O futuro destes recados está cada vez mais próximo, filha. Anteontem parecia-nos próximo até demais.
A tua mãe não te sentiu mexer quase nada durante o dia. Fomos encaminhados para o Garcia da Orta, o hospital onde vais nascer. Felizmente está tudo bem, e parece que o teu ano vai ser mesmo 2013.
Hoje sonhei contigo, e acordei com um sorriso de orelha a orelha. Tinhas os olhos azuis da tua mãe e, ainda recém-nascida, já falavas. Entre outras coisas, disseste que não gostas de abelhas. O que quer que isso signifique, eu também não.
O ambiente não é o que estamos habituados a ver atualmente no cinema Brasileiro: ao invés de cores e multidões, o isolamento cinza de uma ilha habitada por apenas duas pessoas, um pai, guardião do farol, e a sua filha. E vento, muito vento.
No início do filme os pescadores que habitualmente trazem mantimentos para a ilha são confrontados com o desaparecimento dos dois, e somos então levados numa viagem pelos acontecimentos que antecederam o sumiço. O amor possessivo do pai pela criança, a dificuldade desta compreender o crescimento e a sexualidade estando em isolamento, e as consequências destrutivas na racionalidade de ambos.
A Leandra Leal está impressionante para os seus 13 anos de idade, na época. Deve haver qualquer coisa de especial com essa idade e o mundo do cinema, pois é a mesma que a Natalie Portman tinha no Léon.
A realização não chega a ser brilhante mas, a história e, principalmente, as performances dos atores, ficam na memória.
Uma mistela de Kung-Fu, Wu-Tang Clan, slasher, western e filme de vingança série B? Com banda-sonora a condizer? Um presente perfeito para aquecer o meu Natal.
O RZA é apenas um ferreiro (just a Black.. Smith) que forja as armas dos diversos clãs em guerra em Jungle Village, até que se vê obrigado a entrar em acção quando põe a sua vida e a da sua amada em risco, ao ajudar o filho de um dos líderes dos clãs, assassinado à traição.
No fundo, apenas um tremendo masturbatório criativo para o RZA, patrocinado pelo Tarantino e pelo Eli Roth. Gosto.
Ponto prévio, não simpatizo minimamente com o Corinthians. Mas por menos que simpatize, e por menor importância que a Europa dê ao Mundial de Clubes, não consigo deixar de celebrar uma conquista dessas por parte de um clube brasileiro.
Mais ainda, não consigo deixar de ficar impressionado com um clube que consegue enfiar mais de 20 mil torcedores num estádio no Japão. Essa epidemia não me parece ao alcance de muitos, e provou fazer a diferença, contra o milionário Chelski. Os meus parabéns.
A minha foto preferida das tantas que por aí andam é a seguinte, tirada ainda no embarque em São Paulo, por Nacho Doce, da Reuters:
Hoje estou numa de, pasme-se, comentar assuntos da atualidade, ainda que já de há um mês atrás.
O sempre verborreico Bestonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, disse no vídeo acima que aquilo que o Brasil mais exporta são prostitutas, “entre outras coisas”.
Não caio no exercício fácil de criticar o Marinho. O homem tem um problema. Porventura vários, mas este é evidente. Ele entusiasmou-se na qualidade de conhecedor e cliente assíduo do ofício! Tenho poucas dúvidas que um homem com o aspeto e o fino trato do Marinho consiga satisfazer as suas necessidades sexuais sem ser batendo ou pagando.
Visivelmente frustrado por não ter posses para participar do tal leilão da virgindade, resta ao Marinho aguardar que um dia demagogia e preconceito valham dinheiro e, esperemos, paguem imposto.
Tinha perdido o rasto do realizador Tony Kaye depois do American History X, que é um dos meus filmes preferidos.
Este Detachment é diferente, bastante mais experimental e introspetivo, mas também explosivo, a espaços. O filme retrata um período escolar de um professor substituto numa escola complicada. Dito assim soa muito a cliché à la Dangerous Minds, mas o mote para o tom empregue à narrativa é dado por uma citação de Albert Camus que surge no início:
“And never have I felt so deeply at one and the same time so detached from myself and so present in the world.”
Até à data o protagonista (Adrien Brody em clássico e eficaz modo tristonho) não tinha grandes pretensões de mudar o mundo ou salvar os seus alunos, simplesmente cumprindo os serviços mínimos e seguindo a sua vida, de forma completamente desapaixonada, mas um conjunto de acontecimentos e convivências mudam um bocado essa orientação.
A visualização destes acontecimentos tanto vai sendo apresentada de forma natural quanto sendo dissecada pela personagem numa espécie de entrevistas em voz off, numa série de divagações sobre a educação e a condição humana em geral. Por vezes pertinente, mas no global, carecendo de maior foco.
Não é uma grande obra mas é, no mínimo, original e interessante, cheia de momentos intensos.
This Detachment its different, a lot more experimental and introspective, but somehow explosive, from time to time. The film shows us a school semester from a substitute teacher in a rough school. It may sound like a Dangerous Minds a-like cliche but this Albert Camus quote set the tone right from the beginning:
“And never have I felt so deeply at one and the same time so detached from myself and so present in the world.”
Till the date the lead character (Adrien Brody in classic and effective sad-mode) wasn’t pretending to change the world or save his students. He would just do his job and carry on with his life, in a completely dispassionate (detached) way. But, as it should be, suddenly a series of events led him to change this attitude.
These events are shown either in a natural way or being narrated by the character in some sort of interviews, with a lot of wanderings about the education and the human condition, in general. Sometimes these ramblings are very relevant and effective, but in general I think they could be more focused
Not a great picture but, at least, a very interesting and original one, full of intense moments.