Desportadas

Onde andava este Sporting?

Eu tinha dito que não ia mais comentar as prestações da minha equipa dentro de campo esta época, não tinha? Pois que se foda a coerência!!! Mas alguém ainda acredita que isso existe no futebol?

Sei que alegria de pobre dura pouco, mas este jogo deixou-me extasiado! Ainda mais por ser o culminar de uma jornada que iniciei em Liverpool, e por nem contar estar presente no estádio hoje: o bilhete caiu do céu, de oferta tirada da cartola pelo meu grande comparsa Torre.

Os ingleses eram mais que as mães no metro, todos podres de bêbados, a ensaiar uns cânticos panisgas: em casa deles, andavam caladinhos que nem uns ratos, aqui queriam festa. O que vale é que a bebedeira passou-lhes depressa; como eu tinha dito, estes adeptos do Everton devem ser do mais macio que há no Reino Unido.

Isto  é uma prova de que os choradinhos do orçamento e do plantel e da arbitragem e de júpiter não estar alinhado com vénus não colam, o Sporting tem potencial para muito mais do que tem apresentado e o resto é conversa. É mandarem os cancros fora, incutirem espírito e fazerem um planeamento digno desse nome a todos níveis que as coisas acontecem, mas isto é pedir muito.

O golo do Matias acabou com tudo.

Sem dúvida o melhor jogo da época. Por mim acabava já aqui, mas venham de lá o padrasto da Mariana e o namorado da Orsi. Fica pra pensar.

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Andanças, Desportadas

Liverpool, Day 1

Neste dia viemos até Liverpool apoiar o Sporting contra o Everton, em jogo a contar para a Liga Europa (taça UEFA). Conhecer Liverpool a sério ficou reservado para a manhã seguinte; foi chegar do comboio, meter as coisas no hotel, enfardar um buffet chinês e partir para o estádio. Só deu para sentir que ali o frio faz jus a São Ramalho.

A rivalidade entre Liverpool e Everton está sempre a pairar no ar; por todo o caminho fui ouvindo palavras de incentivo dos adeptos dos Reds, incluindo do taxista que nos levou até à porta do estádio: um gajo com um sotaque indecifrável, uma gargalhada à Moura dos Santos, e que passou o tempo todo a fazer piadas com “Lisbons” e “Lesbians”, a dizer que estava a levar-nos para o meio da merda e a barafustar com a proximidade que o futuro estádio do Liverpool terá com o Goodison Park.

Eu tinha prometido que independentemente do resultado, ia me abster de comentar as incidências futebolísticas em si, e isto vale até ao final da temporada. Em relação à envolvência do jogo, saí do estádio plenamento satisfeito, e com a sensação de dever cumprido.

O Goodison Park é dos estádios mais antigos do mundo (1892), tendo sido palco de, por exemplo, o célebre Portugal-Brasil de 1966 em que arrumaram com o Pelé; só daí já valia a pena tê-lo conhecido. É um estádio acolhedor, à moda antiga, com catracas de rodar e bancadas assentes em madeira.

Dois Grandes Leões no Goodison Park

Os leões que lá estiveram foram grandes, tendo apoiado a equipa durante todo o jogo, conseguindo calar os muitos toffees presentes (estes eram bastante fraquitos, diga-se de passagem). Entre nós estava o grande Ricardo Sá Pinto, a quem tive a oportunidade de dar um palmadão. Foi uma grande, grande lição do sportinguismo que não se deixa morrer.

Amanhã conto mais.

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Desportadas

God Save the Football

Este post é só para eu me mentalizar que para a semana começo finalmente a coçar: esta semana ainda é carregada, culminando com a apresentação da primeira fase da tese, na sexta-feira.

No ano passado, em Fevereiro, fui a Londres ver um grande Brasil-Itália. Semana que vem vou a Liverpool, ver um não tão grande Everton-Sporting.

Falando assim até parece que todas as minhas visitas ao Reino Unido se devem a motivos futebolísticos, mas desta vez foi pura coincidência: já estava marcada uma viagem para a Irina conhecer Londres e eu descomprimir da tese, por pouco que seja.

