Andanças, Paternidade

Andar de avião com crianças

kids flying airplane

É uma questão que me colocam e que vejo falada na Internet com bastante frequência: como é andar com um bebé, de avião? Mesmo que não perguntassem, basta ver a cara de pânico com que os passageiros à nossa volta olham para nós quando chegamos com a Carolina para perceber que é um assunto delicado.

Tenho alguma autoridade para falar sobre isso, pois já voei com crianças de 3, 4, 5 até 17 meses, em voos de meia, 2, 3, 4 e 10 horas. Obviamente essas “crianças” são sempre a mesma, mas em diferentes etapas de desenvolvimento, o que faz toda a diferença.

A primeira nota que faço é que tudo o que vou escrever aqui é para o nosso exemplo em particular e, como em tudo o que diga respeito a crianças, cada caso é um caso e aquilo que eu vou dizer pode não servir para nada com outras crianças. Mas creio que já ajuda ter uma base de comparação.

O meu primeiro conselho é: nada temam. Não há qualquer contra-indicação médica que impeça uma criança de voar, e qualquer doença que lhe aflija em viagem será, na maior parte dos casos, de fácil resolução em qualquer parte. É sempre bom estarmos munidos de termómetro, paracetamol, etc, mas esses itens existem em todo o mundo.

Segundo conselho: aproveitem. Na maior parte das companhias aéreas os descontos “a sério” para crianças só acontecem até aos dois anos de idade,  a partir daí pagam tanto ou quase tanto como um adulto. Não é preciso ser muito bom em matemática para ver que o preço de tirar férias no estrangeiro dispara drasticamente.

Daquilo que é a minha experiência, quanto mais a criança cresce nesta fase, mais complicado se torna viajar. Com dois a quatro meses sente-se bastante confortável no colo, e a coisa dá-se com relativa facilidade. Quando começa a crescer, gatinhar, andar, tornar-se mais ativa e mais curiosa com o que lhe rodeia, é mais difícil mantê-la sossegada durante horas.

Nesse sentido, aquilo que melhor funciona connosco é… tentar que ela durma. Sempre que possível, tentamos conjugar os voos com horários que sejam compatíveis com a hora da soneca dela, ou então o mais cedo possível; quando ela acorda mais cedo que o costume, o balanço do avião funciona como um soporífero que é tiro e queda. Em voos de longo curso, os voos overnight são a aposta. Se até nós nos cansamos rapidamente de estar encurralados tantas horas num avião, imaginem uma criança. Durmam!

Quando não há forma de conjugar os horários ou de conseguir que ela adormeça, há que fazê-la sentir-se o mais à vontade possível. Levar roupa confortável e que dê para adequar facilmente a qualquer temperatura (os ar-condicionados variam), levar alguns brinquedos do seu interesse para mantê-la distraída (os menos barulhentos possíveis para não incomodar os passageiros em pânico) e, claro, ir munido de mantimentos para mantê-la alimentada e hidratada (que também funciona como distração).

Relativamente a essa parte da alimentação/hidratação e às normas de segurança vigentes nos aeroportos atualmente: comida sólida passa à vontade pela segurança, os líquidos… varia. Tipicamente um passageiro só pode levar líquidos em embalagens de até 100ml na sua bagagem de mão, mas viajando com crianças há tolerância para isto. Essa tolerância pode é ser mais ou menos estrita consoante o aeroporto em que estejamos. Há aeroportos em que os seguranças vêem a criança e deixam passar à vontade, há outros em que levam os líquidos da criança para uma máquina especial à parte, outros ainda em que obrigam os pais a provar os líquidos para demonstrar que não pretendem matar ninguém com eles…

O que fazíamos quando a Carolina era mais pequena e bebia leite em pó era levar um termo vazio, e pedir nos restaurantes da zona de embarque para encher com água fervida; chegando ao avião e à hora da fome era só misturar. Poupava-nos tempo e paciência, e evitava também termos que pedi-lo no avião, às hospedeiras, pois beber água no avião não é recomendável (a não ser que venha duma garrafa selada, claro).

Se tudo isto falhar, e a criança fizer uma birra do tamanho do mundo durante o voo (o que também já aconteceu por estes lados), é manter a calma, respirar, apelar à criatividade, e esperar. O voo não dura para sempre, e a viagem há-de ter sempre momentos bem melhores para relevar esses percalços.

