Boa noite a todos. Tou outra vez na Achada de Cima, até segunda. Na paz, a descansar, a ver o atlântico, mas a tentar trabalhar também.
Ainda não vi bem o alcance dos estragos da chuva, vai ficar pra pensar.
Venturas e desventuras pelo mundo afora
Boa noite a todos. Tou outra vez na Achada de Cima, até segunda. Na paz, a descansar, a ver o atlântico, mas a tentar trabalhar também.
Ainda não vi bem o alcance dos estragos da chuva, vai ficar pra pensar.
Bom, se a ida a Liverpool já me tinha deixado extasiado, nesta a Madrid fiquei completamente fora de mim!
Vamos por partes então. Pela primeira vez voei pela Iberia. O avião não tem muito que se lhe diga, a simpatia do pessoal é que, pela primeira vez, deixou muito a desejar. Sempre tive a impressão que a simpatia fosse requisito primordial para andar nestas lides aéreas, mas aí está a excepção à regra. A viagem em si não tem história, porque de Lisboa a Madrid é um tiro.
Chegados àquela enormidade que é o Aeroporto de Barajas, apanhamos o metro até Nuevos Ministerios, de onde mudamos de linha para sair em Tribunal. Ao longo desse percurso, fomos ouvindo várias palavras de incentivo, de adeptos do Real, como não podia deixar de ser. Como já tinha constatado em Inglaterra, sentimo-nos sempre mais apoiados no estrangeiro do que no nosso próprio país.
Seguimos a pé por esse centro comercial a céu aberto que é a Calle Fuencarral até Puertas del Sol, onde estava uma feira gastronómica em que aproveitamos para nos aviar com uma bela sandes de Presunto (Jamon!) Pata Negra de Salamanca e um copito de vinho, de oferta. Uma coisa que me impressionou foi a quantidade das chamadas profissionais do prazer, vulgo putas, que por lá andavam ao ataque, às portas das lojas, logo de manhã cedo, não tinha essa ideia da última vez que por lá andei.
Prosseguindo a jornada, assentamos arraiais na Plaza Mayor, que era o ponto de encontro dos sportinguistas para receber a escolta policial até ao estádio. Encontramos um supermercado refundido que vendia a cerveza a 60 cêntimos, enquanto os nossos compatriotas desembolsavam 2 euros para abrirem a pestana. O ambiente começava a animar aos poucos, com apenas algumas dezenas de leões e algum pessoal do directivo a ensaiar a festa que se seguiria.
Por volta das quatro horas a Plaza Mayor já era completamente nossa, e a chegada do autocarro da Torcida Verde deu o mote para nos juntarmos todos para a descida até ao estádio Vicente Calderón. E essa, meus amigos, foi qualquer coisa de indescritível! Dois quilómetros percorridos com cerca de duas milhares de almas (dizem que no estádio éramos cerca de cinco mil) a gritarem em uníssono e cheios de orgulho o seu amor ao clube. Os espanhóis assomavam às janelas completamente surpreendidos por tamanha invasão.
Já a chegar ao estádio, o único ponto negativo da história: a determinada altura, devido a uma picardia entre meia dúzia de pessoal e um carro com adeptos do atlético, a Guardia Civil decidiu varrer a rua toda à bastonada, agredindo indiscriminadamente quem passava. Eu levei uma cacetada em cheio na “nalga” direita, para abrir a pestana (agora já posso dizer que, entre outras coisas, já levei no rabo pelo Sporting…), comecei a fugir, caí, e para não me armar em parvo de tropeçar assim à toa levei mais uma na perna, de borla.
Belos animais esses senhores, mas enfim, lá chegamos e fizemos a festa dentro do miserável Calderón, um estádio do piorzinho que já vi, ao nível de um Paços de Ferreira, sem desprimor para os castores. Há muito tempo em que não passava os 90 minutos de pé à molhada, foi engraçado. Uma nota para o grande Sá Pinto, que mais uma vez marcou a sua presença no meio da multidão. À parte do que quer que se tenha passado, um coração de leão destes faz imensa falta lá dentro, mas isso fica pra pensar.
Quem quiser confirmar uma pequena reportagem deste dia (completamente toldada pela euforia), é só clicar aqui. Até onde mais irei por este clube?
Já vem tarde, mas não posso deixar de partilhar.
Eu já devia ter reparado nestes anúncios da Puma há mais tempo, visto que são especialmente relevantes para mim, que na minha semana de Dia dos Namorados levei a minha special one a ver o Sporting em Liverpool! Isso foi secundário na viagem, mas fica a ideia.
Versão britânica
Versão italiana
Digam lá se a cultura ultra não é uma coisa linda. Arrepia ou não?
