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Oppenheimer

Mais um filmaço do Chris Nolan. Ênfase no aço, em todos os sentidos.

Elencaço, com Cillian Murphy à cabeça, cada vez mais firme como um dos atores icónicos da sua geração e tempo. Sem necessidade de muitas falas ou espalhafatos, transparece sempre uma entrega tremenda e uma capacidade de se transformar nas personagens só com a postura. Mas todos os colegas, com maiores ou menores papéis, encaixam e brilham à sua volta, incluindo um Josh Hartnett tão “maduro” e que eu não via há tanto tempo que demorei a perceber quem era.

Banda sonorazaça, embalando de forma sublime a história, subtilmente dando o clima certo em cada momento; a maior parte do tempo, tenso ou melancólica, elevando a emoção nos momentos certos, seja imprimindo grandiosidade ou simplesmente se remetendo ao silêncio.

E que história, e que momentos. Não sei se para todos os gostos, dada a duração e a profundidade em certos “capítulos” menos dados à ação (exemplo – os “interrogatórios” da audição), mas é um prazer para quem consegue abstrair do tempo e simplesmente desfrutar.

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Variações

Tinha grandes expectativas para este filme, e não saíram defraudadas. Primeiro, porque adoro o homenageado em questão, um artista completamente contra a corrente para o Portugal de então e muito à frente do seu tempo. Segundo, porque adorei a vibe do trailer; por último, e principalmente, porque há uns bons anos atrás vi o Sérgio Praia ao vivo, quando ainda era (para mim) um desconhecido, e já então achei-o um actor do caraças (ele não se deve lembrar mas até veio cá agradecer, o que muito me honrou).

Ele é efectivamente o filme (e segundo consta, muito tempo lutou pela sua produção), fá-lo com uma entrega tremenda, saltitando entre momentos de exuberância (nunca excessiva) e outros de quase contrição, mergulhando-nos completamente na jornada de transformação do cantor António na estrela Variações.

Tudo isto é feito sem o típico endeusamento que é feito nestes biopics, focando-se mais no facto do Variações ser um gajo “normal”, com alguma visão, e que meteu na cabeça que queria ter sucesso na música e não descansou enquanto não o alcançou.

São realidades completamente diferentes, mas digo honestamente que não acho que este filme fique atrás do Bohemian Rhapsody, enquanto cinema, e fosse ele Hollywood e estaria oscarizado.

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Os meus filmes de 2018

Estou vivo! Com um atraso para lá de considerável e seguindo a tradição ancestral iniciada o ano passado, a lista de filmes que me conquistaram no ano que findou, sem ordem particular.

Roma

Ok, este está numa ordem particular e propositadamente em primeiro. Este filme é absolutamente arrebetador, surpreendente, diferente de tudo aquilo que vi durante o ano, e comodamente disponível no Netflix.

Roma não tem nada a ver com a capital italiana, mas sim com um bairro mexicano dos anos 70, onde observamos o quotidiano de uma família de classe média alta pelos olhos da sua criada Cleo. Tanta a sua vida quanto a da família para a qual trabalha vão sofrendo uma série de reviravoltas, que não teriam nada de extraordinário não fosse a absoluta mestria, simplicidade e beleza cinematográfica com que estas são filmadas. É-me difícil explicar isso por palavras, mas poucas vezes senti um filme que tivesse conseguido ser tão pungente com tão pouco.

Esse menino Alfonso Cuáron que se deixa de blockbusters de Hollywood e que faça mais disto, que é uma autêntica obra-prima.

Bohemian Rhapsody

Demorei muito para ir ver este filme porque não tinha lido nada de bom sobre ele em tudo o que eram críticas, mas isso serviu para me relembrar a inutilidade das críticas especializadas de cinema (no que diz respeito à formatação do gosto individual de cada um, obviamente).