Uma boa oportunidade para conhecer a cidade dos Beatles e o Goodison Park, um dos mais antigos estádios do mundo. Eu não conseguiria estar no mesmo país que o meu Sporting e não ir dar o meu apoio. Ainda que este não seja verdadeiramente o meu Sporting, aquele que eu aprendi a amar, eu não viro a cara ao meu clube, por pior que a situação esteja.

Um pint de Guiness preta, à vossa!

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Futebol e Fascismo

Ora bem,

Vários amigos meus adeptos daquela instituição que se intitula a maior do mundo e arredores tem andado entretidos a enviar e-mails a chatear-me com a seguinte imagem do tempo do Estado Novo:

Segundo consta, esta onda de euforia surgiu num desses programas de entendidos da bola que não percebo muito bem para que é que existem. Compreendo a utilização desta imagem num “picanço” entre amigos; em utilização como argumento de um programa que se diz de debate, sem contexto, é no mínimo desonestidade intelectual.

Obviamente que nenhum dos meus compinchas tem autoridade moral para falar sobre esses tempos, mas sabe-lhes bem. Eu também não a possuo, nem de perto nem de longe, mas já agora sinto-me igualmente no direito de mandar as minhas bocas:

Qualquer clube era obrigado a fazer essa saudação, assim como eu seria obrigado a ter pertencido à Mocidade Portuguesa e usar aquela farda parva com aquele cinto com um “S” na fivela e tudo o mais (ainda não consegui perceber se o rumor de que aquilo significava “Salazar” é verdade ou não).

Apesar de acreditar piamente que sim, vou dar de barato e não dizer com certeza absoluta que o clube do regime era o da luz, porque nenhum dos clubes há-de poder lavar as mãos em relação a esse período negro (ao que parece, o fóculporto incrivelmente era o menos beneficiado); mas que o Estado Novo usou e lambuzou das façanhas do clube “encarnado” (vermelho não podia ser, que era conotado com o comunismo), ninguém pode negar, tanto mais quanto vindo da própria boca suja do pantera escura (“património nacional” impedido de deixar o país) e do antigo capitão Coluna.

pantera e o papá antónio em amena cavaqueira

O próprio “desvio” da pantera preta, que vinha do Sporting de Lourenço Marques com destino à casa mãe,  tem contornos duvidosos, tal como o desvio de Di Stefano do Barcelona para o Real Madrid, na época do franquismo.

Andam para aí a dizer que o clube do regime era o Sporting, porque “em 1954/55 O Benfica apesar de campeão não foi indicado para a Taça dos Campeões Europeus porque naquela altura os clubes eram sugeridos pelas entidades nacionais responsáveis e o Benfica, mesmo sendo campeão, foi preterido em favor do Sporting.”. Uma simples consulta ao site da UEFA mostra o quão falso é esse argumento:

Lisboa, berço de campeões
(…) O Sporting, vencedor do campeonato português na época 1953/54, e ainda campeão em título quando decorreu o sorteio da prova, acabaria no terceiro posto, em 1955 (…)

outro argumento que diz que a instituição em causa não era beneficiada pelo regime, porque dominou os campeonatos após o 25 de Abril. Este de tão parvo, nem vou contrapor, que só me dá para rir.

Ainda em relação a saudações, até a própria democrática Inglaterra tem a sua história desportiva manchada no que ao fascismo diz respeito (aqui ainda andavam numa onda de tentar acalmar o Hitler, em 38):

E por aqui poderia continuar, mas o que concluo é que o que há é a fazer é deixarmo-nos de merdas e esperar que estes tempos não voltem mais.

Saudações leoninas!

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Obrigado Paulo Bento

Pbento1Não gosto de seguir a tendência misericordiosa do elogio fúnebre. Na hora da morte, todo o finado costuma ser bom homem. No entanto, dado o estado das coisas, sou obrigado a agradecer a Paulo Bento.

Com os defeitos e limitações que tem, foi ele que deu a cara, o peito às balas, a carne pro canhão e tudo o mais que possa ser dito. E, como não podia deixar de ser, foi ele que teve que tomar a decisão derradeira. É um homem de bem e tem-los no sítio. Mas adeus, que já se fez tarde.

