Categoria: Andanças

Venturas e desventuras pelo mundo afora

  • 6 Anos

    No mês em que se comemoraram os 6 meses de vida da minha filha, comemoram-se também os 6 anos de namoro com a mãe dela. Se a minha pífia matemática não me falha, é também a última vez em que os anos de namoro correspondem ao dobro dos anos de casados. Adoro joguinhos parvos com numerologia, mas vamos ao que interessa.

    Há 6 anos atrás, depois de um jantar em Setúbal, eu me entreguei à mulher com quem estou até hoje. Confesso que me entreguei sem fazer a mínima ideia ao que ia, nem o que é aquilo ia dar. Fui no fluxo. Já tive sorte com o acaso em outras ocasiões, mas dessa vez foi a melhor decisão irreflectida que tomei em toda a minha vida.

    Eu já a conhecia bastante bem à época, mas não tinha completa noção da grande mulher que ela é, e ainda hoje, por vezes me surpreendo e emociono. Até à data, os melhores momentos que vivi na minha vida foram ao lado dela, e é assim que pretendo que continuem a ser. Como dizia Renato Russo, com ela por perto, eu gosto mais de mim.

    Para meu prejuízo, sei que por mais que tenha feito disso uns dos meus objectivos de vida, nem sempre lhe fiz bem, mas mesmo aí ela soube me aturar, lutar por nós e reverter isso a favor do nosso amor.

    Quando referi há um post atrás o quanto a minha filha tinha mudado e melhorado a minha vida, não referi, precisamente para tirar essa carta hoje da manga, que ela está apenas dando continuação ao excelente trabalho que a mãe dela iniciou há seis anos atrás.

    É uma bonita história, é uma história sem fim à vista, é uma história que em 6 anos nunca foi minimamente aborrecida.

    Não sou religioso, mas me julgo imensamente abençoado por poder amar duas mulheres, de forma sempre tão intensa.

  • Street Performance World Championship 2013

    SAM_0710

    Este fim de semana decorre aqui em Dublin o Street Performance World Championship 2013, no Merrion Park.

    Diz que amanhã a onda de calor já desvanece, mas mesmo assim acho que é de aproveitar. Organização muito boa para um evento de entrada gratuita, cheio de animação, barraquinhas de doces e de churrascada, num verdadeiro circo (sem animais, felizmente) ao ar livre.

    Tirando os animadores avulsos acabamos por só ver a performance de um dos finalistas, o duo australiano “The Doogans“, um casal ainda mais pirado do que os pais da Carolina.

    Falando nessa menina, uma nota para a tamanha sorte que temos com ela. Para onde quer que a levemos, pelo tempo que seja, a confusão que for, ela encara tudo sempre com boa disposição e aquele sorriso de derreter papai e mamãe.

    Great stuff.

  • Dublin Zoo

    Irish Summer

    Esta sexta-feira, no WC do escritório, ouvi dois colegas irlandeses a comentarem, bastante animados (eu ia dizer excitados mas soava mal, dois homens num urinol) que vinha aí uma “heatwave” para este fim de semana, heatwave essa que poderia levar a temperatura a chegar até uns absurdos… 24ºC! Perdoai-lhes senhor, que eles não sabem o que é calor a sério…

    Particularidades do verão irlandês à parte, a verdade é que o sábado esteve mesmo solarengo e agradável, e aproveitamos para conhecer um bocado do (gigante) Phoenix Park e do Dublin Zoo.

    SAM_0642

    Se fosse entrar em comparações com o Jardim Zoológico de Lisboa provavelmente ia sair um balanço negativo deste passeio, porque temos realmente na capital portuguesa um zoológico excepcionalmente bom e repleto de actividades. Ainda assim, este é muito agradável, muito verde (como quase tudo por aqui), e segue também a tendência de ter bastantes “vilas” e espaços amplos ao invés de jaulas. Muitos dos animais estavam escondidos devido ao calor, mas foi divertido na mesma. A Carol não estranhou minimamente os animais de maior porte; pelo contrário, era só sorrisos cada vez que a tirávamos do carrinho para ver um bicho novo.

    Um aspecto que ainda não tinha comentado por aqui e que me deixa bastante contente, é a quantidade de crianças que se vê pelas ruas. Vemos imensos casais jovens com filhos, e não só com um ou dois, mas com três, com quatro, com cinco, com carrinhos de dois lado a lado/à frente e atrás/em cima e em baixo, com uns pela mão e outros a caminho… é algo que acho que dá bastante ânimo, e que faz falta à sociedade portuguesa, que se encaminha perigosamente para uma sociedade de filho único e tardio.