Rami Malek merece todos os elogios e mais alguns pela sua performance como Freddy Mercury, em crescendo e culminando no afamado concerto do Live Aid, no antigo estádio de Wembley; arrepiante a forma como ele se transformou e encarnou um dos performers mais poderosos de sempre.

É notória a forma como o filme endeuza em demasia o personagem e seus companheiros de banda, e embeleza a história cortando a eito e em grande as partes mais sujas? É. É deliberadamente feito para vender e para se fazer a prémios? É. Mas que se foda, todos os filmes para entreter tivessem esta força.

A Star is Born

Depois de um início de carreira “manhoso”, o Bradley Cooper tem estado mais ou menos lentamente a afirmar-se como um grande actor, e este filme é mais uma prova disso, aqui com o bónus acrescido de ter sido também o realizador.

A Lady Gaga também esteve bastante bem e os dois tiveram aqui uma química incrível, mas se é para ela que os holofotes estão virados, é ele que carrega o filme. É um bocado batota fazer esse brilharete enquanto bêbado e drogado quando já se foi um, mas não lhe tira o mérito, de todo.

Excelente drama de puxar a lágrima, musiquinhas que ficam no ouvido, uma excelente tarde de cinema com quem se ama.

Incredibles 2

Por razões óbvias consumo muitos filmes de animação hoje em dia, mas verdade seja dita que também uso os miúdos como desculpa e que grande parte provavelmente veria na mesma; este é sem dúvidas um deles.

O primeiro filme tem um lugar especial no meu coração, e tinha que tirar a limpo se tantos anos depois e com tantos maus exemplos este lhe faria jus ou não, e saí do cinema bastante satisfeito, a Pixar ultimamente não tem falhado. A fórmula é super-batida, os super-heróis ostracizados, o drama familiar, o regresso glorioso (isto não chega a ser spoiler…), mas está tudo no sítio.

Comédia na boa, bastantes gags que só os adultos percebem, pertinentes observações sociais (ex. igualdade de género, parecer versus ser) e o bebé a roubar completamente a cena tornaram este filme um dos meus preferidos do ano passado, e quiçá tenha até suplantado o primeiro.

BLACKkKLANSMAN

Sou fanzaço do Spike Lee. Por vezes me chateia que a sua filmografia seja tão inconstante, alternando coisas boas com muita porcaria pelo meio, mas parte disso também se explica pela sua coerência e independência; ele é bastante fiel aos temas e ao seu estilo, e parece preocupar-se mais com isso do que com o sucesso comercial, o que é de louvar (umm lembrei-me do remake manhoso do Oldboy, mas um homem tem que pagar as contas).

Neste Spike Lee joint ele acerta em cheio na fórmula. O primeiro polícia negro de Colorado Springs tem a audaciosa ideia de infiltrar-se no Ku Klux Klan local, e o resto é história. Um filme de outro tempo, filmado com um ritmo “à antiga” mas com uma série de paralelos e provocações com a nossa actual era, alternando entre a comédia e a tensão com grande estilo.

Uma nota interessante da qual não me tinha apercebido: o protagonista é filho do Denzel Washington, aparentemente the apple didn’t fall far from the tree.

Outra nota interessante: para os fãs de The Wire, tem um gostinho especial ouvir certo personagem a repetir uma certa interjeição.

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Os meus filmes de 2017

Vergonhosamente, este foi um ano em que eu até vi bastante cinema (ainda que muito dele em casa e nos transportes públicos), mas só agora me apercebi que não reflecti isso aqui no blog como de costume, não tendo escrito um único artigo de cinema dos filmes deste ano!

