Tinha grandes expectativas para este filme, e não saíram defraudadas. Primeiro, porque adoro o homenageado em questão, um artista completamente contra a corrente para o Portugal de então e muito à frente do seu tempo. Segundo, porque adorei a vibe do trailer; por último, e principalmente, porque há uns bons anos atrás vi o Sérgio Praia ao vivo, quando ainda era (para mim) um desconhecido, e já então achei-o um actor do caraças (ele não se deve lembrar mas até veio cá agradecer, o que muito me honrou).
Ele é efectivamente o filme (e segundo consta, muito tempo lutou pela sua produção), fá-lo com uma entrega tremenda, saltitando entre momentos de exuberância (nunca excessiva) e outros de quase contrição, mergulhando-nos completamente na jornada de transformação do cantor António na estrela Variações.
Tudo isto é feito sem o típico endeusamento que é feito nestes biopics, focando-se mais no facto do Variações ser um gajo “normal”, com alguma visão, e que meteu na cabeça que queria ter sucesso na música e não descansou enquanto não o alcançou.
São realidades completamente diferentes, mas digo honestamente que não acho que este filme fique atrás do Bohemian Rhapsody, enquanto cinema, e fosse ele Hollywood e estaria oscarizado.
Já não me lembro há quantos anos não ia ver um filme em noite de estreia, e nada melhor que um do Tarantino para desenferrujar essa experiência.
Segue firme a máxima de que não há um filme dele de que não tenha gostado; diria que, no meu top pessoal, este fica mais ou menos a meio, tendo coisas que adorei e não tendo outras das quais senti falta.
Adorei a atenção aos mais ínfimos pormenores no sentido de retratar fielmente a Hollywood do final dos anos 60; cenários, músicas (a banda-sonora é gigantesca), anúncios, carros… tenho para mim que este deve ter sido um dos filmes que mais prazer lhe deu filmar, sendo um verdadeiro playground para extravasar a sua paixão pelo cinema.
Senti falta dos longos diálogos filosóficos, dos quais houve apenas um cheirinho maior na efémera personagem do Al Pacino (brilhante no seu curto tempo de antena), e de uma pequena criatura de 10 anos chamada Julia Butters que é simplesmente genial.
Adorei a química entre o Brad Pitt e o Di Caprio, e a forma como o primeiro, sendo o “secundário”, roubou (deliberadamente?) a cena.
Senti falta de um daqueles cameos do Tarantino “só porque sim” (há um nos créditos, mas só em voz).
Senti falta das catarses de violência absurdas, mas adorei, mesmo, muito, a derradeira que acontece perto do final, do qual adoraria escrever muito mais, mas que estragaria tudo para quem ainda não viu.
No mês de Agosto costumamos tentar repartir as férias entre as “nossas” praias da Caparica (que finalmente tem estado em clima de verão) e alguns dias em sítios menos repletos de turistas.
Desta vez a escolha foi a zona em torno do Alqueva, o maior lago artificial da Europa Ocidental. Ficamos na freguesia de Monsaraz, no hotel Vila Planície, um excelente sítio para descansar, com um preço bem razoável para a época altíssima, piscinas separadas para adultos e crianças e pessoal extremamente simpático. Tem também uma parceria com um restaurante muito bom que fica mesmo ao lado, o Restaurante Sem-Fim, um antigo lagar convertido em restaurante, quase um museu pelo muito que conserva do seu aspecto original.
Em Monsaraz há várias coisas a destacar; a praia fluvial e o centro aquático, pequeninos mas muito bem cuidados e organizados, com uma infra-estrutura que é um verdadeiro exemplo do que deve ser uma praia a todos os níveis: limpeza, acessibilidade, apoios, espaços, tudo é agradável, a beleza natural é incrível, a temperatura da água é excelente e a própria praia em si é muito boa, ao contrário de outras praias fluviais não traz dificuldade nenhuma a nível do solo, lodos e afins.
Há também o Castelo, um verdadeiro miradouro privilegiado para a cidade, o Alqueva, o Guadiana e a fronteira com nuestros hermanos, ruas impecavelmente cuidadas e diversos sítios onde comer e beber à grande.
A cereja no topo do bolo foi o Observatório do Lago Alqueva, uma excelente surpresa. O observatório faz parte da reserva “Dark Sky” do Alqueva, certificado como um dos melhores locais do mundo para observação de estrelas; além de por si só o céu já providenciar um espectáculo inesquecível, ainda há este observatório com um telescópio gigantesco que nos permite ver planetas, luas e até uma galáxia vizinha com nitidez. Fiquei verdadeiramente embasbacado com a beleza e a limpidez do céu, não estava à espera de terminar uma viagem ao Alentejo com tamanha viagem pelo universo.
Infelizmente por mais que estivesse entusiasmada, a Carol só aguentou até às 23 e pouco, e só conseguimos ver através do telescópio Júpiter e Saturno, mas ainda assim valeu muito, muito a pena, e de certeza que havemos de lá voltar.
Visitamos ainda outra praia fluvial do mesmo estilo da de Monsaraz, inaugurada recentemente e muito bonita e agradável, na cidade vizinha de Mourão, fizemos a clássica jogada de ir abastecer o carro a Espanha (Villanueva del Fresno) e regressamos pela mítica Évora para abastecer-nos a nós próprios.