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Leite Derramado

Sou suspeito para falar de uma obra do Chico Buarque: costumo dizer que se tivesse que me apaixonar por um homem, seria por ele. Ainda assim, tento fazer um esforço para manter a devida distância.

Leite Derramado é um romance leve, simples, e que se lê num piscar de olhos. O narrador e falso protagonista é Eulálio Montenegro d’Assumpção, um centenário e caquético velhote que vai desfiando as suas memórias no leito de morte.

Basicamente, é a história de uma aristocracia (ou de um país) que se vai desmoronando ao longo dos tempos, e dos cacos que foram sobrando pelo caminho.

O ambiente do livro é ensombrado pela tristeza, mas uma tristeza imaginativa e mirabolante, que constantemente nos diverte e delicia. Volta e meia encontramo-nos perdidos nos labirintos da memória de Eulálio, em meio a peripécias baralhadas e desconexas. Às tantas já não sabemos (nem o próprio) de que Eulálio ou Eulalinho da família se fala, a quem se está dirigindo a narração, se o tom é coloquial ou ordinário, e nem tampouco conseguimos discernir os sentimentos que se pretendem expressar (ciúmes ou vergonha, ódio ou desprezo, e por aí vai).

Com tamanha obra e génio musical, Chico há-de sofrer sempre o preconceito de ser visto como um músico que escreve. É natural e justificado: foi ele próprio que colocou a fasquia demasiado elevada, e essa fasquia ainda está longe de ser atingida. Ainda assim, a sua marca na literatura brasileira já está presente, inquestionavelmente (até já estava com as suas letras, mas isso são outros quinhentos).

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Desportadas

Liedshow

Primeiro ponto: nem deveria haver qualquer tipo de discussão. Se houveram os precedentes, agora não há que chorar sobre o leite derramado.

Segundo ponto: é a posição mais carenciada da selecção nacional, e não há “nativo” melhor, ou que chegue perto. Nulo Gomes? Hugo Almeida? Poupem-me.

Terceiro ponto: há meninos que chegam à selecção sem nem português saberem falar, e com isso já ninguém se choca. Se tiver um “Da Costa” ou um “Da Silva” no nome e um pai de bigode e cachucho, já ninguém desconfia.

Quarto ponto: grande parte dos bons jogadores que a selecção portuguesa teve ao longo da história, não eram portugueses, com Eusébio à cabeça. As colónias faziam parte de Portugal na altura bla bla, my ass: faziam parte para os colonos brancos, Portugal significava o quê para os pretos?

Quinto ponto: estamos a falar de um homem que dá sempre o que tem e o que não tem em campo, e que tem muito mais a dar à selecção portuguesa do que o contrário (sem descurar os 31 anos de idade).

Sexto ponto: ninguém se chateie, que o futebol não é mais que um negócio, inclusive o de selecções.

Sétimo ponto: sou luso-brasileiro e sportinguista, é claro que há a minha dose de facciosismo neste comentário, não percam o vosso tempo a apontá-lo, iluminados!

Oitavo ponto: o que é uma injustiça do caraças é brasileiros que conheço estarem aqui há 20 anos e demorarem meses a obter resposta do pedido de nacionalidade.

Nono ponto: LIEDSON RESOLVE!

(mas já não chega a tempo de safar a selecção…)
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Saga das Amígdalas – The Aftermath, Day 5

Hoje foi dia de check-up. Ponto de situação: a dor e o sofrimento durarão mais três tristes dias.

A princípio, no fim de semana será só dor residual, e o Doutor disse que na segunda-feira já posso ir à minha life, o que incluiu uma frase que quase me levou às lágrimas: “já poderás comer o que quiseres”. É que nem sei por onde vou começar, mas a imagem abaixo tem me atormentado dia e noite…

E depois disto perdi a moral de escrever mais alguma coisa…

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Insulto

É raro eu meter o meu bedelho em politiquices mas, segundo o Público de hoje, Zé Sócrates diz que:

Acusações de facilitismo são “insulto aos professores”(…)
O insucesso escolar caiu para metade em 12 anos.