Para fechar o ano em redenção e em retrospectiva, estes foram os filmes deste ano de que mais gostei, uma mistela de géneros e feitios em ordem aleatória:

Coco

O melhor filme da Pixar desde, sei lá… Wall-e? Nunca desgosto verdadeiramente dos filmes deles, mas há muito tempo que não me entravam na cabeça de forma tão vincada. Agarraram num imaginário forte (dia de los muertos/folclore mexicano) e deram-lhe uma abordagem colorida, imaginativa e muito, muito divertida. Tem a vantagem de ter sido uma experiência de cinema partilhada em família e de os pequeninos também terem ficado deslumbrados. La Llorona tem feito sucesso no nosso carpool karaoke, dia sim/dia sim.

Split

É do ano passado, mas só vi há pouco tempo e entra aqui na lista na mesma onda do anterior: mais um comeback do c******. Uma performance brutal do McAvoy em cada uma das 20 e tal personalidades que interpreta e um ambiente de angústia permanente a demonstrar que as notícias sobre a morte artística do M. Night Shyamalan eram manifestamente exageradas. A pequena surpresa no final é a cereja no topo do bolo.

Dunkirk

Este felizmente vi mesmo no cinema, pois é uma experiência que vale muito a pena ter no grande ecrã; qualquer uma das perspectivas com que a história vai sendo desfiada (terra, ar, mar) é bastante imersiva, e a forma como o realizador vai saltando entre elas é de mestre, como já é da praxe. Outra lição é a forma como consegue condensar tanta história e de forma tão intensa em pouco mais de hora e meia de filme, uma raridade nos dias que correm, em que o esticar da corda é a regra.

Logan

Os filmes de super-heróis já chateiam de tão iguais que são uns aos outros; este Logan vai contra a corrente, assumindo toda a negritude que a personagem carrega e enveredando numa espiral bastante crua de decadência, até à esperada redenção. Provavelmente o melhor dos milhentos filmes em que o Hugh Jackman interpretou Wolverine e uma excelente despedida (?) deste personagem.

Baby Driver

B A B Y… Baby! A originalidade e a audácia deste filme é notória; é um filme de acção que é quase um musical, dada a preponderância que a música assume no desenrolar da história e a forma como esta está embebida e sincronizada no seu protagonista. Acho que teve sorte de ter saído antes das polémicas do senhor Kevin Spacey e não ter tido a estreia manchada por isso, porque a história até era propícia a especulações.

Get Out

Este foi para mim a maior surpresa, pois desta lista foi aquele para o qual partia com menores expectativas. Uma excelente abordagem crítica de fundo às relações inter-raciais e tensões inerentes, num thriller que consegue a façanha rara de durante grande parte do tempo ser inquietante e ao mesmo tempo ter bons momentos cómicos. Não conhecia o protagonista, que tem uma performance de enaltecer, no meio de um conjunto de excelentes interpretações por parte de quase todo o elenco. Nota também para a música que abre, fecha e que dá sinais de alerta ao longo do filme, Sikiliza Kwa Wahenga; aconselho a ouvi-la e a procurar o seu significado apenas depois de ver o filme, senão perde o impacto.

Desilusões:

T2 Trainspotting

Epá, valeu a pena na mesma ser feito, foi fixe ver aquela gente toda junta passado tanto tempo, mas não, não chega lá.

Blade Runner 2049

Também valeu a pena ser feito e está num patamar bastante superior do filme acima; visualmente é espectacular, mas não é, nem de perto nem de longe, tão arrebatador quanto o primeiro. Pode ser que envelheça bem, visto que o primeiro não foi muito bem recebido na altura.

 

Ainda preciso ver (pelo menos):

  • Phantom Thread
  • The Square
  • Alien: Covenant
  • Gabriel e a Montanha
  • It
  • Lucky (RIP, Harry Dean Stanton)
  • Okja
  • Brawl in Cell Block 99
  • The Disaster Artist
  • Mother!

PS: Não, Star Wars não é a minha cena.

