Mês: Abril 2015

  • Recado para Alguém no Futuro #13

    35 semanas, filho.

    Por esta altura, ao acordar, todos os dias a tua irmã pergunta com o ar mais sério do mundo: “o mano vai nascer?”. Não sei se ela manterá esse entusiasmo todo quando estiveres aqui fora, mas vamos ver. Já existe pelo menos um brinquedo com o qual vai haver divertimento em conjunto: o “skate” que compramos para ela ir atrás de ti no carrinho é qualquer coisa.

    O mano vai nascer em breve, mas quase de certeza que não exatamente da mesma forma que ela. Continuas sentado, filho, e é cada vez mais improvável que isso se altere. O espaço é curto e tu só segues crescendo e engordando, como tem de ser.

    A tua mãe carrega aproximadamente 2.7kg de Francisco, por agora. Seguindo as pisadas dos cabeçudos do papai e da mana, a tua cabeça está, digamos assim, acima da média. Só pode ser bom sinal.

    As malas estão feitas e como todo o recado destes pode muito bem ser o derradeiro, um até já e muito boa viagem. Te amo, pai.

  • Aldo vs McGregor

    Nunca fui grande fã de lutas e de artes marciais, mas tenho acompanhado com especial interesse a antevisão do duelo que vai opor o brasileiro José Aldo ao irlandês Connor McGregor, valendo o cinturão de campeão peso-pena do UFC, no próximo dia 11 de Julho.

    A organização do evento tem mérito na forma como tem publicitado a coisa, mas grande parte desse mérito cabe mesmo ao próprio estilo canastrão do irlandês, que por si só já é um espectáculo à parte e torna a cobertura do evento algo interessante de se ver.

    Os lutadores fizeram um tour mundial para falar sobre o evento, que começou no Rio de Janeiro, terra de Aldo:

    E culminou na hometown Dublin do McGregor, com um multidão alcoolizada em delírio para torcer por ele e azucrinar o juízo do carioca:

    Ao José Aldo os meus parabéns pela paciência que tem tido, e boa sorte para Julho, mais ou menos nos mesmos moldes que o Thiago Silva desejou:

  • Big Eyes

    Um filme diferente de Tim Burton, por diversos motivos. Não há repetição dos seus actores e actrizes fetiche, não há um ambiente gótico e de cores sombrias, e até é um argumento baseado numa história real.

    Não é, contudo, uma história real qualquer; é uma história boa demais para não ser contada por alguém como Burton.

    Durante os anos 50 e 60, uma série de quadros invulgares de crianças com olhos gigantes fez um sucesso estrondoso. Os quadros eram assinados por Walter Keane, mas na realidade quem os pintava era a sua mulher Margaret, prisioneira da voracidade comercial do seu marido e refém da sua própria arte durante muito tempo.

    O que acabei de dizer acima parece um grande spoiler, mas está presente no próprio trailer e não diminui em nada a experiência do filme, cujo grande mérito é mostrar toda esta realidade quase como se de um conto se tratasse, indo do sonho cor-de-rosa com que Walter envolve Margaret de início, à beira da loucura em que ambos mergulham à medida que a mentira se adensa.

    Longe de ser brilhante, é impecável e eu gostei bastante. Até da musiquinha da chata da Lana del Rey eu gostei.

    Bateu uma vontade imensa de ver um filme dele sobre os quadros do Menino da Lágrima!

     

  • Recado para Alguém no Futuro #12

    32 semanas e alguns sobressaltos, filho. Vem com calma.

    Se o teu primeiro e segundo trimestres foram bastante mais calmos que os da tua irmã, o último já deu sustos que cheguem para um empate técnico no grau de dificuldade destas gravidezes.

    A doutora não gostou muito da última ecografia. Tu estavas (e estás) muito bem para a tua época e no bom caminho para te revelares mais um ser maravilhoso, mas o colo do útero da tua mãe estava muito diminuído, o que a obrigou a repouso absoluto, com risco de ter que ser internada.

    Por esta altura já deves conhecer a tua mãe um bocado, saber que ela odeia estar parada e ter estranhado a acalmia, mas foi por uma boa causa. A “coisa” evoluiu bem e, apesar de continuar sobre vigilância, estamos outra vez na pista certa. Não coloco aqui a “foto” dessa ecografia porque, sinceramente, não se percebe nada de ti nesta altura!

    Esses teus aposentos devem ser mesmo confortáveis, porque continuas exactamente na mesma posição que da última vez: sentado e refastelado.

    O teu quarto aqui fora também já está pronto mas, mais uma vez… vem com calma!