Categoria: Desportadas

  • A Liga a Norte e Sul

    Ora bem,

    A propósito de duas coisas que me fazem confusão, vou tecer as minhas últimas considerações sobre a época desportiva que agora finda (no que ao futebol sénior português diz respeito).

    Os nossos vizinhos da segunda circular fizeram aí uma brincadeira muito engraçada acerca de uma reserva no Marquês e tal, muito giro. Acontece que parece que andam mesmo com vontade de fazer a festa por lá; se às mentes iluminadas que frequentam as imediações do Centro Comercial Colombo soa a provocação aos sportinguistas, a mim soa-me a figura de palhaço, mas isto sou eu. Passando a citar:

    “Inaugurada no dia 13 de Maio de 1934, a estátua lisboeta que homenageia o Marquês de Pombal parece observar a Baixa por ele reconstruída, após o terramoto de 1755. O seu autor, o escultor Francisco dos Santos, foi um dos primeiros jogadores do Sporting. Por isso, a ideia de que o leão é inspirado no emblema do clube não será fantasiosa como parece. O escultor concebeu o monumento em 1914, de parceria com o seu amigo, e igualmente ex-jogador leonino, António Couto. “

    No lugar deles, eu não centrava a festa à volta de um leão, num dos maiores símbolos do sportinguismo que há na cidade de Lisboa, mas visto que considero tal como figura de palhaço, não os repudio, encorajo! Força benfiquistas! Para mim, é o mesmo que eu ir comemorar à volta da estátua daquele jogador formado no Sporting de Lourenço Marques.

    Quanto aos fruteiros lá de cima, andam aí a fazer um choradinho do caraças para o jogo da final da Taça não se realizar no Jamor. Primeiro, eu só aceitaria isso se alterassem o nome da competição. A festa da Taça é no Jamor, com o garrafão de vinho e a sardinhada  e a febra desde as 9 da manhã, toda a gente sabe disso. Segundo, isso só prova que apesar de todo o sucesso desportivo das últimas décadas, o fecepê continua a ser um clube regional, um clube de bairro, duvidando inclusive da sua expressão nacional para encher um estádio da capital.

    Força!

  • Sporting 2 – Atlético 2

    Andaram para aí uns rumores que eu não escrevi sobre este jogo por azia ou maleita parecida, mas não foi nada disso, simplesmente não houve tempo para tal: esta foi uma semana verdadeiramente infernal a nível de trabalho, e tenho testemunhas que podem confirmar que até ontem à noite as minhas órbitas estavam prestes a saltar pelos olhos afora, que a minha pele tinha assumido um tom assustadoramente pálido e que se eu soprasse no balão acusava alguns 4g de cafeína no sangue.

    Aparte este choradinho, lá consegui estar em Alvalade na noite de quinta-feira. Foi um ambiente à antiga, estado de sítio em toda a zona do Campo Grande, petardos, tochas e muita, muita tensão no ar. Não me vou dar ao trabalho de pesquisar e colocar aqui todos os diversos vídeos e notícias que fizeram à volta do assunto porque isso já está mais que falado, fica este para os mais distraídos se contextualizarem.

    Como muito bem disse um determinado leão, se em Madrid estávamos rodeados de cavalos, aqui tivemos rodeados de burros. É completamente inadmissível que apareçam “do nada” centenas de macacos de uma claque organizada e desatem à pedrada indiscriminadamente sobre quem passava. Cerca de 20 bravos da Juve chegaram para eles, e fica aqui o meu grande aplauso para esses senhores. Estes meninos da Frente Atletico tinham feito estragos com os super dragões, mas cá em baixo a coisa pia mais fino.

    Quanto ao jogo em si, levei um dos maiores baldes de água fria da minha vida: entrei aos 5 minutos sem perceber que já perdíamos por 0-1, e festejei os nossos dois golos como se estivéssemos a ganhar! Só me abriram os olhos ao intervalo, e quase que me caíam os tomates ao chão. Penso que não tendo feito um jogo por aí além, o Sporting saiu de uma forma digna, de cabeça erguida. A grande diferença entre estas duas equipas deu pelo nome de Kun Aguero, este filho da mãe é mesmo jogador da bola. Esse factor combinado com uma dupla de centrais composta por Polga e Caneira… fica pra pensar.