Fly safe.

photo credit: dolanh via photopin cc

Standard
Paternidade

17 Meses

IMG_20140621_121743

Dizia eu que ela vinha dando saltos de evolução não era? Esqueçam. A evolução já não salta, voa. Nós piscamos os olhos e ela já cresceu mais um pouco. Olhamos para o lado e ela já traz outra novidade.

O carrinho de passeio já está encostado à box. Quer é andar e correr. Quer simular que conduz (carrinhos de supermercado, os pais) fazendo vrummmmm, buzinando.

Percebe tudo o que lhe dizemos, às vezes mais do que estamos à espera. Tentamos sempre falar com ela e explicar as coisas de igual para igual, e acho que isso é importante. Fica muito feliz de fazer as “tarefas” que lhe pedimos. Agora por exemplo durante a Copa vai me buscar cervejas ao frigorífico, vai comprar cigarros e traz o troco em pastilhas…. calma calma, brincadeira!

Falando em brincadeiras, é cada vez mais criativa nas suas, misturando brinquedos e objetos, incitando-nos a entrarmos também… “mamã, dadá, bebé, bó (embora)”! Vê a máquina, quer me cortar o cabelo, vê o estojo de maquilhagem quer me maquilhar… adoro!

Pela primeira vez na vida tomou um antibiótico. Até agora nós (e a pediatra, claro) temos insistido em que crie as próprias defesas, mas teve uma constipação que evoluiu para uma otite que demorou um bocado mais a passar e teve que ser. Felizmente acabou por não ser nada de especial.

Ainda não lhe fizemos teste de visão mas acho que ela vê bem até demais; se passa uma criança com um boné ou um artigo qualquer da Minnie o grito MIMI sai instantâneo. A Mimi e a Dotô (Doutora Brinquedos) são os motivos mais frequentes de birras. Não que ela não as fizesse antes, mas agora são muito mais concretas: ontem não queria ir passear se não fosse com o pijama da Dotô. Fases.

Tudo passa quando vem correndo disparada para nos dar um abraço e um beijo. Por pior que tenha sido o dia, se a oiço gritando “Dadá!” e fazendo esse movimento mágico, tudo muda.

She’s like a rainbow.

 

 

Standard
Paternidade

16 Meses

Este vai ser rápido: entre a foto do mêsversário anterior e esta, 3 kg de roupa de diferença. De resto, tudo igual.

Brincadeira! Do décimo quinto para o décimo sexto sexto mês, a Carolina mudou e evoluiu muito, foi possivelmente o maior salto dos últimos tempos.

Eu já tinha referido que ela começou a andar, mas o começar passou para querer andar (não quer nem ver o carrinho à frente), e esse andar muitas vezes é mais em jeito de corrida do que de passeio.

E já que já sabe andar, decidiu também que só quer estar na rua, o que no país em que ela está neste momento, não é muito fácil.

Com essas novas habilidades, vem maior vontade de ser mais independente e de querer decidir fazer o que quer e quando quer, e com isso surgem as primeiras birras de verdade.

O tal anjo de quem eu falava vai ganhando (ou perdendo) asas e se tornando um diabinho. Faz parte…

 

Standard
Paternidade

14 meses

Carolina 14 Meses

A maior caraterística a salientar da Carolina nesta fase é a imprevisibilidade. Conhecemo-la melhor que ninguém, mas surpreende-nos a todo o momento. Quando achamos que vai se portar mal numa viagem, dorme ou brinca o caminho todo, quando achamos que vai se portar bem, faz o inverso.

Tanto dá-nos um carinho quanto uma porrada (normalmente na ordem inversa, porque já sabe como agradar para “compensar”), tanto parece não estar nem aí para o que estamos dizendo quanto responde ou reproduz por sons ou gestos o que estamos falando.

Ainda não ganhou coragem e equilíbrio para andar sozinha, mas prefere andar pela casa de mão dada do que a gatinhar, para mal das nossas costas.

Continua completamente obcecada com fruta: quando vê morangos ou kiwis à frente, o mundo pára.