 

 

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Cinemadas, Paternidade

À Procura de Dory

A minha primeira ida ao cinema foi tão memorável que sou o único da família a lembrar-me dela, apesar de ter, na altura, mais ou menos a idade que a Carolina tem agora. Fui ver os Tartarugas Ninja, de 1990, ainda no Brasil. Lembro que quando entrei na sala fiquei absolutamente embasbacado com o tamanho do ecrã, e que já na altura odiei o facto da minha mãe ter o péssimo hábito de falar muito durante todo o filme.

Faço esta introdução porque é a primeira vez que escrevo aqui sobre uma ida ao cinema em que o filme em si assume um papel secundário; o protagonismo aqui vai todo para o momento pelo qual eu esperava ansiosamente há mais de três anos: o primeiro contacto da Carol com a magia do cinema.

Não que o filme não seja bom, porque apesar de jogarem mais ou menos pelo seguro e a coisa acabar por pender mais para a rentabilização do franchise do que para o brilhantismo, a Pixar não desilude e consegue cumpre bastante bem o papel de entreter-nos, acrescentando pelo meio uma personagem que rouba completamente o protagonismo dos ditos principais: o polvo Hank.

Voltando à Carol, ainda antes dela nascer já eu imaginava como seria essa primeira vez no cinema, e se ia conseguir incutir-lhe ou não essa paixão. Obviamente que esta segunda parte ainda está por comprovar, mas valeu bastante a pena e espero que também lhe tenha ficado na retina.

Inicialmente ela quase nem pestanejava, num misto de perplexidade e desconfiança, motivada principalmente pelo turbilhão de trailers com que se deparou e que a levaram a perguntar mais que uma vez, quase em desespero: “então e a Dory?”.

Um dos nossos medos era que ela nem sequer aguentasse o filme até ao fim, mas apesar de a determinada altura ter ficado agitada, com o intervalo a coisa acalmou e trouxe ainda mais contentamento; à medida que o filme foi chegando ao clímax, ela foi se entusiasmando cada vez mais, dando aquelas sorrisos bem rasgados acompanhados de olhares de aprovação que confirmaram o sucesso da coisa e me fizeram ganhar o dia.

Agora é continuar a alimentar a chama e, mais uma vez, esperar ansiosamente que chegue também a vez do Francisco.

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Entre Abelhas

Entre Abelhas é um filme realizado pelo Ian SBF e escrito por ele e pelo Fábio Porchat, que também é o protagonista.

Sendo eles duas das cabeças do Porta dos Fundos, seria de esperar uma comédia desgarrada ao estilo daquilo que a que o grupo nos tem habituado, mas este é um projecto pessoal que foge bastante desse registo.

Na verdade é um drama que acaba por se tornar divertido porque eles não conseguem deixar de ser naturalmente engraçados, mas nota-se que o objectivo principal não era esse.

O personagem central é Bruno, um editor de vídeo que acaba de se divorciar e de repente começa simplesmente a deixar de ver as pessoas que o rodeiam, a pouco e pouco. Tudo o resto gira à volta da sua tentativa desesperada de perceber e tentar contrariar o que está acontecendo.

Não é um grande filme, mas é uma história diferente, divertida e muito bem contada.

 

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The Wolf of Wall Street

Tendo o Martin Scorcese uma história destas nas mãos, o seu ator fetiche a protagonizar e sem uma grande produtora a censurar a depravação que esta envolve, este filme não tinha como correr mal.

Sexo, drogas e Wall Street, sendo Wall Street apenas um veículo e a parte menos importante da equação. O foco principal é a ganância humana e a forma como o dinheiro pode corromper e transformar o ser humano, sendo o ser humano no caso Jordan Belfort, um corretor da bolsa que começou por fazer dinheiro com negócios envolvendo transações de ações de valor duvidoso, engrupidas através do seu estilo comercial hipnotizante e agressivo.

Inicialmente confinadas a essas acções de baixo valor (Penny Stocks), a certa altura as artimanhas de Belfort dão o salto para Wall Street e são extrapoladas para quantias estratosféricas, gerando uma fortuna para si própria e para a sua empresa.