    Acaba assim com muita pena minha esta temporada europeia, em que acompanhei a equipa em todas as deslocações da fase final (eu sei que foram só dois jogos, mas não tou a dizer nenhuma mentira), e em que ficou a vontade de continuar esta demanda: numa das piores épocas de que tenho memória, assisti a alguns dos melhores momentos de união e de espírito sportinguista de sempre. Quando nos unimos somos inigualáveis. Fica pra pensar.

  • Invasão: Halla Madrid!

    Bom, se a ida a Liverpool já me tinha deixado extasiado, nesta a Madrid fiquei completamente fora de mim!

    Vamos por partes então. Pela primeira vez voei pela Iberia. O avião não tem muito que se lhe diga, a simpatia do pessoal é que, pela primeira vez, deixou muito a desejar. Sempre tive a impressão que a simpatia fosse requisito primordial para andar nestas lides aéreas, mas aí está a excepção à regra. A viagem em si não tem história, porque de Lisboa a Madrid é um tiro.

    Chegados àquela enormidade que é o Aeroporto de Barajas, apanhamos o metro até Nuevos Ministerios, de onde mudamos de linha para sair em Tribunal. Ao longo desse percurso, fomos ouvindo várias palavras de incentivo, de adeptos do Real, como não podia deixar de ser. Como já tinha constatado em Inglaterra, sentimo-nos sempre mais apoiados no estrangeiro do que no nosso próprio país.

    Seguimos a pé por esse centro comercial a céu aberto que é a Calle Fuencarral até Puertas del Sol, onde estava uma feira gastronómica em que aproveitamos para nos aviar com uma bela sandes de Presunto (Jamon!) Pata Negra de Salamanca e um copito de vinho, de oferta. Uma coisa que me impressionou foi a quantidade das chamadas profissionais do prazer, vulgo putas, que por lá andavam ao ataque, às portas das lojas, logo de manhã cedo, não tinha essa ideia da última vez que por lá andei.

    Prosseguindo a jornada, assentamos arraiais na Plaza Mayor, que era o ponto de encontro dos sportinguistas para receber a escolta policial até ao estádio. Encontramos um supermercado refundido que vendia a cerveza a 60 cêntimos, enquanto os nossos compatriotas desembolsavam 2 euros para abrirem a pestana. O ambiente começava a animar aos poucos, com apenas algumas dezenas de leões e algum pessoal do directivo a ensaiar a festa que se seguiria.

    Por volta das quatro horas a Plaza Mayor já era completamente nossa, e a chegada do autocarro da Torcida Verde deu o mote para nos juntarmos todos para a descida até ao estádio Vicente Calderón. E essa, meus amigos, foi qualquer coisa de indescritível! Dois quilómetros percorridos com cerca de duas milhares de almas (dizem que no estádio éramos cerca de cinco mil) a gritarem em uníssono e cheios de orgulho o seu amor ao clube. Os espanhóis assomavam às janelas completamente surpreendidos por tamanha invasão.

    Já a chegar ao estádio, o único ponto negativo da história: a determinada altura, devido a uma picardia entre meia dúzia de pessoal e um carro com adeptos do atlético, a Guardia Civil decidiu varrer a rua toda à bastonada, agredindo indiscriminadamente quem passava. Eu levei uma cacetada em cheio na “nalga” direita, para abrir a pestana (agora já posso dizer que, entre outras coisas, já levei no rabo pelo Sporting…), comecei a fugir, caí, e para não me armar em parvo de tropeçar assim à toa levei mais uma na perna, de borla.

    Belos animais esses senhores, mas enfim, lá chegamos e fizemos a festa dentro do miserável Calderón, um estádio do piorzinho que já vi, ao nível de um Paços de Ferreira, sem desprimor para os castores. Há muito tempo em que não passava os 90 minutos de pé à molhada, foi engraçado. Uma nota para o grande Sá Pinto, que mais uma vez marcou a sua presença no meio da multidão. À parte do que quer que se tenha passado, um coração de leão destes faz imensa falta lá dentro, mas isso fica pra pensar.

    Quem quiser confirmar uma pequena reportagem deste dia (completamente toldada pela euforia),  é só clicar aqui. Até onde mais irei por este clube?

  • Onde andava este Sporting?

    Eu tinha dito que não ia mais comentar as prestações da minha equipa dentro de campo esta época, não tinha? Pois que se foda a coerência!!! Mas alguém ainda acredita que isso existe no futebol?