Aprende e repete com cada vez mais facilidade as palavras novas que vamos ensinando, e até trisilábicas já arrisca de quando em vez (banana = nanana; já tinha dito que ela era obcecada com fruta?).  Para nos chamar, aprendeu a gritar MAMÃ ou DADÁ a plenos pulmões, estejamos a 100 ou a 1 metro.

Já começa a ser difícil entrar com ela nas lojas de brinquedos. Se antes éramos nós que ficávamos deslumbrados, agora ela já aponta, já pede… tem dias em que a primeira coisa que faz quando acorda, ainda antes de abrir os olhos (juro), é apontar na direção do quartinho dos brinquedos.

Continua adorando dançar; se antes era sempre a mesma dança, agora já se sacode mais conforme o ritmo. O mesmo para as fotos, fazendo poses.

Enquanto puder, seguirei sempre dançando com ela.

Standard
Paternidade

13 meses

1798488_727975853903347_664877620_n

Um ano e um mês, tem já a minha filha.

No mês passado, na euforia do aniversário saltei o relato da evolução, sempre tremenda.

Tivemos um pequeno susto por essa altura, pois ela evoluiu bem de altura mas não de peso, dos 9 meses para os 12. Os exames mostraram que isso vinha acompanhado de baixo nível de ferro, uma anemia ligeira.

Felizmente isso já é passado e voltou a “enfardar” bem. Tirando isso não teve qualquer outro sintoma, continuando a ser uma bebé activa, esperta e maravilhosa.

De repente e de rompante, passou de zero a seis dentes, o que provavelmente contribuiu para lhe deitar um pouco abaixo. Usa-os para trincar, para ranger (credo filha!) e para nos morder, rindo.

Diz muito mamã, diz ora papá ora dadá ora babá, diz olá, diz nanã para não, abana a cabeça para sim e, pior ou melhor ainda, fá-lo precisamente quando e como quer.

Bate palmas, acena, dança, faz com o indicador que tem um ano, esfrega as mãos quando dizemos que está frio e, e.. estende os bracinhos para o alto em resposta a SPOOOOOORTING! Aprende cada vez mais rápido, com as últimas gracinhas bastou uma repetição.

Finge que conversa e que lê com fluência. Sabe o que é a mão, o pé, a cabeça, os olhinhos e anda obcecada com barrigas.

Continua comendo bem mas já vai deitando fora o que não lhe apetece (maioritariamente, sopa) e, se pudesse, comia fruta o dia inteiro.

Gatinha a uma velocidade furiosa, caminha agarrada às paredes e corre às gargalhadas para os nossos braços, nos seus três ou quatro passos trapalhões.

Tem cada vez mais energia e personalidade, eufemismo para dar cada vez mais trabalho, sinónimo de dar cada vez mais orgulho e vontade de viver.

Standard
Paternidade

Um Ano

carolina um

É difícil falar no primeiro ano de vida da minha filha sem cair em lugares comuns. Normalmente não tenho dificuldades em escrever ou me expressar sobre aquilo que quero. Para meu espanto, nunca me custou tanto escrever algo quanto este texto.

É isso que ela faz, constantemente, desde que chegou a este mundo há um ano atrás: me desarma, me desconstrói, me faz ver o quanto sou frágil, mesmo me sentindo imensamente mais capaz e forte.

Ser pai é assim, um jogo sem regras nem instruções, em que vamos tacteando às cegas e vendo no que vai dar. É uma porrada bem forte que levamos e que nos diz: não, tu não sabias nada de nada, nem sobre a vida nem sobre ti próprio. Agora levanta-te, que há alguém que precisa de ti.

É um tremendo acto de coragem, mas também de derradeiro egoísmo. É garantirmos que o que quer que suceda e onde quer que estejamos, nunca mais estaremos sozinhos. É querer que ela cresça rápido, é querer que ela não cresça nunca. É perder a identidade, a liberdade, e mesmo assim perceber que nunca gozamos tanto a vida.

Ser pai é progredir regredindo, é virar sábio voltando a ser criança. Encontrar a alegria nas mais pequenas coisas. Perder a noção e o medo do ridículo. Dançar freneticamente ao som do silêncio, meter ganchinhos no cabelo sendo careca. Vale tudo.

