Leituras

A Estrada – Cormac McCarthy

The-road

Cormac McCarthy tem um nome tão irlandês quanto possível (é até nome de rei das antigas), mas é um puro texano e, julgando logo de caras por este livro, um dos maiores romancistas americanos.

Só tinha tomado contacto com a obra dele através do filme No Country For Old Men. Um filme bruto, mas a sua literatura consegue ser mais violenta ainda.

A Estrada segue o percurso de um pai e um filho em luta pela sobrevivência numa América (?) destruída por algum evento apocalíptico, que nunca chegamos a saber qual é.

Tudo em redor está destruído e destituído de vida e de cor, a brutalidade dos poucos homens que restam no mundo leva-os a matarem-se uns aos outros e até ao canibalismo, não há animais que tenham sobrevivido para alimentá-los, a natureza em volta está reduzida a cinzas…

O livro é praticamente todo feito de angústia e tensão, mas nos breves momentos em que os protagonistas lá vão encontrando uma casa abandonada para se abrigarem ou velhos e bolorentos frascos de conserva para mitigarem a fome, vamos vibrando e torcendo para que eles prossigam e nos presenteiem com mais um ou dois dias de felicidade em meio às trevas.

Tudo isto é contado praticamente num fôlego só, sem capítulos, e com os diálogos (brilhantes) entre pai e filho entranhados no meio do texto, sobressaindo o detalhe com que vai sendo descrita a habilidade do pai para utilizar tudo o que encontra a seu favor (à la Bear Grylls), mas principalmente a forma como vai tentando responder às dúvidas existenciais da criança, que sonha com um mundo que nunca conheceu.

Assombroso, engenhoso e muito, muito marcante.

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