Paternidade

13 Semanas

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O tempo segue voando de forma implacável, e o Francisco já leva três meses de mundo e 6200g no lombo, bem distribuídos ao longo de 61cm.

Sorrir, sorrir, sorrir, continua a ser aquilo que ele mais faz, para qualquer pessoa, em qualquer situação, a qualquer hora. É uma disposição que impressiona e contagia.

Apesar de tamanha simpatia, não dá as melhores noites do mundo. Também não dá as piores, pois não é de chorar para além da fome, mas é de uma inquietação tremenda. Corre uma maratona à noite sem sair do lugar.

Fora isso é um bebé fácil, por ora, e aparentemente rijo. Já estivemos todos doentes nestas férias menos ele, e aguentou os passeios que fizemos como se nada fosse.

Muitos mais haverá de fazer, e muito mais haveremos de sorrir a seu lado.

 

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Paternidade

9 semanas

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Dois meses e pouco de Francisco no mundo correspondem a muitas alterações na sua pequena pessoa.

Eu disse no último post que ele tinha começado a distribuir sorrisos, e assim continuou, com frequência e para quem quer que seja. Tem uma simpatia que não faço ideia onde foi buscar.

Também adora palrar, de um jeito tão compenetrado que parece mesmo que está mantendo uma conversa fluída sobre um assunto qualquer.

Já tem idade para nos surpreender. Na última consulta com o pediatra, ele perguntou-nos se o Francisco já se virava sozinho, ao que respondemos negativamente. Foi só colocar o gajo de barriga para baixo e fazê-lo olhar para o outro lado que estava dada a primeira volta.

Andou com umas cólicas chatas, o que é novidade para nós, mas parece tê-las deixado para trás, com uma pequena ajuda do Colimil.

Tem mais força do que esperamos, e quando está acordado (e às vezes também enquanto dorme), não pára de se movimentar, de olhar para todo o lado, de querer se mexer a sério.

Quanto mais trabalho dá, mais gostoso fica!

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Paternidade

6 Semanas

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Há mais de um mês que o Francisco está no mundo.

Tem crescido a olhos vistos, estando neste momento com 4200g de peso e 55cm de comprimento. É um bebé muito, muito tranquilo, e tem ar de estar sempre atento a tudo o que o rodeia. Já vai distribuindo sorrisos, com maior frequência para a progenitora, para gáudio desta!

Sermos pais de segunda viagem torna as coisas um pouquinho mais fáceis, mas não completamente, pois ele é bastante diferente da irmã, em vários aspectos.

Se ela era presa de intestinos, ele caga como se não houvesse amanhã. Se ela veio completamente carequinha, ele surgiu cheio de cabelo por toda a parte. E por aí vai.

Uma das coisas que temíamos bastante precisamente por não termos experiência prévia, era a reacção dela à chegada do irmão. Li em algum lado que o Jerry Seinfeld disse “A two-year old is kind of like having a blender, but you don’t have a top for it”, e é uma verdade absoluta. Ela é o cúmulo da energia e da imprevisibilidade, mas felizmente até tem sido bastante carinhosa para o irmão. Por vezes, até demais!

E ele, por mais que ela o chateie a toda a hora, já se derrete todo quando a vê e principalmente quando a ouve. Bonito de se ver.

Em pelo menos uma coisa eles são semelhantes: são lindos, maravilhosos, de morrer e chorar por mais.

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Paternidade

Vou contar-te como foi #2

Já não estás no futuro, filho. Já estás no mundo há mais de uma semana, e tem sido espectacular ter-te aqui.

Ao contrário do nascimento da tua irmã, que nos tirou da cama a meio da noite, o teu foi com data e hora marcada, o que não quer dizer que não tenham havido surpresas.

Chegamos ao Hospital Garcia de Orta às 8h10, 20 minutos antes da hora indicada. É o habitual na obsessiva pontualidade do teu cota, como hás-de aprender. Deixei a tua mãe dar entrada no processo e fui estacionar o carro; quando regressei, ela já estava com aquela linda bata azul do hospital e a trouxa na mão.

