“Tudo o que é pequenino tem graça”. Era o que dizia sempre que via os bisnetos, fossem os de sangue ou os de coração. Não era só na frase que não fazia distinção.
Dizia-o muitas vezes de sorriso na cara e lágrima de emoção no olho, lágrima fácil, facílima, a herança mais evidente que deixou à neta-filha que amo.
Era apenas um dos inúmeros bordões que usava, uma frase feita para disparar qualquer que fosse a ocasião, sem qualquer filtro. Por mais anos que passassem, nunca deixaria de surpreender com uma nova.
Feitio duro, coração de manteiga, sábio, verdadeiramente sábio, dos que sabia insultar sem ofender. Acolheu-me na família desde o primeiro instante, desde que riu à gargalhada com o meu sotaque ao referir o seu “belenenses”.
Não gosto de elogios fúnebres, mas lembrar a sua grandeza traz-me o conforto possível. Ele queria viver, e fê-lo até onde o permitiram. Em sua memória, simplesmente respeitem esse bicho, de vez.
Até sempre, velho Isaac.