Se há dias disse que o melhor jogador de futebol do mundo era Português, tenho que dar a mão à palmatória em relação ao atual papado: o melhor papa do mundo é Argentino. Quem diria?
Nunca nutri qualquer tipo de simpatia pela Igreja Católica. Pelo contrário. Acho-a uma instituição retrógrada, opressora, corrupta e que no somatório da história, causou muito (mas muito) mais dano à humanidade do que bem. Não casei pela igreja nem vou batizar a minha filha sem que isso seja sua vontade expressa.
Fiquei no entanto impressionado, comovido até, com o que li por alto do último documento publicado pelo Vaticano, a Exortação Evangélica, que reflete sobre as reformas planeadas para a igreja.
Gostei nomeadamente de:
Alguns simplesmente deleitam-se em culpar os pobres e os países pobres de seus próprios males, com generalizações indevidas, e têm como objetivo encontrar a solução em uma ‘educação’ que os tranquilize e os converta em criaturas domesticadas e inofensivas. Isso se torna ainda mais irritante se os excluídos veem crescer esse câncer social que é a corrupção em muitos países, governos, empresas e instituições, seja qual for a ideologia política dos governantes.
Assim como o mandamento de ‘não matar’ coloca um limite claro para garantir o valor da vida humana, hoje temos de dizer ‘não a uma economia de exclusão e desigualdade’. Essa economia mata. (…) Hoje, tudo está dentro do jogo e da competitividade, onde o forte come o fraco. Como resultado, grandes massas da população são excluídas e marginalizadas: sem emprego, sem horizontes”. (…)
“Os excluídos não são explorados, mas resíduos, excedentes”
Um homem nessa posição assumindo de forma tão frontal e vincada esse tipo de pensamento? Um líder de um rebanho incitando os carneiros a, por uma vez, pensarem?
Ainda são palavras, apenas, mas não são palavras pequenas.