E não é um insulto, para os cidadãos, levar com areia nos olhos tão descaradamente? Querer nos fazer acreditar que de um momento para o outro os alunos deram um salto qualitativo tão grande que lhes permita fazer disparar as médias e passar incólumes pelos diferentes anos de escolaridade sem saber ler, escrever e fazer contas de d’vdir, xôr engenheiro?

Ano após ano, eu bem tento querer votar em alguém que não o Branco, mas todos insistem em insultar a minha inteligência…

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Saga das Amígdalas – The Aftermath, Day 3

O dia a seguir da cirurgia foi animador, mas ilusório. Ontem nem a sopinha fria que tão bem tinha sabido consegui comer. Dores, dores, dores.

As noites também são madrastas: um gajo a dormir não sente fome nem dor, mas quando acorda com a garganta ressequida, é do pior.

Enganei-me a respeito do meu melhor amigo, não é o Calippo: gelatina é o paraíso. Escorrega bem melhor que a água, refresca, hidrata e, como diz o Cota Isaac, o que é doce nunca amargou.

No pain, no gain!

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Saga das Amígdalas – The End


Ygor’s new BFF

Já era. Amigdalites, não mais.

Não vou mentir: dói pra ca*****.

O acordar da anestesia assustou um bocado: cheio de dores, sem conseguir respirar, ouvindo tudo à volta mas sem conseguir abrir a pestana. Passei bem a noite, mas cada vez que passa o efeito das drogas é um suplício.

No final, há-de valer a pena. Vou ali comer mais um Calippo e já venho.

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Madeira, The End

Caindo no óbvio e no velho cliché: o que é bom acaba depressa. O tempo voou.

É um crime eu ter passado tanto tempo sem ir à Madeira, pois é um dos lugares onde eu me sinto quase em casa. Quase, porque em absoluto isso não acontece verdadeiramente em lado nenhum. Fica pra pensar.

Aviso aos incautos que fazendo scroll down podem ler o relato diário completo desta viagem, e que clicando no título do post podem ver (quase) todas as fotografias que tirei. Aconselho que se comece pelo começo, mas se assim não quiserem, não é grave.

Um pequeno resumo: enfrasquei-me de Brisa Maracujá, entupi-me de Bolo do Caco; refresquei a cabeça e limpei a alma; engoli fumo e bebi fogo; revi a família, vasculhei a memória; caminhei bastante, mergulhei bastante, e fundamentalmente, amei bastante, obstante nunca quanto baste.

A pérola do atlântico que nos aguarde, que com certeza a ela havemos de voltar.

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Madeira, dias 6 e 7

Dia madrugador, mas bem compensado. Partida para total relax na ilha de Porto Santo, a ilha dos Profetas, nome dado pelos madeirenses aos portossantenses. A recíproca é os Americanos.

A viagem não é barata, mas o barco (Lobo Marinho) é brutal. Mal se sentem as duas horas e pouco de viagem, pelo menos com o mar calmo que apanhamos.


O Lobo

Diferentemente da Ilha da Madeira, o Porto Santo possui um extenso areal de cerca de 9 km. A água, essa, ainda é melhor que na Ilha Mãe. Pena que, num sítio em que raramente chove, tenhamos apanhado uma molha do caraças à noite, mas a tarde foi completamente passada na praia, a lagartar.


Tanto mar, tanto mar

A viagem vale a pena, mas só mesmo por 1 dia ou 2, porque fora fazer praia… total marasmo. De qualquer forma, se não for a melhor praia de Portugal, não está longe disso.

Uma nota para a famosa “lambeca”, o gelado de maior sucesso no Porto Santo. Fraquíssimo, artificial, não lhe vislumbro nada de interesse. Conhecessem estes madeirenses a gelataria Pintado, da Costa…

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