Categoria: Cinemadas

  • Caveira!

    A primeira vez que ouvi falar que iam fazer uma sequela do Tropa de Elite, fiquei bastante de pé atrás, achando que iam tentar esticar a corda da popularidade do filme com uma história qualquer de encher chouriço só para tentar recuperar alguns dos cobres que tinham perdido com a pirataria que abalou a estreia do primeiro. Ainda bem que fiquei assim, porque a surpresa foi boa, o filme é esplêndido.

    O José Padilha manteve firme o leme, e decidiu tomar um rumo de certa forma arriscado, mas completamente certeiro. Não sei se possa dizer com absoluta certeza que a sequela suplanta o original, pois são demasiado diferentes, mas no cômputo geral acho que, para mim, consegue ser superior sim.

    Se o primeiro filme desferia um murro no estômago, este tem uma trama (muito bem orquestrada) que enfia o dedo em várias feridas e chafurda até a infecção alastrar. A adrenalina descomedida dá lugar a uma viagem mais detalhada pela podridão dos diversos “sistemas” que corroem a sociedade carioca (e brasileira, em geral), desde as forças policiais até às elites políticas. As diversas caricaturas dos policiais e dos políticos teriam muito mais piada se não fossem verdade, ou seja, se na vida real não se continuasse a trocar vidas por votos e progresso por poder, como as mais recentes tragédias teimam em atestar.

    A nível de interpretação em si, de Wagner Moura não preciso falar, fiel a si próprio e ao peso de ter uma personagem com o mundo às costas; destaco, no meio dos diversos maus da fita, o polícia Rocha, um vilão atípico que paradoxalmente consegue se destacar precisamente pela sua mediocridade, pela naturalidade e pelo desplante com o qual vai levando o seu esquema avante, como se nada fosse.

    Uma indústria cinematográfica que consegue nos oferecer um filme desta maturidade, e que o faz sem abalar o seu sucesso junto do grande público, não fica a dever nada a Hollywood, senão algumas lições.

  • Crazy Heart

    Prossegue a regularização da minha agenda cinematográfica, tendo visto esta semana o filme que finalmente valeu ao Jeff Bridges uma estatueta d’oiro.

    O homem é Bad Blake, um cantor country que é neste momento uma sombra do que já chegou a ser, arrastando as suas bebedeiras e hemorróidas por wonky-tonks ranhosos da América. Tudo nele é frustração, lamento e auto-destruição. O maior mérito do actor não é encarnar o falhado que Bad é neste momento, mas sim deixar transparecer a grandeza que em tempos possuía.

    E se a performance do homem é espectacular, o mesmo não posso dizer acerca do filme, do qual esperava mais um bocadinho. No fundo acaba por servir mais como veículo para o velho Jeff brilhar do que como obra em si, sendo um trabalho admirável de ver, mas do qual se extrai pouco sumo e do qual saio sem desejar rever (talvez escute as musiquinhas uma vez ou outra).

    And my cinematographic pile clean-up goes on. This weekend I saw Crazy Heart, the movie that finally gave old Jeff a golden statue.

    The man is Bad Black, a country singer who is now a shadow of the man he once was, dragging his drunkenness and hemorrhoids through shitty wonky-tonks all over the USA. He’s all frustration, regret and auto-destruction. The greatest accomplishment of the actor is not about representing the looser Bad is at the time, but demonstrate the greatness of his past.

    And if his performance is amazing, I cannot say the same about the movie itself, from which I was expecting a little more. It works well as a vehicle that allows the actor to shine, but there’s no much more than that, and I don’t wish to see it again (maybe I’ll listen some of the catchy country songs now and then).

  • Black Swan

    A cena da imagem acima nem é das melhores nem influencia absolutamente nada o resto do filme, havia muitas outras fotos artisticamente belas na cinematografia, mas…não resisti. Homem é bicho.

    Ora bem, concentrando. O Darren Aronofsky está em topo de forma. Este filme prima pela perfeição em aspectos vários, sendo que não me lembro de ver nos tempos recentes um thriller psicológico tão bom.

