valor máximo permitido por município (para um T2 aqui em Almada, por exemplo, o valor é 516€). A renda também não pode ser superior a 60% do rendimento bruto do agregado.
Se os ascendentes tiverem rendimentos inferiores a três salários mínimos, também podem (e devem) incluí-los no processo (tem efeito positivo para a candidatura).
Boa sorte.
Bram Stoker’s Dracula
Falo aqui do romance de 1897 e não do filme homónimo, o primeiro clássico que o Kindle me deu o prazer de ler.
Não foi uma leitura fácil de arrancar, primeiro, pela linguagem e pelos maneirismos do inglês da altura; depois, pelo próprio ritmo da narrativa: é um romance epistolar, em que a história é desenvolvida através de cartas, jornais e diários dos personagens, e nas primeiras páginas todos estes elementos são extremamente descritivos e vagarosos. Passado o choque inicial, achei bastante interessante esta estrutura e a forma como vai juntando as peças e nos fornecendo diferentes perspectivas dos acontecimentos, bem como todo o ambiente gótico que os envolve.
Na minha opinião o Conde em si nem entra na competição para personagem mais interessante do livro, cabendo este papel a Renfield, o louco, seguido pelo professor Van Helsing. Todos os outros “bons” chegam a ser insípidos, de tão bons e puros que são e a forma como isso é constantemente salientado em cada página (e o quão maligno e repugnante é o Dracula, em contraste). Ao louco cabe um papel ambíguo, na forma como é usado pelo mal, e o modo delicioso como é relatado o “method in his madness”. Já o velho Van Helsing, apesar de também ser extremamente bom e magnânimo, possui alguma frieza no seu raciocínio e métodos pouco ortodoxos de convencer os restantes e a levar a sua luta avante. As suas dissertações acerca das origens do Drácula, do comportamento humano (e desumano), sobre necromancia e etimologia, são qualquer coisa de brilhante.
Em suma, é um romance cativante e indispensável quer se goste ou não da temática, que tão em baixo tem andado. É pena (pelo menos nesta versão) não possuir ilustrações, pois proporciona um imaginário bastante propício a isso.
Gostava de poder avaliar a fidelidade do filme (ainda o do Coppola, entre inúmeros outros) ao livro, mas vi-o quando era muito, muito novinho, e pouco mais me lembro do que ter ficado fascinado com as maminhas da Monica Belucci e das amigas e de resto ter me escondido debaixo do cobertor por grande parte do tempo. Fica pra rever.
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Sem muito para escrever, informo que estamos vivos e de boa saúde, já habitando no novo ninho.
As mudanças decorreram mais ou menos sem percalços, tirando uma proeza minha: na última leva do último dia, deixei cair as chaves da nova casa no poço do elevador do prédio antigo, tendo que pedir uma deslocação de urgência da Otis e pago para o efeito a módica quantia de cinquenta euros mais o belo do iva. Foi bonito.
De resto, tudo nos conformes, tirando faltar-nos um sofá. Quem quiser se chegar à frente, esteja à vontade.
O fim-de-semana foi mais cansativo do que uma semana de trabalho, e por isso dá mesmo jeito amanhã ser feriado devido a ser o dia de nascimento da mulher da minha vida. Uma musiquinha das preferidas para ela:
Tá-se bem aqui.