A partir daí é o descambar total; drogas e putaria a torto e a direito, a todo o momento e instante, e um sentimento de impunidade e de que não há limites para aquilo que conseguiam alcançar.

Esse estado de espírito é incutido na montagem, injetando uma adrenalina (e até uma filmagem “turva” impagável nos momentos de maior moca) quase constante nas quase três horas que compõem o filme, até, claro, declínio final.

O filme pode ser acusado de ser imoral ou amoral por culminar com um final “feliz” para o bandido, mas não faz mais que mostrar a realidade e um relato cru do que se passou. Mais ainda, se formos pensar bem no assunto, este é apenas um dos casos que veio a público e que sofreu algumas consequências; imaginem-se todos os outros que ocorreram e continuam a ocorrer e a gerar buracos…

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A minha escolha de Halloween

Female Vampire

A minha escolha cinematográfica de Halloween este ano não é cá Evil Dead, Pesadelo de Elm Street, Carrie, The Shining ou episódio especial dos Simpsons ou do American Horror Story. Female Vampire.

Há coisas que arrepiam. Uma condessa vampiresca chamada Irina que habita um hotel na Ilha da Madeira? Como o Jess Franco poderia saber que estava fazendo um filme perfeito para mim, que só nasceria 13 anos depois?

Obrigado ao excelente site My Two Thousand Movies pelo achado, e ao não menos notório Rare Cult Cinema pelo poster.

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Les Misérables

Javert Valjean

Não, eu não deixei de ser consumidor voraz de cinema depois de ser pai! O ritmo abrandou um pouco, e ainda não consegui ver um filme todo de seguida sem paragens desde que a minha princesa nasceu, mas se não é de seguida é em três ou quatro vezes.

Um dos últimos que vi foi este Les Miserables, o famoso musical baseado na obra de Victor Hugo, apresentado aqui em versão hollywoodesca pelas mãos de Tom Hooper, de quem sou fã não tanto pelo Discurso do Rei mas pelo excelente The Damned United.

O ponto prévio é: se não gostam de musicais, não vejam. Podem não gostar e tentar de vez em quando, mas este é verdadeiramente um filme musical, na medida em que não existem de todo diálogos que não cantados. Mais: todas as músicas são cantadas ao vivo, contrariando a tendência de, em cinema, gravar-se à priori e dublar-se em cena. É um pormenor que faz toda a diferença na autenticidade e na força com que nos atinge.

Já eu adoro musicais, e tenho pena que seja um género quase morto, com uns fogachos aqui e ali. Vejo um e fico umas boas semanas com as músicas na cabeça, cantando no banho e na cozinha, e agora com uma certa menina no colo, adaptando The Confrontation em versão calminha lullaby. Tipo estes gajos abaixo, mas baixinho, calmo, e com uma bebé olhando para mim tipo “este gajo é parvo”.

Aqui, os “verdadeiros” dando um cheirinho.

Bom, achei este musical em particular bastante bom, com destaque para todas as cenas que envolvem o caminho de redenção do protagonista Jean Valjean, o ex-prisioneiro em busca de levar uma vida cristã, e em particular para as que o opõem ao seu antagonista Javert, o homem da lei que teima em persegui-lo ao longo dos anos. Já sabia que o Hugh Jackman dava uns bons toques na cantoria, mas não que o Russel Crowe também (curioso serem dois australianos a representarem… dois franceses). Aliviando o drama, o Sascha Baron Cohen (Master of The House!) e a Helena Bonham-Carter estão absolutamente brilhantes no papel do inefável casal de estalajadeiros.

E não, não é lapso, não incluo mesmo a Anne Hathaway em modo Liza Minelli nos momentos alto do filme. Canta, sofre, esfola-se… mas não acho isso tudo, e perde-se no meio de outros momentos. Não ajuda a música andar muito batida. Desculpa, Anne! Boa sorte.