    Eu não percebo de ballet, mas quer-me parecer que foi feito um esforço para conjugar ao máximo o estilo da realização como se de uma dança se tratasse. O filme todo é uma fábula, ora encantada, ora sombria. Vai-se dançando de uma cena para a outra, sem nunca levantar demasiado o véu sobre o quanto do que se está a ver ser fruto da mente delirante da bailarina ou da realidade aterradora que a rodeia.

    Planos simples, de uma intensidade tremenda, e com momentos deliciosamente perturbadores no caminho da metamorfose da personagem, bem transportada por uma banda-sonora visceral, estranhamente não nomeada para os óscares em detrimento de uma tão insípida quanto a do Social Network.

    A minha estimada Natalie Portman está brilhante, o filme é ela e ela carrega-o bem nas suas ossudas costas, mas não muito atrás o estão Vincent Cassel, na sua ambiguidade mentor/vilão,  Barbara Hershey (e principalmente esta), ternurenta e terrificamente assustadora ao mesmo tempo, e Mila Kunis, de quem talvez menos se esperasse uma alter-ego tão boa à Natalie, mas que pode ter aqui a prova de que é bem mais que uma carinha bonita, roubando a cena em mais que um momento. Corrijo o alter-ego, porque no fundo o alter-ego de Nina é ela própria, mas isso fica pra pensar.

    Só temo uma coisa: que o homem se agarre demasiado a este fórmula que no fundo já foi a base do Wrestler, mas por agora parece que vem aí uns blockbusters para o gajo encher a mala, no futuro logo se vê.

    Ainda sobre os óscares… que se fodam os óscares.


    The scene above is not particularly relevant, there were other artistically beautiful images in the cinematography, but… I’m a man, thus an animal, couldn’t help it.

    Ok, concentrating. Mr. Darren Aronofsky is on top-shape, undoubtedly. This film is perfect at several levels, and I don’t remember seeing such a good psychological thriller recently.

    I’m not really into ballet, but it seems that the man tried to direct the film as a dance, a fable, sometimes a fairy tale, sometimes a dark fantasy. We go dancing from a scene to another, without knowing if what we’re seeing belongs to the ballerina’s atrocious reality or to her delirious mind.

    Simple scenes with tremendous intensity, and deliciously disturbing moments on the way to her metamorphosis, well carried by an amazing soundtrack, strangely forgotten by Oscars who nominated a tasteless score such as the Social Network one.

    My dear Natalie is brilliant, she is the movie and carries it well through her skinny shoulders, but so are Vincent Cassel in his mentor/villain ambiguity, Barbara Hershey (and mainly her), sweet and terrifically scary at the same time, and Mila Kunis, from whom maybe we could have expected less to be such a good alter-ego, but proves that maybe she is much more than a pretty face, stealing the show at some moments. I correct the alter-ego, as Nina’s alter-ego is no one but herself, actually.

    I just fear one thing: that the man gets too attached to his formula already used on the Wrestler, but now is time for him to make some cash with his next blockbusters, in the future we’ll see.

    Yet about the oscars… ok, fuck them.

  • Goodbye Bafana

    Não sei se foi a propósito de andar tudo a medo que o homem dê o peido-mestre nos próximos dias ou não, mas apanhei em zapping em um dos milhentos canais a cabo este filme sobre Nelson Mandela, mais concretamente sobre a sua relação com James Gregory, um seu guarda-prisional.

    Gregory era inicialmente um guarda como os outros, racista como tudo, mas teve a sua filosofia de vida completamente alterada pela relação que desenvolveu com Mandela, tendo inclusive sofrido na pele diversos problemas pelas posições que tomou em relação ao homem.

    Não é nem de perto nem de longe um bom filme, os 18 anos de Mandela na prisão vão passando “na boa”, e tanto a interpretação do Joseph Fiennes quanto do Dennis Haysbert são demasiado em piloto automático para despertar sentimentos fortes no espectador, mas aprender a desconhecida história do guarda e da sua família chegam para dar alguma satisfação. É aqui que a porca torce o rabo.

