Arrebenta a bolha do hiato. Uma pedrinha no charco para matar o tédio.
A primeira vez que ouvi falar que iam produzir este filme torci o nariz, mas quando soube que era o David Fincher a realizar, não pude deixar de ter curiosidade. É sabido o que o homem consegue fazer com uma boa história nas mãos, e ainda mais ajudou saber que, segundo consta, ele não deixou os visados meterem o bedelho no desenvolvimento. De qualquer das formas, e à imagem dos seus últimos, nem sequer belisca os calcanhares de Se7en ou Fight Club, podem continuar esperando deitados.
Sendo uma história simples e tendo um guião muito fácil de comer (e ao mesmo tempo muito bem escrito, sem espinhas), não deixa de ter um estilo que nos consegue prender ao ecrã do início ao fim, sempre de forma fluida e não se deixando empatar em meio a tantas frustrações de parte a parte. Se não me engano, andaram a cortar ou a filmar aquilo de modo a levar classificação PG-13; as cenas das festas na faculdade e afins teriam tido muito a ganhar com um R’zito. Ou seja, poderia ser ainda mais deprimente, mas isto sou eu.
Acho que todo o cast se porta muito bem e salta à vista a performance dos dois protagonistas, que nunca deixam de mostrar que apesar da ascensão meteórica e do poder que tem nas mãos não deixam de ser uns putos acagaçados, mas faço uma nota para o cabrãozinho do Timberlake, que cumpre muito, muito bem o papel do cabrãozinho do Sean Parker; se não me engano, é o terceiro filme com ele que vejo (Alpha Dog e o outro não me recordo) e cumpriu sempre. Se houver qualquer estigma à volta do gajo, não tem razão de ser. Neste é particularmente interessante ver um playboyzito paranóico e descontrolado a envolver o Zuckerberg numa teia daquelas. Ah, e todas as cenas dos gémeos também estão priceless! Eles são interpretados por um só gajo, mas com uma distinção de personagens bem visível; os melhores efeitos especiais são estes, os que não se notam!
Em suma, entretém quanto baste e vale bem as duas horas, mas não é essa masterpiece que andam por aí a dizer, a entrar em comparações com o Citizen Kane e o diabo a sete (percebe-se a analogia, mas foda-se…). Nem sei bem explicar o que falta, mas um desfecho menos “fica pra pensar” ajudaria a atenuar o gosto a pouco, bem como uma visão mais incisiva e menos “tenham pena” do criador da coisa e das entranhas da sua mente.
Os rumores que há-de limpar óscares passam-me ao lado, porque já caguei para os óscares há algum tempo, mas gosto desta onda dos blockbusters com qualidade estarem a voltar. Fincher, os últimos do Nolan… a venderem-se, que o façam com classe e vistam-se a preceito.