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Django Unchained

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Vale sempre a pena esperar por um filme do Quentin Tarantino. Esta frase continua inteiramente verdadeira. Diria até reforçada, depois deste Django Unchained.

Se ele já tinha atacado o género Blaxploitation em Jackie Brown, aqui decide misturá-lo com um dos que lhe faltavam na filmografia: o western. Ou o southern, já que o cenário é todo sulista.

Nos Estados Unidos de 1858, Django era mais um escravo sem qualquer esperança de salvação, até ser resgatado por um caçador de cabeças alemão, que precisa dele para reconhecer visualmente os seus próximos alvos. Inicialmente “contratado” somente para esta missão, Django vai aprendendo o ofício e se tornando um exímio pistoleiro, tendo em vista o objetivo derradeiro de salvar a mulher, de quem fora separado à força.

Vários ingredientes básicos de filmes de ação à antiga misturados: separação à força da família, sede de vingança, associação de uma dupla improvável… tudo misturado numa panela cheia de sangue e referências históricas (e cinematográficas).

Além da estilizada violência gráfica, a narrativa e os típicos diálogos tarantinescos, o que realmente dá um toque extra ao filme, é a plausibilidade dessa violência, no período retratado. Tanto a física quanto a verbal, aliás (a palavra Nigger é dita ou cuspida mais que uma centena de vezes). Motivo de incómodo para muita gente que gosta de lavar a história com paninhos quentes.

O filme gira à volta de Django e o Jamie Foxx se assume o homem perfeito para o cargo, mas há varias outras personagens brilhantes, com a de Cristopher Waltz mais uma vez à cabeça. É também o melhor papel do Samuel L. Jackson num filme do Tarantino, depois de Pulp Fiction. Um velho servo negro profundamente racista (contra a sua própria raça), impagável.

Depois há também as pequenas lições de cultura geral. Para mim, e acredito que para grande parte da minha geração, a palavra Mandingo só remetia o meu cérebro para referências pornográficas. O filme lava isso. Obrigado.

Já me alonguei mais que o costume, portanto, o resto fica para verem. E ouvirem, que a banda sonora é, mais uma vez, outro espetáculo à parte.vlcsnap-2013-01-14-21h51m08s236

Waiting for a Tarantino movie is always worth it. This statement remains absolutely true. I would add truest, after this Django Unchained.

If he already went all Blaxploitation in Jackie Brown, here he decides to mix it with a gender missing in the filmography: the western. Or, more specifically, the southern.

In 1858’s United States of America, Django was just one more hopeless slave, until he is rescued by a German bounty hunter, who needs him to visually recognize his next targets. Initially “hired” for just that mission, Django begins to learn the tricks of the trade and becomes an expert gunslinger, aiming the ultimate goal of saving his wife, from whom he was forcibly separated.

There are several basic old school action movie ingredients: sudden separation, thirst of revenge, an improbable duo of heroes… all mixed in a pot full of blood and historical (and movie) references.

Beyond the heavily stylized graphic violence, the narrative and the typical Tarantino dialogues, what really gives the movie an extra touch, is the plausibility of that violence, in that period. Both the physical and the verbal violence (the Nigger words is said or spat more than a hundred times). Strong reasons of discomfort to those who try to wash away dirt stories from the past.

The movie is all about Django and Jamie Foxx assumes himself as the perfect man for the job, but there are several other brilliant characters, with Cristopher Waltz shining above others, once again. It’s also the best role of Samuel L. Jackson in a Tarantino Movie, after Pulp Fiction. An old black collaborationist racist servant. Priceless.

There are also small general knowledge lessons here and then. For example, for me and my generation, the word Mandingo would only ring a bell about pornographic references. The movie sort of washes that. Thank you.

I already talked more than I use to, so the rest is yours to watch. And listen, as the soundtrack is also brilliant. Once again.

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