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  • 4 meses

    Este marco não podia deixar passar em claro, por vários motivos.

    Porque ela tem evoluído a um ritmo cada vez mais forte, nos últimos tempos, estando mais linda, sendo mais manhosa, revelando mais “truques”, tentando imitar o que vamos dizendo, nos deixando boquiabertos a todo o momento.

    Porque hoje além de “mêsversário” é um dia muito especial, aquele em que ela primeira vez ela vai variar da mesmice do leite e comer uma bela duma sopinha (sem sal ainda filha, há-de melhorar). Vai enrijecendo para a primeira viagem internacional, dentro de duas semanas, que nunca mais chegam.

    Porque a saudade está batendo forte, muito forte. E porque a amo, porque as amo.

  • 14 Semanas

    2013-04-30 10.59.09

    A minha amada filha já ultrapassa os 3 meses de vida. Vida curta, mas muito, muito preciosa.

    Desta vez a minha desculpa para não ter escrito na data exata em que ela completou os 3 meses é mais forte, mais pesada, diria até contra-natura: estava fisicamente longe dela, e queria escrever depois de vê-la, de abraçá-la, de senti-la nos meus braços, o que aconteceu neste fim de semana (prolongado, aqui na Irlanda). Passou voando. Mês que vem será bem melhor.

    Ela continua dormindo à noite que nem um anjo, mas já não é a bebé fácil e tranquila que descrevi há uns tempos atrás. Já sabe reclamar e resmungar, bastante bem até. E quando está numa de implicar, é difícil levar a melhor sobre ela, sem ser com colinho e passeio. Cedo para dizer, mas arrisco palpitar que terá personalidade forte.

    Todas as birras são de fácil esquecimento, quando amiúde nos desarma com aqueles sorrisões maravilhosos. Ia desiquilibrando o pai quando lhe ofereceu um desses no Aeroporto da Portela.

    Do sono já falei; a alimentação, ainda que por vezes tenha que ser feita com paciência, continua também de vento em popa. Já não podemos tirar os olhos dela por um segundo; cresceu bastante, se mexe muito. Este mês tem pediatra e algo que ansiamos muito, o início da alimentação “normal”.

    É apegadíssima à mãe maravilhosa que ela tem. Quem não seria?

    Continuam absolutamente lindas de morrer. Amo-as, sem limites.

  • Common you boys in blue!

    Dublin x Tyrone

    Ontem estivemos no mítico Croke Park, assistindo a uma final não tão mítica de Gaelic Football.

    O estádio, mesmo não estando cheio, é imponente. Foi lá que se deu um dos Sunday Bloody Sunday‘s que houveram ao longo da história (não é deste que a música dos U2 fala). Muito resumidamente, durante a Guerra da Independência, em 1920, o Reino Unido enviou um grupo de agentes secretos para combater o IRA em Dublin. O Michael Collins conseguiu descobrir a identidade deles e mandou limpar-lhes o sebo. Em retaliação, entre outras selvajarias, o pessoal britânico abriu fogo sobre a multidão num jogo de Gaelic Football no Croke Park.

    Em relação a esta partida em si, porquê o desencanto? Ora, o jogo em si até é bastante interessante, apesar do ritmo meio parado, mas a vibração nas bancadas… muito a desejar. Dublin jogava em casa contra Tyrone, não ganhava esta liga há 20 (!) anos e, ainda assim, termina o jogo e o povo todo fica mais ou menos na mesma. Uns lampejos de alegria aqui e ali, mas nada de lágrimas, gritos até doer a voz, achincalhamentos ao adversário… aliás, nem os próprios jogadores dentro de campo festejaram desalmadamente. Também não ajudou à nossa festa não ter havido um golozinho sequer na baliza “normal”, de rede! E só haver um cântico para o jogo inteiro, aquele que dá o título a este post.

    Quem quiser saber melhor as regras, que vá assistir um, que não é caro e são quase duas horas bem passadas, ou assista ao vídeo acima, que resume muito bem a coisa.

    Strange game!