    Mesmo dando de barato o devido exagero cinematográfico que se assume que exista sempre, segundo consta na Wikipedia (e se tá na Wikipedia é verdade, toda a gente sabe), além do Mandela não dar nenhum sinal de ter toda aquela intimidade com o homem, um dos seus biógrafos contesta veementemente tudo o que ali está descrito.

    Não gosto de levar banhadas.

    I don’t know exactly if this was because everyone is afraid that the man passes out at any moment, but zapping tonight I caught this movie about Nelson Mandela and his relationship with James Gregory, one of his wardens in prison.

    Initially, Gregory was just like any other warden, racist as fuck, but got his life philosophy completely altered by the friendship he developed with Mandela, which eventually even led him and his family to suffer some consequences.

    It is by no means a good film, the eighteen years of island imprisonment of Mandela go by as nothing, and both Joseph Fiennes and Dennis Haysbert are clearly acting autopilot, without managing to obtain strong feelings to the viewers. However, learning the unknown history of the warden and his family is compelling enough to achieve some degree of satisfaction.

    Even discarding the expected cinematographic exaggeration, Wikipedia says (and everybody knows that the Wikipedia don’t lie), besides Mandela never showing signs of having such an intimate relationship with the warden, one of his official biographers completely denies most of Gregory’s claims.
    I don’t like to be fooled.

  • Catfish

    Não tinha ouvido falar deste documentário que aparentemente fez furor em Sundance o ano passado, e provavelmente não teria lhe deitado a vista em cima se não tivesse sido recomendado pelo meu bom amigo Gimbras. Seria uma pena, porque é  uma pequena pérola.

    Catfish foi filmado e montado de forma extremamente simples, sem revelar nem amadorismo nem demasiada pretensão por parte dos dois realizadores, deixando que o foco se mantivesse na trama e no envolvimento do “personagem” principal. Escolha completamente acertada, pois a história é suficientemente “stranger than fiction” para prender a atenção do espectador e deixá-lo enredado no desenrolar dos acontecimentos, demais divagações só serviriam para distrair-nos do essencial.

    Nev é um fotógrafo que começa por travar amizade através do Facebook com um rapariga de 8 anos que pinta quadros baseados nas suas fotografias. O irmão de Nev e um colega decidem documentar o desenrolar dessa relação, e o subsequente envolvimento com a família da rapariga e demais eventos despoletados por esse desenrolar, sendo que tudo o que se passa a seguir levanta diversas questões, tanto a nível da leviandade com que se encaram os relacionamentos online actualmente quando do vazio da própria vida real em si. Isto tudo sem nunca empregar um tom demasiado deprimente à coisa, o que teria sido bastante fácil (e inócuo).

    É difícil revelar mais sem estragar a surpresa que o filme gera, portanto o resto fica pra pensar. Go!

    I haven’t heard of this documentary before, and probably wouldn’t watch it if it wasn’t for my good friend Gimbras recommendation. Would be a shame, it’s really a good surprise.

    Catfish was filmed and arranged in a very simple fashion, without appearing to be too amateur or two pretentious, and keeping the focus in the plot and in the main “character”. It was a good choice, since the story is sufficiently “stranger than fiction” to keep our attention.

    Nev is a photographer who starts to develop a Facebook friendship with an 8 eight year girl that paints pictures based on his photos. Nev’s Brother and a colleague decide to document the evolution of that relationship, and the subsequent involvement with the girl’s family and the events that follow. Everything that happens next raises a lot of questions about the levity that online relationships are taken and even the emptiness that real life can carry. All these facts are presented without too much of a depressing tone, which could have been quite easily (and innoxious).

    It’s hard to tell you more without spoiling the surprise, so… go!

  • The Social Network

    Arrebenta a bolha do hiato. Uma pedrinha no charco para matar o tédio.

    A primeira vez que ouvi falar que iam produzir este filme torci o nariz, mas quando soube que era o David Fincher a realizar, não pude deixar de ter curiosidade. É sabido o que o homem consegue fazer com uma boa história nas mãos, e ainda mais ajudou saber que, segundo consta, ele não deixou os visados meterem o bedelho no desenvolvimento. De qualquer das formas, e à imagem dos seus últimos, nem sequer belisca os calcanhares de Se7en ou Fight Club, podem continuar esperando deitados.