    Finalizando o dia em beleza, estivemos os três esparramados na relva do parque, tendo às tantas uma menina um pouco mais velha que a Carol ficado encantada com ela e  se deitado ao seu lado fazendo carícias e dando beijinhos, e ela toda derretida.

    Good stuff!

  • Bray

    image

    Este sábado foi dia de alugar carro outra vez.

    O fim de semana começou com chuva e não prometia nada, mas à tarde fomos abençoados com um belo sol. Já sabem o ditado, se não gostam do clima Irlandês, esperem 5 minutos!

    Temos uma boa quantidade de praias por perto, mas desta vez fomos um bocadinho mais a sul, pelo passeio, mais concretamente a Bray, que já pertence a Wicklow. Podíamos ter ido directamente pela auto-estrada M50, mas cometemos o erro de ir pelo centro, onde decorria a Dublin Pride 2013, e levamos cerca de uma hora a mais do que devíamos. Teve a sua graça…

    Bray é uma vila muito limpa e simpática, e tem a praia que mais me encantou até agora neztepaiz. Só faltou mesmo o mergulho, ou mais concretamente a coragem para dá-lo no gélido Irish Sea.

    Existe uma caminhada bastante recomendada de Bray até à cidade vizinha de Greystones, mas essa vai ter que ficar para quando a Carol crescer mais um bocado!

    Tá-se grand em Bray.

  • Emigrando para a Irlanda – PPS Number

    Já tinha aqui falado do PPS number, sem o qual não se é ninguém na Irlanda, mas vou deixar aqui mais um pormenor em relação a ele, que é bastante simples mas sobre o qual não consegui encontrar nenhuma informação nas internetes.

    Graças a todos os deuses, as minhas meninas já estão aqui do meu lado, e como tal fomos tratar desse bendito número para elas. Obviamente elas também não tinham comprovativo de morada no nome delas, e nem podiam pedir carta ao empregador como pedi.

    Para a Carolina nem era preciso por ser bebé, mas mesmo para a mamãe a solução foi fácil: tendo eu um contrato de arrendamento, bastou escrever uma cartinha dizendo que ela mora comigo. Ela é minha esposa, mas penso que também funciona para namoradas, amigos e tudo o mais.

    Grand!

  • Conduzindo à esquerda

    Irina On Left

    Este fim de semana alugamos um carrinho para passear e sentir pela primeira vez  como era a condução do lado errado da estrada.

    Foi melhor do que esperava. Não achei muito difícil, e isto até para mim, que nem em Portugal sou grande condutor. Para a minha amada mulher que até é grande condutora  também não foi, apesar de quase ter arrancado um espelho em Malahide.

    A maior dificuldade foram as rotundas, em que por duas vezes o meu co-piloto temeu pela vida por eu entrado à bruta, sem confirmar que não vinham carros do lado de onde era realmente suposto eles virem.

    O segredo é concentrarmo-nos em manter sempre à esquerda, seguir os outros carros sempre que possível, e rezar. Acho que em pouco tempo o chip do cérebro muda de vez.

    Já agora, aluguei na Thriffty, que recomendo. Apesar de ter má fama tem preços bastante bons (um pouco à imagem da minha própria empresa). Não recomendo é o site por onde fiz a reserva, o rentalcars.com (também conhecido como car hire 3000), que impingiu-me um seguro contra todos os riscos que depois nem dava para usar se não fizesse um depósito de 1200€ (!) no balcão. Deu para cancelar por telefone, mas irritou.

    Stay on the left!

  • Common you boys in blue!

    Dublin x Tyrone

    Ontem estivemos no mítico Croke Park, assistindo a uma final não tão mítica de Gaelic Football.

    O estádio, mesmo não estando cheio, é imponente. Foi lá que se deu um dos Sunday Bloody Sunday‘s que houveram ao longo da história (não é deste que a música dos U2 fala). Muito resumidamente, durante a Guerra da Independência, em 1920, o Reino Unido enviou um grupo de agentes secretos para combater o IRA em Dublin. O Michael Collins conseguiu descobrir a identidade deles e mandou limpar-lhes o sebo. Em retaliação, entre outras selvajarias, o pessoal britânico abriu fogo sobre a multidão num jogo de Gaelic Football no Croke Park.

