Quem como eu visita frequentemente o Pirate Bay, pode ter sentido alguma estranheza ao ver a foto do Paulo Coelho escarrapachada na homepage, de há uns dias para cá.
Paulo Coelho dispensa apresentações; escritor mais lido do mundo, mais traduzido, 100 milhões de livros vendidos, milionário, e por aí vai.
Não sou grande fã da sua obra, mas esta biografia despertou a minha curiosidade, não sei bem porquê. Surpreendeu-me imenso; é uma história do ca*****, mesmo. Não contava que uma obra biográfica me absorvesse tanto, me levasse a devorar um denso calhamaço de 600 páginas em menos de 6 dias (noites). A sensação com que fico no fim é que levei uma surra com esse calhamaço!
Não vale a pena eu perder tempo a resumir a história com uma tagline destas:
“A incrível história de Paulo Coelho, o menino que nasceu morto, seduziu o anjo da morte, sofreu em manicómios, mergulhou nas drogas, experimentou diversas formas de sexo, encontrou-se com o diabo, foi preso pela ditadura, ajudou a revolucionar o rock brasileiro, redescobriu a fé e transformou-se num dos escritores mais lidos do mundo.“
O pior é que é tudo verdade! Por mais que se duvide do misticismo e esoterismo das histórias de Paulo Coelho, a informação que é aqui apresentada é dissecada, contextualizada e narrada por Fernando Morais, um dos jornalistas brasileiros mais respeitados, que consegue até a proeza de narrar os encontros espirituais do escritor de uma forma objectiva (!).
Paulo Coelho deu total acesso aos seus diários íntimos, e permitiu que o jornalista o acompanhasse durante 4 anos. No final, demorou bastante a dar o aval à publicação. Motivo: “o meu passado me dá medo”.
São revelados muitos, muitos podres, e chegamos a sentir repulsa do homem, da sua obsessão, da sua mesquinharia, e da sua insanidade, que tanta coisa escabrosa o levou a fazer. E é isso que impressiona: é esse peso todo que carrega que atrai esse fascínio que o mundo tem por ele.
* Agora que me lembro, essa curiosidade foi aguçada por saber um pouco mais da história de Raul Seixas, a quem o meu irmão deve o nome. É alguém que não diz muito aos portugueses em geral, mas talvez esta musiquinha (vídeo sofrível) diga qualquer coisa (Cidade de Deus, anyone?)