Fazia um bom tempo que eu não lia um clássico, na verdadeira acepção da palavra. Este foi emprestado, em edição antiga, com textura, cor e cheiro a clássico. Terras do Sem-Fim é mais um excelente romance de Jorge Amado que, como Tieta ou Gabriela Cravo e Canela, deu em novela.
O livro retrata o desbravamento e expansão de parte do território do estado da Bahia, com a chegada da “febre” do cacau à região, no início do século XX. De uma era em que a escravidão já havia sido abolida formalmente mas em que o visgo do cacau e a perspectiva de um futuro melhor mantinham presos e obcecados diversos homens, e em que imperava a lei da bala e do facão dos coronéis.
Dois coronéis são o centro da narrativa, Horácio da Silveira e Sinhô Badaró, que disputam de forma acirrada cada palmo de terra da mata de Sequeiro Grande, mas o verdadeiro personagem central do livro é a própria terra, a mata que enfeitiça e consome as mais diversas e rocambolescas personagens e o próprio leitor, pela pena do mestre. Com muita história de amor e de sangue pelo meio.
Depois de Capitães de Areia (este no topo) e Gabriela, confirma-se que não há livro de Jorge Amado de que eu não goste.