A ver se o pessoal lá de cima segue impune, fumando a sua cigarrilha e comendo o seu croquete.

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Sporting Clube da Lua

Esta bandeira podia ter sido verde...

Esta bandeira podia ter sido verde...

Todas as semanas eu ou o meu pai compramos o jornal do Sporting. É óbvio que fazemo-lo por sermos sportinguistas doentes, mas acho que posso dizer, com alguma isenção, que é um jornal com qualidade, pese embora as habituais colunas dos “notáveis” a prestarem vassalagem ao status quo (e às enormes qualidades do “forever”).

Esta semana veio lá uma história muito curiosa. Em 1956, quando o homem ainda não tinha chegado à lua, uma empresa americana de nome Interplanetary Development Corporation começou a vender parcelas de terreno da superfície lunar, pela pechincha de 1 dólar por acre.

Nessa altura, um sócio leonino de seu nome Epaminondas Soutello Gomes (só o nome já torna a história curiosa), apaixonado pelos assuntos relacionados com os astros, decidiu adquirir uma parcela, com o objectivo de… lá fundar uma filial do Sporting. Epaminondas acreditava firmemente que os terráqueos chegariam em breve à lua (teria razão neste ponto). Depois, seria mera questão de tempo até que lá se pudesse habitar (já este ainda tá por provar).

Anúncio de Venda

Numa entrevista ao jornal, publicada a 11 de Dezembro de 1957, Epaminondas explicou as razões que o motivaram a adquirir o terreno: “Levo isto muito a sério: não é «caldeirada» ou coisa semelhante. Existe sim, o propósito de apenas poder engrandecer, mais e melhor, o nosso clube, elevando-o às alturas que ele bem merece.”

Questionado sobre se se sentia humilhado quando se riam dele, Epaminondas disse que “face ao que sofreu Júlio Verne, Galileu e outros génios, quando se riem de mim, parece-me ouvir uma voz que me anima: deixa-os rir, deixa-os comentar, porque esses só se convencem que a panela de pressão é que representa um grande invento, a verdade dos povos!”.

Pese a ingenuidade (ou parvoíce), gabo-lhe a determinação férrea e o amor ao clube acima da razão, coisa rara nos dias que correm. Lamento também não ter conseguido levar a sua avante; essa filial hoje em dia vinha a calhar, para enviar um certo defesa-central campeão do mundo ir lá procurar água, ou um determinado treinador ir ver como é que tá o tempo na lua…

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Desportadas, Sem categoria

Dilemas

Em Outubro, o Sporting joga com o Hertha em Alvalade, no dia primeiro.

A mais que mais que tudo faz anos a 5; calha num fim de semana prolongado, exige a bela da escapadela.

A 9, o Seu Jorge canta no Campo Pequeno. A 10, tenho que pagar a propina da faculdade.

No mesmo Campo Pequeno, cantam o Sérgio Godinho, o Fausto e o Zé Mário Branco, a 22.

Porque é que o dinheiro não estica?

Again:

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Sporting, Sempre

Não podia deixar de fazer um pequeno comentário ao resultado das eleições do Sporting, agora que tive o fim de semana inteiro para digeri-lo.

Continuo a estar convicto que a escolha alternativa seria a mais indicada, a que traria verdadeiramente alguma mudança de rumo e resgataria os sócios para a vida activa do clube.

No entanto, apesar de lamentar que a luta tenha sido vergonhosamente desleal (quem acompanha com olhos de ver a comunicação social sabe do que falo), não vou começar a malhar de imediato no JEB; foi o escolhido, tenho que respeitar. Que tenha toda a sorte do mundo, que acabe de vez com a podridão da promiscuidade com os bancos e opways da vida, os compadrios e a parasitagem que habita o edifício Visconde de Alvalade.

Acima de tudo, que seja mais honesto, que não atire areia para os olhos dos sócios, que leve a cabo as suas artimanhas financeiras de forma clara e não sub-repticiamente como tem sido feito ao longo destes anos, e que assuma a ambição que o nome do Sporting merece.

Cá espero para ver. SPORTING, sempre!!

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