  • Emigrando para a Irlanda – Custos

    Ireland Coins

    Esta é das partes que mais interessa a quem se muda: os custos. Contem com um maior salário, mas também com maiores despesas. Não na mesma proporção, senão não estava aqui!

    Começando pelo maior de todos: alojamento. Se, como eu, vierem para Dublin, não contem arranjar um T2 (pequenino!) por menos de 800-1000 euros. Quanto mais perto do City Centre, mais caro. As outras grandes cidades do país, como Galway ou Cork, são mais baratas nesse aspeto, mas regra geral oferecem também salários menores.

    Essa foi a má notícia. A boa é que o resto não é muito mais caro. A alimentação feita na rua é bastante mais cara, mas a “de supermercado” é quase equivalente. Há o Tesco e os nossos conhecidos barateiros Lidl e Aldi, que oferecem todos preços e promoções competitivas. E há a minha loja preferida, a Dealz, uma espécie de supermercado dos trezentos, com tudo a 1.49€.

    Luz e gás também não ficam atrás de Portugal e a água, pelo menos por enquanto, não se paga (uma das medidas de austeridade que querem implementar para 2014 é a água passar a ser tarifada).

    Para ter televisão e banda larga em casa, também há pacotes muito semelhantes aos que se encontram em Portugal, mas aqui para se ter televisão em casa, há uma taxa estúpida de 160€ por ano! Serve para sustentar o serviço público de televisão e radiofusão…

    O preço normal dos transportes não é barato, mas há esquemas que permitem comprar o passe ou uma bicicleta para ir para o trabalho com cerca de 50% de desconto, o que é excelente. Os carros são baratos, a gasolina é o mesmo preço mas os seguros e o imposto anual são bastante mais caros (rondando os 300€ por ano para o imposto e 30€ por mês pelo seguro, numa pesquisa não muito aprofundada que fiz).

    Um site bom para escolher fornecedores é o bonkers.ie, com comparativos detalhados para diversos serviços.

    A companhia aérea mais barata para se viajar é obviamente a Ryanair!

    Se me lembrar ou descobrir mais algo, aviso.

    I miss my girls, desperately.

  • 25 de Abril, sempre

    É o primeiro 25 de Abril que passo fora de Portugal em 22 anos. É estranho.

    E numa época destas, é sempre bom lembrar:

    Huxley Democracy

  • Emigrando para a Irlanda

    Faz hoje uma semana que estou na Irlanda. Sendo cedo para grandes balanços, já consigo transmitir algumas dicas para quem queira ou precise seguir o mesmo caminho.

    Salto a parte de encontrar emprego, porque já vim com ele assegurado. Assim sendo, a minha principal tarefa à chegada foi encontrar casa.

    “O” site da especialidade aqui é o daft.ie. Tem muita oferta, mas também muita procura. É muito comum vermos um anúncio recente, tentarmos estabelecer contacto e o local já estar nas mãos de outro inquilino. Eu não sofri muito com isso porque até nem estou no centro da cidade, mas estejam preparados para ser pacientes. Aconselho também a fazerem logo contacto telefónico, porque nem sempre respondem aos mails.  Ou seja, assim que chegarem, arranjem também um cartão SIM irlandês.

    Tipicamente os contratos de arrendamento são no minímo de um ano, mas não se preocupem muito com isso: na Irlanda não é ilegal sub-alugar ou re-atribuir o aluguel a outra pessoa. Se depois quiserem ou tiverem de ir embora, “só” tem que tratar de arranjar novos inquilinos. Estejam preparados também para, à cabeça, dar um mês de renda e outro de caução, mas isso também é o normal em Portugal.

    Antes de mais, para serem alguém aqui, precisam de um PPS number. O PPS number é um identificador que corresponde ao número de contribuinte/número de segurança social em Portugal. É simples de pedir, bastando apresentar um documento válido (passaporte/cartão do cidadão) e uma morada. É aqui que a porca pode torcer o rabo, porque:

    • Para ter PPS number, é preciso uma morada
    • Para fazer um contrato de arrendamento, é preciso um PPS number

    Ciclo infinito… a solução? Ou dar a morada de algum conhecido, que foi o que fizemos, ou dar a morada do hotel em que estão alojados, e fazer a alteração para a morada definitiva à posteriori.