    Em relação a esta partida em si, porquê o desencanto? Ora, o jogo em si até é bastante interessante, apesar do ritmo meio parado, mas a vibração nas bancadas… muito a desejar. Dublin jogava em casa contra Tyrone, não ganhava esta liga há 20 (!) anos e, ainda assim, termina o jogo e o povo todo fica mais ou menos na mesma. Uns lampejos de alegria aqui e ali, mas nada de lágrimas, gritos até doer a voz, achincalhamentos ao adversário… aliás, nem os próprios jogadores dentro de campo festejaram desalmadamente. Também não ajudou à nossa festa não ter havido um golozinho sequer na baliza “normal”, de rede! E só haver um cântico para o jogo inteiro, aquele que dá o título a este post.

    Quem quiser saber melhor as regras, que vá assistir um, que não é caro e são quase duas horas bem passadas, ou assista ao vídeo acima, que resume muito bem a coisa.

    Strange game!

  • Emigrando para a Irlanda – Custos

    Ireland Coins

    Esta é das partes que mais interessa a quem se muda: os custos. Contem com um maior salário, mas também com maiores despesas. Não na mesma proporção, senão não estava aqui!

    Começando pelo maior de todos: alojamento. Se, como eu, vierem para Dublin, não contem arranjar um T2 (pequenino!) por menos de 800-1000 euros. Quanto mais perto do City Centre, mais caro. As outras grandes cidades do país, como Galway ou Cork, são mais baratas nesse aspeto, mas regra geral oferecem também salários menores.

    Essa foi a má notícia. A boa é que o resto não é muito mais caro. A alimentação feita na rua é bastante mais cara, mas a “de supermercado” é quase equivalente. Há o Tesco e os nossos conhecidos barateiros Lidl e Aldi, que oferecem todos preços e promoções competitivas. E há a minha loja preferida, a Dealz, uma espécie de supermercado dos trezentos, com tudo a 1.49€.

    Luz e gás também não ficam atrás de Portugal e a água, pelo menos por enquanto, não se paga (uma das medidas de austeridade que querem implementar para 2014 é a água passar a ser tarifada).

    Para ter televisão e banda larga em casa, também há pacotes muito semelhantes aos que se encontram em Portugal, mas aqui para se ter televisão em casa, há uma taxa estúpida de 160€ por ano! Serve para sustentar o serviço público de televisão e radiofusão…

    O preço normal dos transportes não é barato, mas há esquemas que permitem comprar o passe ou uma bicicleta para ir para o trabalho com cerca de 50% de desconto, o que é excelente. Os carros são baratos, a gasolina é o mesmo preço mas os seguros e o imposto anual são bastante mais caros (rondando os 300€ por ano para o imposto e 30€ por mês pelo seguro, numa pesquisa não muito aprofundada que fiz).

    Um site bom para escolher fornecedores é o bonkers.ie, com comparativos detalhados para diversos serviços.

    A companhia aérea mais barata para se viajar é obviamente a Ryanair!

    Se me lembrar ou descobrir mais algo, aviso.

    I miss my girls, desperately.

  • Emigrando para a Irlanda

    Faz hoje uma semana que estou na Irlanda. Sendo cedo para grandes balanços, já consigo transmitir algumas dicas para quem queira ou precise seguir o mesmo caminho.

    Salto a parte de encontrar emprego, porque já vim com ele assegurado. Assim sendo, a minha principal tarefa à chegada foi encontrar casa.

    “O” site da especialidade aqui é o daft.ie. Tem muita oferta, mas também muita procura. É muito comum vermos um anúncio recente, tentarmos estabelecer contacto e o local já estar nas mãos de outro inquilino. Eu não sofri muito com isso porque até nem estou no centro da cidade, mas estejam preparados para ser pacientes. Aconselho também a fazerem logo contacto telefónico, porque nem sempre respondem aos mails.  Ou seja, assim que chegarem, arranjem também um cartão SIM irlandês.

    Tipicamente os contratos de arrendamento são no minímo de um ano, mas não se preocupem muito com isso: na Irlanda não é ilegal sub-alugar ou re-atribuir o aluguel a outra pessoa. Se depois quiserem ou tiverem de ir embora, “só” tem que tratar de arranjar novos inquilinos. Estejam preparados também para, à cabeça, dar um mês de renda e outro de caução, mas isso também é o normal em Portugal.

