Paternidade

6 Semanas

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Há mais de um mês que o Francisco está no mundo.

Tem crescido a olhos vistos, estando neste momento com 4200g de peso e 55cm de comprimento. É um bebé muito, muito tranquilo, e tem ar de estar sempre atento a tudo o que o rodeia. Já vai distribuindo sorrisos, com maior frequência para a progenitora, para gáudio desta!

Sermos pais de segunda viagem torna as coisas um pouquinho mais fáceis, mas não completamente, pois ele é bastante diferente da irmã, em vários aspectos.

Se ela era presa de intestinos, ele caga como se não houvesse amanhã. Se ela veio completamente carequinha, ele surgiu cheio de cabelo por toda a parte. E por aí vai.

Uma das coisas que temíamos bastante precisamente por não termos experiência prévia, era a reacção dela à chegada do irmão. Li em algum lado que o Jerry Seinfeld disse “A two-year old is kind of like having a blender, but you don’t have a top for it”, e é uma verdade absoluta. Ela é o cúmulo da energia e da imprevisibilidade, mas felizmente até tem sido bastante carinhosa para o irmão. Por vezes, até demais!

E ele, por mais que ela o chateie a toda a hora, já se derrete todo quando a vê e principalmente quando a ouve. Bonito de se ver.

Em pelo menos uma coisa eles são semelhantes: são lindos, maravilhosos, de morrer e chorar por mais.

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Vou contar-te como foi #2

Já não estás no futuro, filho. Já estás no mundo há mais de uma semana, e tem sido espectacular ter-te aqui.

Ao contrário do nascimento da tua irmã, que nos tirou da cama a meio da noite, o teu foi com data e hora marcada, o que não quer dizer que não tenham havido surpresas.

Chegamos ao Hospital Garcia de Orta às 8h10, 20 minutos antes da hora indicada. É o habitual na obsessiva pontualidade do teu cota, como hás-de aprender. Deixei a tua mãe dar entrada no processo e fui estacionar o carro; quando regressei, ela já estava com aquela linda bata azul do hospital e a trouxa na mão.

Entretanto esteve fazendo CTG durante um bom bocado. Às 10h10 chamaram-lhe para entrar para o bloco, e até aí tudo parecia ir de vento em popa para nasceres durante essa manhã, mas infelizmente foi sol de pouca dura. Informaram-nos que havia pouco pessoal de plantão para muitas parideiras aparecendo por lá em trabalhos, e assim sendo a tua mãe ia ter que esperar que as coisas acalmassem, visto que não era uma situação de emergência.

Essa espera durou cerca de doze horas, a somar às outras doze em que a tua mãe estava de jejum. Valoriza-a, muito e sempre, porque muita fominha ela passou para vires ao mundo!

Felizmente, essa espera angustiante e o facto de não ter sido possível eu assistir ao parto foram os únicos ponto negativos do dia. Há que elogiar quando necessário, e este foi mais um parto impecável.

Depois de palmilhar quilómetros de um lado para o outro em frente ao bloco, finalmente, às 20h55, disseram-me que tinhas nascido, às 20h12, com 3220g. A médica, Drª Blandina, brasileira como o papai, veio me dizer que “ele é muito lindo, já fez xixi, já fez cocô, tá tudo funcionando!”.

E és, e fazes, e funcionas plenamente. Por enquanto por si só ainda não dás tanto trabalho quanto esperávamos, mas juntando ao que mana dá, é dureza, sim. Mas não há nada que pague a vossa presença nas nossas vidas.

 

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Recado para Alguém no Futuro #14

Pois é, filho. O próximo recado já vai ser dado cara a cara, de homem para homem.

Vais na 38ª semana da tua existência, pesas aproximadamente 3250 gramas e tens encontro marcado com o mundo para o início da próxima semana, se tudo correr bem.

Continuas sentado e chateia-me que assim sendo provavelmente não presencie o momento exato da tua chegada, mas sei que te vou perdoar assim que encaixares pela primeira vez nos meus braços.

Um beijo enorme e boa viagem.

PS: a tua irmã espera que tragas uma prenda para ela, quero ver como te desenrascas.

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Recado para Alguém no Futuro #13

35 semanas, filho.

Por esta altura, ao acordar, todos os dias a tua irmã pergunta com o ar mais sério do mundo: “o mano vai nascer?”. Não sei se ela manterá esse entusiasmo todo quando estiveres aqui fora, mas vamos ver. Já existe pelo menos um brinquedo com o qual vai haver divertimento em conjunto: o “skate” que compramos para ela ir atrás de ti no carrinho é qualquer coisa.

O mano vai nascer em breve, mas quase de certeza que não exatamente da mesma forma que ela. Continuas sentado, filho, e é cada vez mais improvável que isso se altere. O espaço é curto e tu só segues crescendo e engordando, como tem de ser.

A tua mãe carrega aproximadamente 2.7kg de Francisco, por agora. Seguindo as pisadas dos cabeçudos do papai e da mana, a tua cabeça está, digamos assim, acima da média. Só pode ser bom sinal.