    Como  também interessa que comecem logo a cair euros de proveniência Irlandesa nos nossos bolsos, é conveniente abrir assim que possível uma conta bancária. Aqui também varia: alguns bancos pedem o PPS number e um comprovativo de morada (uma conta, que não temos), outros possuem balcões que aceitam cartas de empresas dos arredores (foi o nosso caso), é uma questão de se informarem.

    Pode acontecer também que certas empresas ou senhorios exijam registro criminal, portanto, peçam-no no país de origem antes de virem, e traduzam-no através de um tradutor certificado. Quem for casado e/ou tiver filhos, que traga e traduza também os assentos de casamento e nascimento, pois mesmo que não tragam de imediato as vossas crias, podem pedir logo o Child Benefit, que ainda é 130€ por criança, o que é uma boa ajuda.

    Especificamente para Dublin, aconselho também que façam logo um Leap Card, que é um cartão recarregável para andar nos transportes, e que se compra em várias lojas por toda a parte. Sem ele, o sistema é chato: nos autocarros de Dublin os motoristas não aceitam notas nem dão trocos, temos que dar o valor exacto ou ficamos sem troco; apesar de se poder pedir reembolso à posteriori na central, é um sistema muito chato. Essa dica vale para turistas também.

    Quando souber mais, vou partilhando.

    I miss my girls, madly.

  • O último a sair que feche a porta

    Como se ser pai não fosse uma mudança de vida suficientemente grande estou embarcando em outra, já de seguida.

    Tive uma oferta bastante boa para vir para fora, mais concretamente para Dublin, na sede da Ryanair. Trocando por miúdos, também eu me torno (duplamente) emigrante.

    A vida gosta de nos pôr à prova: procurei algo do género durante bastante tempo, e só apareceu quando eu nem sequer procurava, com uma bebé recém nascida nos braços.

    As minhas princesas não estão vindo de imediato comigo, até a mais pequena crescer mais um bocadinho e eu preparar tudo por cá. Essa parte custa muito, na exacta medida do quanto as amo e do quanto delas preciso. Só nós sabemos o quanto.

  • Habemus Presidente

    Já há quase um ano que não falava aqui no Sporting, e a notícia que me leva a evocar aqui o nome do meu clube já vem com dois anos de atraso.

    Independentemente do que o futuro reserve, estou muito feliz com o resultado destas eleições por um simples motivo: finalmente, em quase duas décadas de acompanhamento ativo da realidade sportinguista, vejo ser possível acontecer uma verdadeira mudança no clube. Anseio que chegue o dia em que possa dizer o mesmo da sociedade portuguesa. Extrapolados, os problemas são exatamente os mesmos.

    Boa sorte, Bruno. Viva o Sporting.

     

  • 7 Semanas

    Carolina e Ygor

    Não, eu não embarquei de vez nessa onda de só falar na idade da minha criança em semanas. Apesar de agora perceber melhor o motivo dessa “tática”, vendo o quanto os bebés evoluem de uma semana para a outra, a verdade é que me desleixei; queria ter escrito isto quando ela fez um mês, e agora meter aqui um título “um mês e X dias” não soava tão bem.

    Tê-la cá fora é infinitamente melhor do que tê-la dentro da barriga! As primeiras duas semanas (ou mais concretamente as respetivas noites) não foram propriamente fáceis, com a adaptação ao ritmo do acordar noturno, o cansaço acumulado, os pequenos sustos, as dúvidas, o desconhecimento dos significados do comportamento dela… a boa notícia é que, com os bebés, todas as horas de dificuldades são esquecidas em poucos segundos, pois são inúmeras as pequenas alegrias que eles nos proporcionam ao longo do dia. Tudo é motivo para ficarmos contentes. É ela olhar para nós que nos derretemos todos, é ela arrotar que ficamos todos orgulhosos, é ela cagar que dançamos de alegria, é ela começar com os primeiros sorrisos que quase deliramos. É lindo.

