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A ponte dos que não foram

Sentimentos ambíguos me assolam quando penso na Câmara de Almada.

Se o concelho sofreu uma evolução brutal desde que vim para cá, e dando de barato que o ritmo não foi nem de perto nem de longe o mesmo em todas as freguesias, há certas coisas que me custam compreender.

Estudei 6 anos na FCT, e antes disso estive nos 3 anos que estive na EPED, já lá ia almoçar. Fui trabalhar para o Madan Parque logo após a sua abertura.

Sempre tive que atravessar o pedaço que liga a actual localização do Madan Parque à porta lateral que dá entrada à FCT. Sem passadeira e com carros a circular dos dois sentidos, o trajecto não é propriamente seguro, de facto. Decidiram fazer uma ponte pedonal a ligar a FCT ao Madan; até aqui tudo bem.

Agora, expliquem-me uma coisa: como é que uma ponte que liga a faculdade ao Madan Parque… não vai dar ao Madan Parque? Ninguém que trabalha no Madan Parque e se desloca à FCT vai dar uso a essa ponte. A ponte beneficia um ou dois alunos que estejam alojados nos prédios que estão virados para a ponte e pouco mais.

A figura acima (em que ainda não existia a dita ponte) ilustra o cenário: os círculos verdes identificam as portas da faculdade e do Madan, e a linha verde o caminho normal. A linha vermelha representa a ponte, que vai dar nas traseiras do edifício de informática, e termina nos prédios da entrada do Monte, não no Madan.

Ainda que possam existir argumentações a favor desta ponte, ou dificuldades de ordem técnica que impedissem que a ponte que liga a FCT ao Madan Parque fosse mesmo dar ao Madan Parque, então… para quê fazer ainda assim a ponte, se ela não cumpre o objectivo a que se destina? Pintar uma passadeira no chão não teria o mesmo efeito e seria muito mais barato? (Nomeadamente mais barato que os 125.366,47 € da execução + os 12.500€ do estudo)

Mesmo que existam respostas às perguntas anteriores, e em relação à ponte ter estado trancada vários meses após a sua conclusão? Tirei a foto acima a um cidadão que experimentava a ponte uns dias após a conclusão da obra, em Janeiro deste ano, e a seguir a isso… trancas nas portas. Porquê vedar um acesso acabado e disponível?

A esta pergunta eu acho que consigo responder: na revista municipal deste mês, é dado imenso destaque às iniciativas da semana verde. Entre elas estão… a inauguração da ponte FCT-Madan Parque, à qual foi dado o pomposo nome de “bicilink”. Impede-se a já de si fraca utilização que a ponte teria durante meses, para fazer uma inauguração de encher chouriços, em mais uma inócua iniciativa da apregoada mobilidade/sustentabilidade/verdura whatever.

Fica pra pensar.

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2 thoughts on “A ponte dos que não foram

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