Teatradas

Rosmersholm

Nesta peça é a primeira vez que o Gonçalo Waddington além de protagonizar, encena. É também a primeira vez que assistimos a uma peça com ele e não gostamos.

Rosmersholm é considerada uma das obras-primas de Henrik Ibsen, sendo o nome da peça tirado ao local onde ela se desenrola, uma mansão onde habita Rosmer, o antigo pastor da localidade, e Rebecca, que o ajudou a cuidar da casa e da sua mulher antes do seu suicídio. Tudo gira à volta da forma como ambos estão aprisionados ao desejo não consumado (nem referido) que sentem um pelo outro, e ao medo da loucura e da perda da fé.

A história é bastante interessante, mas o texto é maçudo e enfadonho. Não sei se é fiel ou não ao original, mas achei demasiado difícil de mastigar.

Apesar de protagonizada por bons actores, não me transmitiu grande chama (sem contar que todos eles falharam com frequência nas falas), cabendo o melhor e desempenho ao Tiago Rodrigues, que só esteve duas vezes em palco durante uns poucos minutos, mas foi o único que conseguiu despertar o público.

Para piorar, o Teatro Maria Matos está com umas cadeiras (não percebi o motivo nem se são temporárias) indignas de um estádio da terceira divisão, que me deram vontade de ir embora após 15 minutos lá sentado.

 

 

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O que se leva desta vida

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Esta peça compensa plenamente o dinheiro do bilhete e uma tremenda molha na baixa. É a primeira peça portuguesa em que saio do teatro satisfeito.

É impressionante como uma ideia tão simples consegue ser tão bem desenvolvida. Dois chefs numa cozinha, o frenesim da busca do prato perfeito e uma divergência entre o tradicionalismo da natureza e da arte e a mecânica da ciência e da tecnologia (tanto poderia ser culinária quanto outra coisa qualquer). Uma hora e tal de magia, tanto na escrita quanto na interpretação.

Que o Gonçalo Waddington era um actor do caraças já eu sabia, do Tiago Rodrigues sequer tinha ouvido falar. Dois monstros. Há lá 10/15 minutos de discussão (e de humor) entre os dois de uma entrega tal que até arrepia, do melhor que já vi.

Acho graça a certas pessoas saírem do teatro ofendidas quando se intensificam os caralhos e os foda-se. Quando bem empregue, o vernáculo é sempre digno e justificado.

Até dia 22 no São Luiz, e tá barato. Conselho de amigo.

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