    Sendo uma história simples e tendo um guião muito fácil de comer (e ao mesmo tempo muito bem escrito, sem espinhas), não deixa de ter um estilo que nos consegue prender ao ecrã do início ao fim, sempre de forma fluida e não se deixando empatar em meio a tantas frustrações de parte a parte. Se não me engano, andaram a cortar ou a filmar aquilo de modo a levar classificação PG-13; as cenas das festas na faculdade e afins teriam tido muito a ganhar com um R’zito. Ou seja, poderia ser ainda mais deprimente, mas isto sou eu.

    Acho que todo o cast se porta muito bem e salta à vista a performance dos dois protagonistas, que nunca deixam de mostrar que apesar da ascensão meteórica e do poder que tem nas mãos não deixam de ser uns putos acagaçados, mas faço uma nota para o cabrãozinho do Timberlake, que cumpre muito, muito bem o papel do cabrãozinho do Sean Parker; se não me engano, é o terceiro filme com ele que vejo (Alpha Dog e o outro não me recordo) e cumpriu sempre. Se houver qualquer estigma à volta do gajo, não tem razão de ser. Neste é particularmente interessante ver um playboyzito paranóico e descontrolado a envolver o Zuckerberg numa teia daquelas. Ah, e todas as cenas dos gémeos também estão priceless! Eles são interpretados por um só gajo, mas com uma distinção de personagens bem visível; os melhores efeitos especiais são estes, os que não se notam!

    Em suma, entretém quanto baste e vale bem as duas horas, mas não é essa masterpiece que andam por aí a dizer, a entrar em comparações com o Citizen Kane e o diabo a sete (percebe-se a analogia, mas foda-se…). Nem sei bem explicar o que falta, mas um desfecho menos “fica pra pensar” ajudaria a atenuar o gosto a pouco, bem como uma visão mais incisiva e menos “tenham pena” do criador da coisa e das entranhas da sua mente.

    Os rumores que há-de limpar óscares passam-me ao lado, porque já caguei para os óscares há algum tempo, mas gosto desta onda dos blockbusters com qualidade estarem a voltar. Fincher, os últimos do Nolan… a venderem-se, que o façam com classe e vistam-se a preceito.

  • Machete

    Já havia aqui referido a minha predilecção por filmes de merda, e a distinção que faço entre filmes de merda e merdas de filmes.

    O Machete é um grande, enorme filme de merda; reitero, é dos melhores filmes de merda que eu tenha visto, e só não adianto muito mais porque sei que há quem vá ler isto e esteja à espera de releases de maior qualidade (ou, vá, a politicamente correcta e ridiculamente tardia estreia em cinema). Tudo na medida certa, ou seja, sem medida, acção e violência gratuita a gosto (ou contragosto), nudez, e muito, muito nonsense.

    Com tantos anos inglórios de pequenas participações (e até de prisão), Danny Trejo já merecia um protagonismo destes, incluindo facturar a Jessica Alba, a Michele Rodriguez e a Lindsay Lohan (numa cena digna do ditado “maravilha maravilha…”) no mesmo filme, com uma cara daquelas (já referi o nonsense).

    Urgiu agora em mim a necessidade de ver o Expendables, e rever os Desperados. E os filmes de Cheech & Chong, todos!

  • Dançando com o diabo

    Ontem à noite deu este documentário de Jon Blair na rtp2.

    Não traz grande novidade, mas é interessante. Vão sendo mostrados diversos depoimentos de traficantes, moradores e polícias do Rio de Janeiro, tudo sob uma perspectiva voyeurista: não são mostradas perguntas, e deixam-se aos critérios dos espectadores as conclusões, que hão-de ser sempre ambíguas, dado que chegamos sempre às mesmas contradições e confirmações do ciclo de violência.

