Vergonhosamente, este foi um ano em que eu até vi bastante cinema (ainda que muito dele em casa e nos transportes públicos), mas só agora me apercebi que não reflecti isso aqui no blog como de costume, não tendo escrito um único artigo de cinema dos filmes deste ano!
Para fechar o ano em redenção e em retrospectiva, estes foram os filmes deste ano de que mais gostei, uma mistela de géneros e feitios em ordem aleatória:
Coco
O melhor filme da Pixar desde, sei lá… Wall-e? Nunca desgosto verdadeiramente dos filmes deles, mas há muito tempo que não me entravam na cabeça de forma tão vincada. Agarraram num imaginário forte (dia de los muertos/folclore mexicano) e deram-lhe uma abordagem colorida, imaginativa e muito, muito divertida. Tem a vantagem de ter sido uma experiência de cinema partilhada em família e de os pequeninos também terem ficado deslumbrados. La Llorona tem feito sucesso no nosso carpool karaoke, dia sim/dia sim.
Split
É do ano passado, mas só vi há pouco tempo e entra aqui na lista na mesma onda do anterior: mais um comeback do c******. Uma performance brutal do McAvoy em cada uma das 20 e tal personalidades que interpreta e um ambiente de angústia permanente a demonstrar que as notícias sobre a morte artística do M. Night Shyamalan eram manifestamente exageradas. A pequena surpresa no final é a cereja no topo do bolo.
Dunkirk
Este felizmente vi mesmo no cinema, pois é uma experiência que vale muito a pena ter no grande ecrã; qualquer uma das perspectivas com que a história vai sendo desfiada (terra, ar, mar) é bastante imersiva, e a forma como o realizador vai saltando entre elas é de mestre, como já é da praxe. Outra lição é a forma como consegue condensar tanta história e de forma tão intensa em pouco mais de hora e meia de filme, uma raridade nos dias que correm, em que o esticar da corda é a regra.
Logan
Os filmes de super-heróis já chateiam de tão iguais que são uns aos outros; este Logan vai contra a corrente, assumindo toda a negritude que a personagem carrega e enveredando numa espiral bastante crua de decadência, até à esperada redenção. Provavelmente o melhor dos milhentos filmes em que o Hugh Jackman interpretou Wolverine e uma excelente despedida (?) deste personagem.
Baby Driver
B A B Y… Baby! A originalidade e a audácia deste filme é notória; é um filme de acção que é quase um musical, dada a preponderância que a música assume no desenrolar da história e a forma como esta está embebida e sincronizada no seu protagonista. Acho que teve sorte de ter saído antes das polémicas do senhor Kevin Spacey e não ter tido a estreia manchada por isso, porque a história até era propícia a especulações.
Get Out
Este foi para mim a maior surpresa, pois desta lista foi aquele para o qual partia com menores expectativas. Uma excelente abordagem crítica de fundo às relações inter-raciais e tensões inerentes, num thriller que consegue a façanha rara de durante grande parte do tempo ser inquietante e ao mesmo tempo ter bons momentos cómicos. Não conhecia o protagonista, que tem uma performance de enaltecer, no meio de um conjunto de excelentes interpretações por parte de quase todo o elenco. Nota também para a música que abre, fecha e que dá sinais de alerta ao longo do filme, Sikiliza Kwa Wahenga; aconselho a ouvi-la e a procurar o seu significado apenas depois de ver o filme, senão perde o impacto.
Desilusões:
T2 Trainspotting
Epá, valeu a pena na mesma ser feito, foi fixe ver aquela gente toda junta passado tanto tempo, mas não, não chega lá.
Blade Runner 2049
Também valeu a pena ser feito e está num patamar bastante superior do filme acima; visualmente é espectacular, mas não é, nem de perto nem de longe, tão arrebatador quanto o primeiro. Pode ser que envelheça bem, visto que o primeiro não foi muito bem recebido na altura.
Ainda preciso ver (pelo menos):
- Phantom Thread
- The Square
- Alien: Covenant
- Gabriel e a Montanha
- It
- Lucky (RIP, Harry Dean Stanton)
- Okja
- Brawl in Cell Block 99
- The Disaster Artist
- Mother!
PS: Não, Star Wars não é a minha cena.
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