Andanças

Malta – Agora Nós

Na senda do post anterior, acrescento que a viagem foi a propósito de pela primeira vez em muitos anos me ter apetecido comemorar o meu aniversário de forma especial, por ser o primeiro passado ao lado da minha filha. Malta esteve à altura do acontecimento, e passei três dias espetaculares ao lado das minhas maravilhosas mulheres.

A nossa base foi a capital Valletta. À imagem do país, a menor capital da União Europeia é cheia de charme, preserva maioritariamente a arquitetura do século 16, tem uma vista marítima incrível e foi uma das primeira cidades a ser incluídas pela UNESCO na lista de património mundial.

É percorrida a pé com muita facilidade, ainda que a coisa se complique para quem passeie com carrinhos de bebé, porque o piso é bastante irregular e, um pouco como Lisboa, está cheia de subidas e descidas. Nada que o espírito certo não dê conta.

Sliema

A partir dela podemos apanhar ferries para Sliema, que na minha opinião só vale a pena para ir ao supermercado, porque de resto é uma área mais moderna e sem interesse (zara’s e bershkas não são do meu interesse sem ser em viagem, muito menos em), ou para Cottonera, um conjunto de três cidades que já constituem um passeio mais interessante (o ferry vai para Birgu ou Bormla, e apanha-se descendo o elevador no Lower Barrakka Gardens). Foi mais um meio de transporte de estreia para a Carolina, que não estranhou.

Marsaxlokk

No último dia fomos ainda de autocarro até Marsaxlokk, uma simpática vila piscatória cheia de restaurantes e que tem uma imensa feira de peixe e “variedades” no Domingo de manhã. Tem também a curiosidade de ter sido na sua costa que o Gorbachev e o Bush Pai se encontraram para declarar o fim da Guerra Fria (olhando para o lugar, ninguém diria).

Posso recomendar o apartamento que alugamos no AirBnB, que descobrimos na chegada que é de uma compatriota Brasileira e do seu marido Maltês, e é extremamente bem localizado, restaurado e equipado. A nível culinário recomendo o restaurante La Mere, que dá show tanto em quantidade e qualidade, e é mais ou menos para todos os gostos. Com qualquer barraca na rua também ficam bem servidos de pastizzi e outros petiscos que tais, com quanto mais queijo ricota melhor!

O ambiente e o clima na cidade e na ilha nos fazem esquecer que estamos na Europa, sensação só quebrada pelo uso da dita moeda única.

Vamos com certeza regressar no futuro. Muito ficou por ver, e vendo o azul turquesa da ilha de Comino lá de cima do avião, deu vontade de abrir a saída de emergência e saltar logo…

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Malta – Um Pouco de História

Salutting Battery Malta

Malta é o menor país da União Europeia mas, provando mais uma vez que tamanho não é documento, é sem dúvida um belíssimo país.

Um arquipélago perdido a meio caminho entre a Itália, a Tunísia e a Líbia, é todo ele feito de misturas. A língua maltesa soa a árabe polvilhado com algumas palavras de italiano, o inglês é a segunda língua oficial e perdura o péssimo hábito de conduzir do lado errado, herdado dos seus tempos de colónia britânica. A culinária é tanto árabe quanto mediterrânica (mais para o italiana), o que para o meu palato é um verdadeiro deleite.

A sua história é riquíssima. São mais de 5000 anos, que com apenas um fim de semana e alguma leitura de placas e panfletos só consigo resumir de forma muito ordinária e provavelmente com imprecisões, mas vamos lá:

Um pouco de história

Portanto, julga-se que os primeiros a meterem lá os pés eram originários de tribos da Sicília, e há vestígios de construções megalíticas bastante complexas datadas de 5200 antes de Cristo, como o Hypogeum, por exemplo. Depois desses darem o berro, e pela localização típica de refúgio estratégico entre a Europa e a África, a piratagem toda passou por lá: fenícios, cartagineses, romanos, gregos/bizantinos… era só vê-los rodar.

Aí vieram os Árabes, que de quebra com a conquista da Sicília pegaram também Malta no embalo e por lá ficaram cerca de 200 anos, até que chegaram os Normandos e disseram: passa a Sicília e a Malta para cá que vamos formar o Reino da Sicília com essa merda! Devido a uma série de arranjinhos entre as coroas, os Malteses ainda estiveram sob reinado dos germânicos, depois sob os franceses de novo (tudo com o dedinho do Papa), e a seguir ainda sob jurisdição da coroa de Aragão!

À volta de 1500 vem um acontecimento que marcou bastante a história das ilhas. Vou usar aqui o nome original porque a tradução é extensa e soa mal. Os cavaleiros conhecidos como Knights of Saint John, que tinham combatido pela Igreja nas cruzadas, foram “despejados” da ilha de Rodes, ao que (mais uma vez o todo-poderoso) papa disse: vá, tomem lá a ilha de Malta para vocês tomarem conta e sintam-se em casa. Bom, na verdade não foi bem dada, foi pela quantia simbólica de… um falcão Maltês (ou dois, consoante a fonte)!

Eles dedicaram-se com afinco à causa, fortificaram e edificaram grande parte da arquitetura que ainda vemos hoje na ilha, (a capital chama-se Valletta precisamente em homenagem a Jean de Vallette, Grão Mestre da Ordem), livraram a população dos bárbaros, deram porrada nos turcos Otomanos (que era também uma das intenções do nada inocente Santo Pontífice) e prosperaram até gastarem o dinheiro todo com álcool e putaria, que foi quando Napoleão viu a oportunidade de tomar aquilo para os Franceses, o povo de quem os Malteses menos gostaram e que expulsou de forma mais ou menos rápida, com a mão “amiga” dos Ingleses que, obviamente, os tomaram como colónia do Império.

O estatuto de colónia sairia-lhes caro mais tarde. Estando onde estavam e apoiando quem apoiavam, foram quase destruídos na Segunda Guerra Mundial. Uma das primeiras ordens do Mussolini quando entrou na guerra foi: bombardeiem Malta sem poupar munições….

No entanto, aguentaram-se, e obtiveram finalmente a independência em 1964, e declararam-se uma república em 1974, mais precisamente a 13 de Dezembro, o mesmo dia em que lá chegamos em 2013. Sobre o reinado de 3 dias dos Oliveira Cardoso falo em outro post, que este já vai muito longo.

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