Bom, lá tivemos nós que regressar à base. Acaba por ser sempre frustrante visitar Londres, porque nunca saímos satisfeitos, nunca vemos tudo o que queremos, esta cidade tem muito, muito para oferecer. O que vale é que sabemos que havemos de por lá passar novamente.
De Liverpool não tenho muito a dizer, mas para quem ama o futebol, é sem dúvida uma cidade a visitar: respira-se futebol, a rivalidade entre os reds e os toffees está sempre a pairar no ar (até os caixotes do lixo são de cores diferentes consoante as ruas), em cada esquina há um pub a dar a bola ou uma casa de apostas, contagia.
De mais, tenho a dizer que até agora, a semana toda, não tínhamos visto neve a valer, só aquela neve falsa misturada com chuva a que os ingleses chamam sleet. Hoje de manhã, como atesta a foto, ficamos todos entusiasmados porque acordamos com um valente nevão em cima, por todo o lado no caminho até Luton só se via era neve.
O entusiasmo arrefeceu assim que chegamos ao aeroporto: 3 voos da easyjet já tinham sido cancelados, e todos os restantes não tinham estimativa de partida, por todo o lado o alvoroço e o rumor de que todos os voos seriam cancelados porque a pista estava coberta de neve. Felizmente a perspectiva de passar uma noite à Tom Hanks não se confirmou, e lá voamos, 5 horas depois do previsto.
E cá estamos, e lá se foram as férias, e tudo o que é bom acaba depressa e etc. Mês que vem bem podia ser Agosto.
Como eu tinha dito, chegou a vez dos chineses celebrarem o ano novo. Este ano que entra é o do Tigre, que até é o nosso signo chinês (meu, da Irina e de todo o pessoal de 1986).
Apesar da chuvinha foi um dia de festa, e isso notou-se desde cedo logo à porta de casa, com uma forte batucada e um dragão dançante a parar em tudo o que era loja e restaurante chinês e a cortar um legume que não percebi bem o que era, para dar sorte.
Chinatown estava especialmente representativa da China natal, mas não era por causa dos chineses, era a sobrelotação! Eram algumas dez mil pessoas por quilómetro quadrado. Os chineses em si aproveitavam mais para fazer negócio, vender estalinhos de carnaval, tigres de papel e uns bolinhos fritos.
Estivemos grande parte da tarde em Trafalgal Square a ver os diversos números de variedades dos chineses: danças, lutas, cânticos e stand-up à chinesa (intragável esta parte). Não ficamos a tempo dos fogos de artifício, mas foi bonita a festa, grande ambiente.
Tudo neste dia soou a despedida: quando chegamos à base, estava um irlandês no pub à nossa frente a cantar Loosing my religion, dos REM. Ficou pra pensar.
Hoje o dia prometia, fez sol que se fartou, para os London Standards.No entanto, o dia não correu assim tão bem: a estação mais próxima de nós estava fechada, além de duas linhas inteiras do metro, e amanhar-mos-nos com o bus é um bocado mais complicado. Além disso, demos uma caminhada do caraças para encontrar a pizzaria italiana La Porchetta, que é só a melhor do mundo e arredores, e chegamos lá… e não servem almoços aos sábados! Maledettos!
Ainda assim, deu para irmos ao British Museum visitar as múmias, os gregos com as pilas de fora e coçar a barba em sinal de sapiência, faz parte.
Este rapaz que está acima não foi mumificado, mas está conservadinho há milhares de anos devido a ter secado naturalmente de andar a bulir no deserto. O pessoal que anda no ginásio a mamar água destilada devia era pôr os olhos nele e ir encher para o Saara.
O resto foi andar a ver as montras na Oxford Street (só ver, que o dinheiro já não estica) e descansar um bocado, que também merecemos. Amanhã comemoraremos pela segunda vez o reveillon, no espaço de dois meses: é o ano novo chinês, com celebrações chinocas em Trafalgal Square e Chinatown (óbvio).
Nesta manhã demos granda passeio pelo Hyde Park; mesmo assim, não conseguimos percorrê-lo todo. Andamos a dar comida aos patos, gansos, esquilos, a tudo o que se mexia menos aos pombos, que é proibido.
À tarde fomos passear para os lados da Tower of London e fomos ao London Dungeons, depois de uns bons 30 minutos na fila: neste a compra online não adianta nada, é tudo ao molho e fé em Deus.
Não é bem o que estávamos à espera: nem aos putos mete medo, e dos actores, poucos se aproveitam, apesar do makeup. É, no entanto, muito interessante do ponto de vista da recriação histórica, de ficar a saber mais sobre o tempo da peste negra, das torturas que se infligiam aos infiéis e traidores, das histórias do Jack the Ripper, etc. Sentar na cadeira do Sweeney Todd também tem um efeito interessante: ficamos às escuras enquanto vamos ouvindo as tesouras e as giletes a cortarem e o bafo do gajo no pescoço.