    Antes de mais, para serem alguém aqui, precisam de um PPS number. O PPS number é um identificador que corresponde ao número de contribuinte/número de segurança social em Portugal. É simples de pedir, bastando apresentar um documento válido (passaporte/cartão do cidadão) e uma morada. É aqui que a porca pode torcer o rabo, porque:

    • Para ter PPS number, é preciso uma morada
    • Para fazer um contrato de arrendamento, é preciso um PPS number

    Ciclo infinito… a solução? Ou dar a morada de algum conhecido, que foi o que fizemos, ou dar a morada do hotel em que estão alojados, e fazer a alteração para a morada definitiva à posteriori.

    Como  também interessa que comecem logo a cair euros de proveniência Irlandesa nos nossos bolsos, é conveniente abrir assim que possível uma conta bancária. Aqui também varia: alguns bancos pedem o PPS number e um comprovativo de morada (uma conta, que não temos), outros possuem balcões que aceitam cartas de empresas dos arredores (foi o nosso caso), é uma questão de se informarem.

    Pode acontecer também que certas empresas ou senhorios exijam registro criminal, portanto, peçam-no no país de origem antes de virem, e traduzam-no através de um tradutor certificado. Quem for casado e/ou tiver filhos, que traga e traduza também os assentos de casamento e nascimento, pois mesmo que não tragam de imediato as vossas crias, podem pedir logo o Child Benefit, que ainda é 130€ por criança, o que é uma boa ajuda.

    Especificamente para Dublin, aconselho também que façam logo um Leap Card, que é um cartão recarregável para andar nos transportes, e que se compra em várias lojas por toda a parte. Sem ele, o sistema é chato: nos autocarros de Dublin os motoristas não aceitam notas nem dão trocos, temos que dar o valor exacto ou ficamos sem troco; apesar de se poder pedir reembolso à posteriori na central, é um sistema muito chato. Essa dica vale para turistas também.

    Quando souber mais, vou partilhando.

    I miss my girls, madly.

  • Zambujeira do Mar

    Primeira viagem a três que fizemos, sendo que não nos sentindo confortáveis com andar de avião nesta altura nem com ficarmos a grandes distâncias do lar, escolhemos a Zambujeira do Mar para passar uns dias, e para uma grávida de primeira viagem relaxar um bocado do stress destes primeiros tempos.

    E a Zambujeira leva um bom pregnancy seal of approval. Quase tudo o que aqui escrevo é uma transcrição completa das recomendações do meu amigo Torre, devidamente comprovadas in loco.

    Comecemos pelo caminho. O Google Maps recomendava sair em Aljustrel na A2, mas o dito Torresmo recomendou sair antes, em Grândola Vila Morena, e ir por Sines e Vila Nova de Milfontes que é quase sempre em frente, evitando as curvas e contra-curvas de Santiago e do Cercal, propícias aos enjoos matinais da mulher amada.

    Ficamos na Herdade do Sardanito da Frente, que é agradável, calmíssima, espaçosa e com um preço honesto para o que oferece. Fica bastante perto da Zambujeira em si e do “abastecimento” em São Teotónio. É bastante melhor localizada que o badalado ZMar, por exemplo, e fornece pão alentejano quentinho pela manhã e fruta colhida nos diversos pomares da herdade, extrema e deliciosamente roubável pelos mais audazes (que não nós, claro).

    E das praias da Zambujeira pouco a dizer, todas belíssimas. Só vimos a dos Alteirinhos de cima, porque a escadaria também não animou a gestante. Isso ou a perspetiva de uma praia naturista me levar a ficar peladão em público. O Jorge Palma terá escrito a música abaixo vestido ou em pelota? Fica pra pensar.

    O único senão que nos tinha sido avisado era a falta de alternativas boas/baratas para comer. O Restaurante “O Manel” safa-se, o peixe da “Ti Vitória” leva um nim, era fresco mas caro e com um serviço muito demorado. A pizzaria Casino da Ursa já leva um Bom+, com umas belas saladas de polvo ou de ovas para abrir o apetite, um ambiente agradável e um preço razoável.

    Lamento não ter provado o famoso marisco da Azenha do Mar (proibido para a grávida, faria de mim um torturador sádico), vai ficar para pensar.