    Sei que alegria de pobre dura pouco, mas este jogo deixou-me extasiado! Ainda mais por ser o culminar de uma jornada que iniciei em Liverpool, e por nem contar estar presente no estádio hoje: o bilhete caiu do céu, de oferta tirada da cartola pelo meu grande comparsa Torre.

    Os ingleses eram mais que as mães no metro, todos podres de bêbados, a ensaiar uns cânticos panisgas: em casa deles, andavam caladinhos que nem uns ratos, aqui queriam festa. O que vale é que a bebedeira passou-lhes depressa; como eu tinha dito, estes adeptos do Everton devem ser do mais macio que há no Reino Unido.

    Isto  é uma prova de que os choradinhos do orçamento e do plantel e da arbitragem e de júpiter não estar alinhado com vénus não colam, o Sporting tem potencial para muito mais do que tem apresentado e o resto é conversa. É mandarem os cancros fora, incutirem espírito e fazerem um planeamento digno desse nome a todos níveis que as coisas acontecem, mas isto é pedir muito.

    O golo do Matias acabou com tudo.

    Sem dúvida o melhor jogo da época. Por mim acabava já aqui, mas venham de lá o padrasto da Mariana e o namorado da Orsi. Fica pra pensar.

  • Hard Chorus

    Já vem tarde, mas não posso deixar de partilhar.

    Eu já devia ter reparado nestes anúncios da Puma há mais tempo, visto que são especialmente relevantes para mim, que na minha semana de Dia dos Namorados levei a minha special one a ver o Sporting em Liverpool! Isso foi secundário na viagem, mas fica a ideia.

    Versão britânica

    Versão italiana

    Digam lá se a cultura ultra não é uma coisa linda. Arrepia ou não?

  • Liverpool, Day 1

    Neste dia viemos até Liverpool apoiar o Sporting contra o Everton, em jogo a contar para a Liga Europa (taça UEFA). Conhecer Liverpool a sério ficou reservado para a manhã seguinte; foi chegar do comboio, meter as coisas no hotel, enfardar um buffet chinês e partir para o estádio. Só deu para sentir que ali o frio faz jus a São Ramalho.

    A rivalidade entre Liverpool e Everton está sempre a pairar no ar; por todo o caminho fui ouvindo palavras de incentivo dos adeptos dos Reds, incluindo do taxista que nos levou até à porta do estádio: um gajo com um sotaque indecifrável, uma gargalhada à Moura dos Santos, e que passou o tempo todo a fazer piadas com “Lisbons” e “Lesbians”, a dizer que estava a levar-nos para o meio da merda e a barafustar com a proximidade que o futuro estádio do Liverpool terá com o Goodison Park.

    Eu tinha prometido que independentemente do resultado, ia me abster de comentar as incidências futebolísticas em si, e isto vale até ao final da temporada. Em relação à envolvência do jogo, saí do estádio plenamento satisfeito, e com a sensação de dever cumprido.

    O Goodison Park é dos estádios mais antigos do mundo (1892), tendo sido palco de, por exemplo, o célebre Portugal-Brasil de 1966 em que arrumaram com o Pelé; só daí já valia a pena tê-lo conhecido. É um estádio acolhedor, à moda antiga, com catracas de rodar e bancadas assentes em madeira.

    Dois Grandes Leões no Goodison Park

    Os leões que lá estiveram foram grandes, tendo apoiado a equipa durante todo o jogo, conseguindo calar os muitos toffees presentes (estes eram bastante fraquitos, diga-se de passagem). Entre nós estava o grande Ricardo Sá Pinto, a quem tive a oportunidade de dar um palmadão. Foi uma grande, grande lição do sportinguismo que não se deixa morrer.

    Amanhã conto mais.

  • God Save the Football

    Este post é só para eu me mentalizar que para a semana começo finalmente a coçar: esta semana ainda é carregada, culminando com a apresentação da primeira fase da tese, na sexta-feira.

    No ano passado, em Fevereiro, fui a Londres ver um grande Brasil-Itália. Semana que vem vou a Liverpool, ver um não tão grande Everton-Sporting.

    Falando assim até parece que todas as minhas visitas ao Reino Unido se devem a motivos futebolísticos, mas desta vez foi pura coincidência: já estava marcada uma viagem para a Irina conhecer Londres e eu descomprimir da tese, por pouco que seja.

    Uma boa oportunidade para conhecer a cidade dos Beatles e o Goodison Park, um dos mais antigos estádios do mundo. Eu não conseguiria estar no mesmo país que o meu Sporting e não ir dar o meu apoio. Ainda que este não seja verdadeiramente o meu Sporting, aquele que eu aprendi a amar, eu não viro a cara ao meu clube, por pior que a situação esteja.

