É difícil falar no primeiro ano de vida da minha filha sem cair em lugares comuns. Normalmente não tenho dificuldades em escrever ou me expressar sobre aquilo que quero. Para meu espanto, nunca me custou tanto escrever algo quanto este texto.
É isso que ela faz, constantemente, desde que chegou a este mundo há um ano atrás: me desarma, me desconstrói, me faz ver o quanto sou frágil, mesmo me sentindo imensamente mais capaz e forte.
Ser pai é assim, um jogo sem regras nem instruções, em que vamos tacteando às cegas e vendo no que vai dar. É uma porrada bem forte que levamos e que nos diz: não, tu não sabias nada de nada, nem sobre a vida nem sobre ti próprio. Agora levanta-te, que há alguém que precisa de ti.
É um tremendo acto de coragem, mas também de derradeiro egoísmo. É garantirmos que o que quer que suceda e onde quer que estejamos, nunca mais estaremos sozinhos. É querer que ela cresça rápido, é querer que ela não cresça nunca. É perder a identidade, a liberdade, e mesmo assim perceber que nunca gozamos tanto a vida.
Ser pai é progredir regredindo, é virar sábio voltando a ser criança. Encontrar a alegria nas mais pequenas coisas. Perder a noção e o medo do ridículo. Dançar freneticamente ao som do silêncio, meter ganchinhos no cabelo sendo careca. Vale tudo.
Há trezentos e sessenta e cinco dias que a nossa filha nos fez embarcar na maior viagem das nossas vidas. E não há nada que importe mais neste momento.
Com licença, que vamos festejar.
PARABEEEEEENS
Pingback: 2014 | Y.