Esta noite estiveram -5 graus na rua. Aperta!
Neste dia fomos visitar a Madame Tussauds logo pela manhãzinha. Fiz a reserva dos bilhetes pela net, e é a melhor coisa que se pode fazer: a fila para as entradas normais dava a volta a vários bilhares grandes. Lá dentro é que foi pior, estava difícil até para respirar, com tanta gente.
Deu no entanto para ver o essencial, tirar foto com a mão no rabo da Jennifer Lopez, dar soco no Muhammad Ali, a Irina aganfar-se ao Brad Pitt, etc.
A tarde foi dedicada a andar à chuva, e isto é sina: sempre que eu vou andar no London Eye, chove pra caraças, não falha. Mas vale sempre a pena.
Amanhã vamos ver se apanhamos um cagaço no London Dungeons, mas pelo pouco que a Irina sofreu no Chamber of Horrors do Madame Tussauds, não sei não. Fica pra pensar.
BÓNUS: A próxima foto é dedicada a todos os meus amigos que praticam Krav Maga. Eles sabem quem são e o porquê.
Ainda não ficamos com autoridade para dizer que conhecemos verdadeiramente Liverpool; aquilo que fizemos durante a manhã deste dia, até à partida do comboio do tio Richard Branson, foi uma espécie de speed tour pela cidade. Deu para ver aquilo que nos disseram que era o principal: Albert Dock, St George’s Hall e o tal do mítico pub “The Cavern”, onde os Beatles tocaram no tempo da avó cachucha.
Pode ser que um dia lá voltemos para conhecer melhor, mas honestamente, a cidade não me pareceu tão interessante quanto isso.
De regresso a Londres, e depois de um passeio por Oxford e Picadilly Circus, fomos experimentar assistir um musical no West End Londrino; assim a olho e numa decisão rápida, aquele com o qual mais nos identificamos foi o “Thriller Live”, um tributo ao MJ que nem é bem um musical, é mais um debitar das canções do gajo ao longo dos diversos períodos da sua vida (Jackson 5, Thriller, McCaulay Culkin, etc), pela voz e pelas pernas de diversos performers, masculinos e femininos.
Não é tão lamechas quanto seria de esperar (até porque já está em cartaz desde antes da morte) e o elenco é bastante talentoso, apesar de exagerarem no overacting de vez em quando; há, no entanto, grandes momentos de música e coreografia (smooth criminal à cabeça) e gostei do facto de utilizarem bastantes músicas das menos conhecidas. Bom entretenimento.
Ficou definido que a música oficial desta viagem é “Can You Feel It”, do tempo dos J5, grande pinta. Fica pra dançar.
Neste dia viemos até Liverpool apoiar o Sporting contra o Everton, em jogo a contar para a Liga Europa (taça UEFA). Conhecer Liverpool a sério ficou reservado para a manhã seguinte; foi chegar do comboio, meter as coisas no hotel, enfardar um buffet chinês e partir para o estádio. Só deu para sentir que ali o frio faz jus a São Ramalho.
A rivalidade entre Liverpool e Everton está sempre a pairar no ar; por todo o caminho fui ouvindo palavras de incentivo dos adeptos dos Reds, incluindo do taxista que nos levou até à porta do estádio: um gajo com um sotaque indecifrável, uma gargalhada à Moura dos Santos, e que passou o tempo todo a fazer piadas com “Lisbons” e “Lesbians”, a dizer que estava a levar-nos para o meio da merda e a barafustar com a proximidade que o futuro estádio do Liverpool terá com o Goodison Park.
Eu tinha prometido que independentemente do resultado, ia me abster de comentar as incidências futebolísticas em si, e isto vale até ao final da temporada. Em relação à envolvência do jogo, saí do estádio plenamento satisfeito, e com a sensação de dever cumprido.
O Goodison Park é dos estádios mais antigos do mundo (1892), tendo sido palco de, por exemplo, o célebre Portugal-Brasil de 1966 em que arrumaram com o Pelé; só daí já valia a pena tê-lo conhecido. É um estádio acolhedor, à moda antiga, com catracas de rodar e bancadas assentes em madeira.
Os leões que lá estiveram foram grandes, tendo apoiado a equipa durante todo o jogo, conseguindo calar os muitos toffees presentes (estes eram bastante fraquitos, diga-se de passagem). Entre nós estava o grande Ricardo Sá Pinto, a quem tive a oportunidade de dar um palmadão. Foi uma grande, grande lição do sportinguismo que não se deixa morrer.
Amanhã conto mais.