Entretanto esteve fazendo CTG durante um bom bocado. Às 10h10 chamaram-lhe para entrar para o bloco, e até aí tudo parecia ir de vento em popa para nasceres durante essa manhã, mas infelizmente foi sol de pouca dura. Informaram-nos que havia pouco pessoal de plantão para muitas parideiras aparecendo por lá em trabalhos, e assim sendo a tua mãe ia ter que esperar que as coisas acalmassem, visto que não era uma situação de emergência.

Essa espera durou cerca de doze horas, a somar às outras doze em que a tua mãe estava de jejum. Valoriza-a, muito e sempre, porque muita fominha ela passou para vires ao mundo!

Felizmente, essa espera angustiante e o facto de não ter sido possível eu assistir ao parto foram os únicos ponto negativos do dia. Há que elogiar quando necessário, e este foi mais um parto impecável.

Depois de palmilhar quilómetros de um lado para o outro em frente ao bloco, finalmente, às 20h55, disseram-me que tinhas nascido, às 20h12, com 3220g. A médica, Drª Blandina, brasileira como o papai, veio me dizer que “ele é muito lindo, já fez xixi, já fez cocô, tá tudo funcionando!”.

E és, e fazes, e funcionas plenamente. Por enquanto por si só ainda não dás tanto trabalho quanto esperávamos, mas juntando ao que mana dá, é dureza, sim. Mas não há nada que pague a vossa presença nas nossas vidas.

 

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Paternidade

Recado para Alguém no Futuro #14

Pois é, filho. O próximo recado já vai ser dado cara a cara, de homem para homem.

Vais na 38ª semana da tua existência, pesas aproximadamente 3250 gramas e tens encontro marcado com o mundo para o início da próxima semana, se tudo correr bem.

Continuas sentado e chateia-me que assim sendo provavelmente não presencie o momento exato da tua chegada, mas sei que te vou perdoar assim que encaixares pela primeira vez nos meus braços.

Um beijo enorme e boa viagem.

PS: a tua irmã espera que tragas uma prenda para ela, quero ver como te desenrascas.

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Leituras

O Irmão Alemão

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Tenho sentimentos mistos acerca deste livro. Por um lado, foi a obra do Chico Buarque que menos gostei de ler; por outro, nota-se que teve imenso prazer ao escrevê-la, e identifico-me bastante com esse egoísmo de escrever para si próprio.

Chico Buarque teve, “na vida real”, um irmão bastardo, fruto de uma breve temporada do seu pai na Alemanha, antes da Segunda Guerra. Essa descoberta preencheu o seu imaginário durante bastante tempo, e este livro mistura a busca real pela seu paradeiro com as diversas fantasias que congeminou para a sua história.

Apesar da toada obsessiva do narrador ser capaz de prender de forma eficaz a nossa atenção, há muitas partes que se estendem de forma aparentemente atabalhoada e forçada, sem os rasgos de génio que caracterizam a sua escrita e tão bem presentes estiveram no seu livro anterior.

Dou de barato que tudo isto soe diferente para ele, que viveu ou sonhou o que ali está relatado, e que nesse sentido esta obra seja importante no contexto do seu crescimento enquanto escritor.

Nota final e de louvar para referir que este é o primeiro lançamento direto em Portugal da editora brasileira Companhia das Letras. Aguardemos os próximos.

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Paternidade

Recado para Alguém no Futuro #13

35 semanas, filho.

Por esta altura, ao acordar, todos os dias a tua irmã pergunta com o ar mais sério do mundo: “o mano vai nascer?”. Não sei se ela manterá esse entusiasmo todo quando estiveres aqui fora, mas vamos ver. Já existe pelo menos um brinquedo com o qual vai haver divertimento em conjunto: o “skate” que compramos para ela ir atrás de ti no carrinho é qualquer coisa.

