Não, eu não deixei de ser consumidor voraz de cinema depois de ser pai! O ritmo abrandou um pouco, e ainda não consegui ver um filme todo de seguida sem paragens desde que a minha princesa nasceu, mas se não é de seguida é em três ou quatro vezes.
Um dos últimos que vi foi este Les Miserables, o famoso musical baseado na obra de Victor Hugo, apresentado aqui em versão hollywoodesca pelas mãos de Tom Hooper, de quem sou fã não tanto pelo Discurso do Rei mas pelo excelente The Damned United.
O ponto prévio é: se não gostam de musicais, não vejam. Podem não gostar e tentar de vez em quando, mas este é verdadeiramente um filme musical, na medida em que não existem de todo diálogos que não cantados. Mais: todas as músicas são cantadas ao vivo, contrariando a tendência de, em cinema, gravar-se à priori e dublar-se em cena. É um pormenor que faz toda a diferença na autenticidade e na força com que nos atinge.
Já eu adoro musicais, e tenho pena que seja um género quase morto, com uns fogachos aqui e ali. Vejo um e fico umas boas semanas com as músicas na cabeça, cantando no banho e na cozinha, e agora com uma certa menina no colo, adaptando The Confrontation em versão calminha lullaby. Tipo estes gajos abaixo, mas baixinho, calmo, e com uma bebé olhando para mim tipo “este gajo é parvo”.
Aqui, os “verdadeiros” dando um cheirinho.
Bom, achei este musical em particular bastante bom, com destaque para todas as cenas que envolvem o caminho de redenção do protagonista Jean Valjean, o ex-prisioneiro em busca de levar uma vida cristã, e em particular para as que o opõem ao seu antagonista Javert, o homem da lei que teima em persegui-lo ao longo dos anos. Já sabia que o Hugh Jackman dava uns bons toques na cantoria, mas não que o Russel Crowe também (curioso serem dois australianos a representarem… dois franceses). Aliviando o drama, o Sascha Baron Cohen (Master of The House!) e a Helena Bonham-Carter estão absolutamente brilhantes no papel do inefável casal de estalajadeiros.
E não, não é lapso, não incluo mesmo a Anne Hathaway em modo Liza Minelli nos momentos alto do filme. Canta, sofre, esfola-se… mas não acho isso tudo, e perde-se no meio de outros momentos. Não ajuda a música andar muito batida. Desculpa, Anne! Boa sorte.
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