Gainsbourg não é mais um biopic sobre a alucinante e atribulada vida de um génio musical. Ou melhor, é, mas não segue a fórmula habitual do género, e esse é o seu grande mérito.
Num tom mais onírico que dramático, vai desfiando parte dos acontecimentos que o celebrizaram tentando ao mesmo tempo dar um vislumbre da sua total loucura de génio, com personagens e divagações imaginárias que o perseguem por toda a vida. O filme acaba por se perder um bocado nestas viagens pela maionese, mas tudo o que é momento musical compensa e bem, tanto pelas músicas em si, quanto pelas memoráveis encenações que as compõem.
No que a representação diz respeito, aqui não se foge (e bem) à regra e o actor principal transforma-se e é o homem, naquele momento, num grande trabalho de Eric Elmosnino na pele do feio homem que conquistou Brigitte Bardot ou Jane Birkin.