    Os elos condutores do filme são Dione, um pastor evangélico que luta para tirar os bandidos do tráfico e trazê-los para a igreja, e o Homem Aranha, um barão da droga que diz que quer largar essa vida, mas não sabe como. E é aqui que o documentário se mostra interessante: por mais que eu abomine a maior parte das igrejas evangélicas que florescem (e pro$peram) que nem cogumelos, aqui dá para notar a verdadeira força que a fé tem, quando bem direccionada.

    A confirmação (ou melhor, constatação) que é um problema horrendo e longe do fim, e que o caminho não pode passar somente pela violência, que maior violência gera.

  • 5x Favela

    Tenho ouvido maravilhas do outro lado do oceano, do filme “5x Favela, Agora por Nós Mesmos”.

    5 curtas-metragens escritas, interpretadas e realizadas (sob a batuta do produtor Cacá Diegues) por oficinas de actores das favelas do Rio; segundo consta, subvertendo estereótipos, pela vontade dos próprios (a favela dos moradores, não a dos bandidos ou dos polícias, como diz o trailer).

    Não consigo descortinar quando, ou mesmo se, terá estreia em Portugal. Fico a aguardar novidades oficiais ou dos fornecedores do costume. Fica o trailer abaixo para referência futura.

  • The Two Escobars

    Em mais uma incursão televisiva dominical, apanhei um grande documentário na ESPN, The Two Escobars. Quem tiver esse canal fique atento, que tem sido repetido.

    Como o título indica, o filme aborda a história dos dois Escobars colombianos mais famosos dos anos 90: o barão da droga Pablo Escobar, e o capitão da selecção de futebol, Andrés Escobar, assassinado após marcar um auto-golo no mundial de 94.

    Eu já conhecia o trágico fim do Andrés, mas a história tem contornos muito mais complicados. O documentário é muito objectivo: mostra o trajecto de Pablo e a sua ascensão como maior traficante à escala mundial (chegou a ser o sexto homem mais rico do mundo), o trajecto brilhante de Andrés e da sua selecção até à copa, e desvenda como os dois mundos estavam relacionados: o dinheiro da droga era investido (e lavado) nos clubes e em campos de futebol, e chegou-se ao cúmulo da selecção ser obrigada a fazer um jogo contra a equipa do estabelecimento prisional onde Pablo estava “alojado”. Alojado é mesmo o termo: La Catedral era uma prisão de luxo, mandada construir segundo as indicações do próprio Escobar.

    A péssima imagem internacional da Colômbia era atenuada pelos feitos da sua selecção de futebol, e o povo acorria em massa aos estádios para aclamar os seus heróis, o seu único vislumbre de alegria em meio à escalada de violência que irrompia pelas ruas. O assassinato de Pablo Escobar pela milícia Los Pepes (Perseguidos por Pablo Escobar), ao invés de atenuar essa violência, aumentou o caos nas ruas. Sem o líder da mão firme, surgiram em toda a parte pequenos cartéis e passou-se a viver um clima de verdadeira guerra civil. À altura, a taxa de assassinato suplantou a do Kosovo como a maior à escala mundial.

    Um dos efeitos colaterais desse caos foi o próprio desnorte da selecção nos Estados Unidos e o assassinato de Andrés à saída de uma discoteca, perpetrado por dois traficantes pertencentes aos Pepes. Andrés tinha casamento marcado para o mês seguinte, e um contrato assinado com o AC Milan.

    É estranho pensar na alegria que eu senti ao ver o Brasil campeão mundial depois de 24 anos de jejum, e da tristeza paralela que assombrou a Colômbia. Tudo podia ter sido bem diferente, pois a selecção colombiana tinha legítimas aspirações de ser campeã, tendo se apresentado com um futebol de sonho e apenas uma derrota em 28 jogos, incluindo uma vitória de 5-0 sobre a Argentina nas qualificações. Nunca mais conseguiram participar num mundial desde então.

    Não conhecia os dois realizadores, Jeff e Michael Zimbalist, que ao que parece também possuem um documentário passado na minha terra natal muito aclamado, Favela Rising. A ver.