Há trezentos e sessenta e cinco dias que a nossa filha nos fez embarcar na maior viagem das nossas vidas. E não há nada que importe mais neste momento.

Com licença, que vamos festejar.

Standard
Paternidade

11 Meses

O pai tarda mas não falha!

Do alto dos seus onze meses, pretere ultimamente os brinquedos a favor de papéis, de garrafas, de cebolas e batatas!

Manifesta de diferentes formas alegria, satisfação, desgosto e indignação, todas elas impressionantes.

Chama cada vez mais a mamamamã, volta e meia diz “bebé”, ri-se muito a dizer “olá” a quem passa.

Fica fascinada com a transformação que o pai sofre a ver o Sporting.

Continua a adorar comer (tudo o que vê!), mas agora descobriu que também tem piada partilhar.

Leva-nos a aguentar maratonas intermináveis de Galinha Pintadinha e do Galo Carijó

Dança e dança e dança, e o pai adora dançar com e para ela.

Dá vez mais trabalho ser pai. Dá cada vez mais prazer ser pai.

Standard
Paternidade, Uncategorized

10 Meses

A Carolina by Sérgio Godinho on Grooveshark
Dez. Os meses vão se sucedendo a um ritmo impressionante, só suplantado agora pelo próprio ritmo dela, em tudo que faz, desde que acorda até que (a custo) adormece.

O gatinhar dela passou de tímido a frenético. Quer estar em todo o lado da casa ao mesmo tempo, ver tudo, explorar cada recanto, cada buraco, com especial queda para os que não deve. Pretere os brinquedos em favor de tudo o que não seja brinquedo e a que consiga deitar a mão. Adora folhear livros, o que espero que se mantenha.

Os único elementos que não acompanham a velocidade dela são os dentes, que teimam em ficar ali chateando sem rebentar. De qualquer forma, não podemos comer nada sem que ela prove, e não consegue provar nada sem gostar.

Já compensava sobremaneira o trabalho que dá, mas arranjou este mês uma arma ainda mais poderosa: o beijo. Nunca pensei que fosse possível ficar tão emocionado com algo tão simples e tão cheio de baba. É algo com poder para fazer desabar os glaciares do Alaska.

Já tem discernimento suficiente para reclamar e não me beijar se estou de barba, me levando a fazê-la com mais frequência. Já sabe portanto manipular o papai. Começa cedo a ser mulher.

Standard
Paternidade

9 meses

O plano era comemorar os nove meses de vida aproveitando o Bank Holiday e dando a conhecer à Carol mais um país,no caso o que se encontra na ilha aqui ao lado. Não teve como.

Infelizmente com o passar dos meses vem também a perda das defesas da mãe, as mudanças das estações e as doenças chatas. A Carolina chegou de Portugal a semana passada chocando uma constipação, que se materializou em tosse, febre, vómitos e três idas ao médico neste fim de semana prolongado.

O primeiro médico nos assustou, diagnosticando Croup, uma infeção muito comum por estas bandas, mas da qual nunca tínhamos ouvido falar, e a reação ao desconhecido nestes casos é sempre complicada…

O segundo só faltou chamar o primeiro de maluco, pois Croup era muito pior do que ela aparentava ter, mandando só hidratar e levar ao hospital se os vómitos persistissem. Só concordaram em dizer que ela tinha (e tem) mesmo a garganta vermelha e inflamada.

Na manhã seguinte e visto que ela continuava sem manter nada no estômago, fomos ao hospital, onde lá conseguimos que ela ingerisse alguns líquidos e confirmaram que apesar dos sustos ela está dando conta do recado. O que vale é que ela é verdadeiramente um anjo, e que mesmo em baixo de forma consegue levantar a nossa moral. Não houve nenhuma das enfermeiras que estava de plantão que não tivesse vindo confirmar e conhecer a menina que estava por lá “throwing smiles“.

Fora estes percalços, está espertíssima. Teve uma evolução tremenda neste último mês, está muito ativa e cheia de truques na manga. Bate e pede com frequência para batermos palmas, “atende” o telefone, balbucia muito mais sons que o mês passado, e quando quer alguma coisa já consegue gatinhar os seus 8.4kg e e 72.5 cm até lá.

Agora é que vai começar a complicar!

Standard