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Natal

Fazer aniversário perto da data, para mim, quase sempre significava presente conjunto – antes fosse só isso.

Na verdade, o Natal só aumentava as distâncias e as incertezas da minha infância. Saudades da família que estava próxima, mas distante geograficamente. Incapacidade de entender porque família próxima geograficamente estava distante.

Havia a incerteza sobre como seria o Natal seguinte: haveria paz? Estaria o meu pai presente, ou em meio à sua busca por estabilidade e sonhos em terras distantes?

E havia também escassez – uma memória constante que compartilho com a minha irmã é a véspera de Natal em que celebramos fritando um pacote de douradinhos. Sem lamentos – hoje percebemos que é o que precisávamos naquele dia e muito mais do que muito mais gente conseguia ter.

Tudo mudou quando fui pai. Na verdade, até antes, sendo tio. Seja porque motivo de base fútil ou comercial for, ver crianças felizes, no fundo por estarem juntas, seguras e amadas, não tem preço, e é impossível não me deixar contagiar. Ser feliz é fazer ser feliz.

Ainda existem algumas distâncias e saudades, e até mesmo incertezas, mas acima de tudo, existe gratidão, existe paz, e não escasseia o alimento que mais nutre – o amor.

Nunca gostei tanto do Natal.

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Joker – Folie a Deux

O tempo voou desde que o primeiro filme desta série me surpreendeu, há 5 anos atrás, e vou citar-me:

Não tinha expectativas nenhumas sobre este filme quando ouvi falar da sua produção, o que só tornou melhor a experiência de ver o resultado final; assim de repente a DC lança da cartola um filme que demonstra que afinal ainda é possível fazer bom cinema com o universo dos super-heróis e da banda desenhada.

Desta vez, foi diferente. Já trazia comigo a expectativa criada pelo impacto do primeiro filme, mas também aquela desconfiança clássica sobre as sequelas de grandes êxitos. Para agravar, mesmo tentando ficar cada vez mais imune a críticas e opiniões alheias, foi difícil ignorar a avalanche de comentários negativos que este filme recebeu da crítica e do público – e de como isso inevitavelmente pinga nas redes sociais.

Mas havia um trunfo inicial que já me fazia torcer por este filme: eu adoro musicais. E quando um musical aparece neste contexto específico, não é apenas um musical. É uma aposta de risco tremenda do autor – algo que, sejamos francos, anda em falta nesta indústria e, particularmente, neste universo cinematográfico.

No final, gostei mesmo do filme. Não amei; não é nenhuma obra-prima e está longe de alcançar o impacto do primeiro. Mas também não é justo compará-los. Este é um filme diferente, uma experiência singular. Oferece momentos musicais excelentes e, se esses forem retirados, talvez fique um pouco vazio – mas porra, é um musical! – e carrega consigo aquela angústia constante que mantém a dúvida: qual será o desfecho e a mensagem final? Redenção? Esperança? Ou apenas o vazio?

Venha mais gente sem medo de ousar.

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