O mano vai nascer em breve, mas quase de certeza que não exatamente da mesma forma que ela. Continuas sentado, filho, e é cada vez mais improvável que isso se altere. O espaço é curto e tu só segues crescendo e engordando, como tem de ser.

A tua mãe carrega aproximadamente 2.7kg de Francisco, por agora. Seguindo as pisadas dos cabeçudos do papai e da mana, a tua cabeça está, digamos assim, acima da média. Só pode ser bom sinal.

As malas estão feitas e como todo o recado destes pode muito bem ser o derradeiro, um até já e muito boa viagem. Te amo, pai.

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Desportadas

Aldo vs McGregor

Nunca fui grande fã de lutas e de artes marciais, mas tenho acompanhado com especial interesse a antevisão do duelo que vai opor o brasileiro José Aldo ao irlandês Connor McGregor, valendo o cinturão de campeão peso-pena do UFC, no próximo dia 11 de Julho.

A organização do evento tem mérito na forma como tem publicitado a coisa, mas grande parte desse mérito cabe mesmo ao próprio estilo canastrão do irlandês, que por si só já é um espectáculo à parte e torna a cobertura do evento algo interessante de se ver.

Os lutadores fizeram um tour mundial para falar sobre o evento, que começou no Rio de Janeiro, terra de Aldo:

E culminou na hometown Dublin do McGregor, com um multidão alcoolizada em delírio para torcer por ele e azucrinar o juízo do carioca:

Ao José Aldo os meus parabéns pela paciência que tem tido, e boa sorte para Julho, mais ou menos nos mesmos moldes que o Thiago Silva desejou:

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Cinemadas

Big Eyes

Um filme diferente de Tim Burton, por diversos motivos. Não há repetição dos seus actores e actrizes fetiche, não há um ambiente gótico e de cores sombrias, e até é um argumento baseado numa história real.

Não é, contudo, uma história real qualquer; é uma história boa demais para não ser contada por alguém como Burton.

Durante os anos 50 e 60, uma série de quadros invulgares de crianças com olhos gigantes fez um sucesso estrondoso. Os quadros eram assinados por Walter Keane, mas na realidade quem os pintava era a sua mulher Margaret, prisioneira da voracidade comercial do seu marido e refém da sua própria arte durante muito tempo.

O que acabei de dizer acima parece um grande spoiler, mas está presente no próprio trailer e não diminui em nada a experiência do filme, cujo grande mérito é mostrar toda esta realidade quase como se de um conto se tratasse, indo do sonho cor-de-rosa com que Walter envolve Margaret de início, à beira da loucura em que ambos mergulham à medida que a mentira se adensa.

Longe de ser brilhante, é impecável e eu gostei bastante. Até da musiquinha da chata da Lana del Rey eu gostei.

Bateu uma vontade imensa de ver um filme dele sobre os quadros do Menino da Lágrima!

 

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Paternidade

Recado para Alguém no Futuro #12

32 semanas e alguns sobressaltos, filho. Vem com calma.

Se o teu primeiro e segundo trimestres foram bastante mais calmos que os da tua irmã, o último já deu sustos que cheguem para um empate técnico no grau de dificuldade destas gravidezes.

A doutora não gostou muito da última ecografia. Tu estavas (e estás) muito bem para a tua época e no bom caminho para te revelares mais um ser maravilhoso, mas o colo do útero da tua mãe estava muito diminuído, o que a obrigou a repouso absoluto, com risco de ter que ser internada.

Por esta altura já deves conhecer a tua mãe um bocado, saber que ela odeia estar parada e ter estranhado a acalmia, mas foi por uma boa causa. A “coisa” evoluiu bem e, apesar de continuar sobre vigilância, estamos outra vez na pista certa. Não coloco aqui a “foto” dessa ecografia porque, sinceramente, não se percebe nada de ti nesta altura!

Esses teus aposentos devem ser mesmo confortáveis, porque continuas exactamente na mesma posição que da última vez: sentado e refastelado.

O teu quarto aqui fora também já está pronto mas, mais uma vez… vem com calma!

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