    Um pint de Guiness preta, à vossa!

  • Futebol e Fascismo

    Ora bem,

    Vários amigos meus adeptos daquela instituição que se intitula a maior do mundo e arredores tem andado entretidos a enviar e-mails a chatear-me com a seguinte imagem do tempo do Estado Novo:

    Segundo consta, esta onda de euforia surgiu num desses programas de entendidos da bola que não percebo muito bem para que é que existem. Compreendo a utilização desta imagem num “picanço” entre amigos; em utilização como argumento de um programa que se diz de debate, sem contexto, é no mínimo desonestidade intelectual.

    Obviamente que nenhum dos meus compinchas tem autoridade moral para falar sobre esses tempos, mas sabe-lhes bem. Eu também não a possuo, nem de perto nem de longe, mas já agora sinto-me igualmente no direito de mandar as minhas bocas:

    Qualquer clube era obrigado a fazer essa saudação, assim como eu seria obrigado a ter pertencido à Mocidade Portuguesa e usar aquela farda parva com aquele cinto com um “S” na fivela e tudo o mais (ainda não consegui perceber se o rumor de que aquilo significava “Salazar” é verdade ou não).

    Apesar de acreditar piamente que sim, vou dar de barato e não dizer com certeza absoluta que o clube do regime era o da luz, porque nenhum dos clubes há-de poder lavar as mãos em relação a esse período negro (ao que parece, o fóculporto incrivelmente era o menos beneficiado); mas que o Estado Novo usou e lambuzou das façanhas do clube “encarnado” (vermelho não podia ser, que era conotado com o comunismo), ninguém pode negar, tanto mais quanto vindo da própria boca suja do pantera escura (“património nacional” impedido de deixar o país) e do antigo capitão Coluna.

    pantera e o papá antónio em amena cavaqueira

    O próprio “desvio” da pantera preta, que vinha do Sporting de Lourenço Marques com destino à casa mãe,  tem contornos duvidosos, tal como o desvio de Di Stefano do Barcelona para o Real Madrid, na época do franquismo.

    Andam para aí a dizer que o clube do regime era o Sporting, porque “em 1954/55 O Benfica apesar de campeão não foi indicado para a Taça dos Campeões Europeus porque naquela altura os clubes eram sugeridos pelas entidades nacionais responsáveis e o Benfica, mesmo sendo campeão, foi preterido em favor do Sporting.”. Uma simples consulta ao site da UEFA mostra o quão falso é esse argumento:

    Lisboa, berço de campeões
    (…) O Sporting, vencedor do campeonato português na época 1953/54, e ainda campeão em título quando decorreu o sorteio da prova, acabaria no terceiro posto, em 1955 (…)

    outro argumento que diz que a instituição em causa não era beneficiada pelo regime, porque dominou os campeonatos após o 25 de Abril. Este de tão parvo, nem vou contrapor, que só me dá para rir.

    Ainda em relação a saudações, até a própria democrática Inglaterra tem a sua história desportiva manchada no que ao fascismo diz respeito (aqui ainda andavam numa onda de tentar acalmar o Hitler, em 38):

    E por aqui poderia continuar, mas o que concluo é que o que há é a fazer é deixarmo-nos de merdas e esperar que estes tempos não voltem mais.

    Saudações leoninas!

  • Há dias perfeitos

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    Desde que me conheço como gente que esperava que calhasse o Costa em sorteio ao Sporting. Palavra de honra. Mais um sonho concretizado.

    Pastéis de belém, Sporting a jogar com o Costa, benfinca a ser encavado na luz. Há dias perfeitos.

  • Obrigado Paulo Bento

    Pbento1Não gosto de seguir a tendência misericordiosa do elogio fúnebre. Na hora da morte, todo o finado costuma ser bom homem. No entanto, dado o estado das coisas, sou obrigado a agradecer a Paulo Bento.

    Com os defeitos e limitações que tem, foi ele que deu a cara, o peito às balas, a carne pro canhão e tudo o mais que possa ser dito. E, como não podia deixar de ser, foi ele que teve que tomar a decisão derradeira. É um homem de bem e tem-los no sítio. Mas adeus, que já se fez tarde.

    A ver se o pessoal lá de cima segue impune, fumando a sua cigarrilha e comendo o seu croquete.