Sempre tive muita curiosidade de assistir a uma ópera, e ontem proporcionou-se a oportunidade de fazê-lo, no auditório da Gulbenkian.
A ocasião foi ainda mais especial por ser uma ópera comunitária (junta coros profissionais e amadores de vários pontos do país) e por ter uma tia e um colega como parte do elenco.
Monstro no Labirinto é baseada no mito grego do Minotauro, um monstro meio touro meio homem que habitava um labirinto mandado erguer por Minos de Creta. Em vingança pela morte do seu filho às mãos dos atenienses, Minos declara guerra a Atenas e, após conseguir subjugar a ilha, ordena que de nove em nove anos seja enviado um barco de jovens para banquete do bicho. Isto até que Teseu, um herói ateniense, decide embarcar com eles tendo em vista matar o monstro.
Esta adaptação tem como pano de fundo a problemática actual dos refugiados, e vai conjugando e misturando a história com imagens desse flagelo. Surpreendeu-me imenso a afinação e a organização daquela quantidade enorme de gente (centenas, incluindo crianças), mas principalmente o impacto emocional que consegue transmitir em tão curto intervalo de tempo, entrando logo a matar e culminando com uma envolvente espectacular dos jovens a cantar à volta do público.
Penso que não seja hábito acontecerem este tipo de iniciativas em Portugal, mas assim que suceda, aconselho vivamente.