    Falei nas dificuldades, mas assim como penso termos tido sorte com o parto, também a temos tido com a criança. Até agora a Carolina tem sido uma bebé fácil, quase sempre tranquila. Não tem tido grandes cólicas, sendo que por norma só chora (e aí chora com força) nas horas de comer (que não falha) e nas de sair do banho. Nas últimas noites até já tem dormido para lá das 5 horas seguidas, o que significa só acordar uma vez por noite. Para a mãe, porque o pai já nem nota; peço aqui publicamente desculpa às minhas meninas, mas o organismo do pai não conseguiu mudar no que ao sono de pedra diz respeito. Eu não adormeço: desmaio.

    Tem crescido bastante bem (a pediatra diz que ela é gigante) e, cereja no topo do bolo… é linda de morrer. Não vou dizer “que não é por ser minha filha”, porque claro que também é por ser minha filha, fui eu que fiz, e não há nada nesta vida de que me possa vir a orgulhar mais do que disso. Faz tudo fazer sentido.

    Conselhos que eu possa dar aos futuros pais, ou para os que o pretendam ser: simplesmente que não se preocupem, e não tenham medo. Quando chegar a altura vocês saberão o que fazer e, quando não souberem, terão quem vos ajude. Quando nasce uma criança nascem um pai e uma mãe também.

  • Les Misérables

    Javert Valjean

    Não, eu não deixei de ser consumidor voraz de cinema depois de ser pai! O ritmo abrandou um pouco, e ainda não consegui ver um filme todo de seguida sem paragens desde que a minha princesa nasceu, mas se não é de seguida é em três ou quatro vezes.

    Um dos últimos que vi foi este Les Miserables, o famoso musical baseado na obra de Victor Hugo, apresentado aqui em versão hollywoodesca pelas mãos de Tom Hooper, de quem sou fã não tanto pelo Discurso do Rei mas pelo excelente The Damned United.

    O ponto prévio é: se não gostam de musicais, não vejam. Podem não gostar e tentar de vez em quando, mas este é verdadeiramente um filme musical, na medida em que não existem de todo diálogos que não cantados. Mais: todas as músicas são cantadas ao vivo, contrariando a tendência de, em cinema, gravar-se à priori e dublar-se em cena. É um pormenor que faz toda a diferença na autenticidade e na força com que nos atinge.

    Já eu adoro musicais, e tenho pena que seja um género quase morto, com uns fogachos aqui e ali. Vejo um e fico umas boas semanas com as músicas na cabeça, cantando no banho e na cozinha, e agora com uma certa menina no colo, adaptando The Confrontation em versão calminha lullaby. Tipo estes gajos abaixo, mas baixinho, calmo, e com uma bebé olhando para mim tipo “este gajo é parvo”.

    Aqui, os “verdadeiros” dando um cheirinho.

    Bom, achei este musical em particular bastante bom, com destaque para todas as cenas que envolvem o caminho de redenção do protagonista Jean Valjean, o ex-prisioneiro em busca de levar uma vida cristã, e em particular para as que o opõem ao seu antagonista Javert, o homem da lei que teima em persegui-lo ao longo dos anos. Já sabia que o Hugh Jackman dava uns bons toques na cantoria, mas não que o Russel Crowe também (curioso serem dois australianos a representarem… dois franceses). Aliviando o drama, o Sascha Baron Cohen (Master of The House!) e a Helena Bonham-Carter estão absolutamente brilhantes no papel do inefável casal de estalajadeiros.

    E não, não é lapso, não incluo mesmo a Anne Hathaway em modo Liza Minelli nos momentos alto do filme. Canta, sofre, esfola-se… mas não acho isso tudo, e perde-se no meio de outros momentos. Não ajuda a música andar muito batida. Desculpa, Anne! Boa sorte.