As malas estão feitas e como todo o recado destes pode muito bem ser o derradeiro, um até já e muito boa viagem. Te amo, pai.

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Recado para Alguém no Futuro #12

32 semanas e alguns sobressaltos, filho. Vem com calma.

Se o teu primeiro e segundo trimestres foram bastante mais calmos que os da tua irmã, o último já deu sustos que cheguem para um empate técnico no grau de dificuldade destas gravidezes.

A doutora não gostou muito da última ecografia. Tu estavas (e estás) muito bem para a tua época e no bom caminho para te revelares mais um ser maravilhoso, mas o colo do útero da tua mãe estava muito diminuído, o que a obrigou a repouso absoluto, com risco de ter que ser internada.

Por esta altura já deves conhecer a tua mãe um bocado, saber que ela odeia estar parada e ter estranhado a acalmia, mas foi por uma boa causa. A “coisa” evoluiu bem e, apesar de continuar sobre vigilância, estamos outra vez na pista certa. Não coloco aqui a “foto” dessa ecografia porque, sinceramente, não se percebe nada de ti nesta altura!

Esses teus aposentos devem ser mesmo confortáveis, porque continuas exactamente na mesma posição que da última vez: sentado e refastelado.

O teu quarto aqui fora também já está pronto mas, mais uma vez… vem com calma!

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Dois Anos

A velocidade dela assusta.

Um turbilhão de coisas se passaram à sua volta desde que fez um ano de idade, mas não há nada que se compare à sua própria evolução.

Já não se resume a dizer uma coisa ou outra: ela conversa, tagarela, conta e desconta, inventa, pergunta, contrapõe, argumenta. Aprende sem ensinarmos, ensina-nos sem percebermos.

Entusiasma-se com a mesma facilidade que se aborrece. Tem muitas e variadas preferências e manias, que vão indo e voltando ao sabor do vento. Tudo é festa, tudo é drama. Tem pressa. Tem medos.

Tanto sou pai quanto sou mais um brinquedo, que ela desmonta e esconde no quarto dos bonecos.

Nem sempre é meiga e doce, mas quando quer, tem muito amor para dar. Mesmo que não queira, terá sempre muito amor para receber.

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Recado Para Alguém no Futuro #11

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22 semanas, 453 gramas, e tudo bem contigo, filhão.

Já vemos praticamente todos os teus contornos e detalhes, e está tudo onde devia estar.

Estavas sentado numa posição muito confortável, confortável até demais; tivemos que voltar a ver-te uns dias depois, para poder analisar melhor a tua coluna, que também está no ponto. De qualquer das formas, é um prazer.

A tua irmã mostra cada vez mais entusiasmo ao falar de ti. Continuar dizendo que estás dentro da barriga dela é mero detalhe.

Por cá te esperamos.

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Recado para Alguém no Futuro #10

No dia do aniversário do teu pai deixas-te a médica confirmar que sim, és um menino homem.

A tua mãe tem vomitado bastante menos do que na primeira gravidez, obrigado por isso. Talvez seja por a tua irmã dizer que tu não estás só na barriga da mãe, estás também na dela e de vez em quando na minha. Estamos todos grávidos.

Estamos todos te esperando. Vem com calma, Francisco.

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18 Meses

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Eu pondero sempre se é agora que vou deixar de escrever sobre a evolução dela mensalmente e passar a fazer uma coisa mais espaçada, mas ela não pára de evoluir e me fornecer material para deixar registado. Além disso, 18 meses são ano e meio, é mês de consulta e tudo, merece!

Cada vez temos que lhe explicar menos coisas. Se perguntamos se quer ir tomar banho ou ir ao quarto dos brinquedos (e lhe apetece), ela começa logo a dar a mão e a encaminhar-se para as escadas. A mesma coisa para ir à rua. Fica chateada quando não consegue fazer as coisas de forma independente.

Pede muita coisa e pede com insistência; se não vai na fala ou no grito, parte para a demonstração, como quando tenta me empurrar para eu deitar e fazer massagem (esse é dos melhores cenários possíveis).

Tem muito vocabulário, mas quase todo cortado pela metade ou por uma das sílabas, o que gera muitos sinónimos no seu dicionário. Minnie é mimi, que também é milho, bola é bó, que também é ir embora, por aí vai. Ao menos nunca se confunde dentro dos seus contextos.

Vai tentando conversar e fazer frases, ainda que sem as ligações. Por exemplo, vai passear de carro comigo e com uma das milhentas Minnies, chega e diz à mãe DADÁ MIMI POPÓ.

A nível motor, está uma máquina, o que nem sempre é bom, pois tenta galgar tudo o que encontra à frente, qualquer que seja a altura. Já não podemos virar as costas no quintal um minuto, pois quando olhamos já está de pé ou de frente no alto do escorrega. Agarra, empurra, empilha, estica, puxa… não noto nenhuma perícia em que tenha dificuldade de maior. Tomou o gosto por rabiscar, mas ainda não lhe deu para experimentar as paredes.

Já é difícil pará-la. Ela que não o deixe, a ninguém, nunca.

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